Capítulo Único

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Esta fanfic pertence ao projeto Blackinnon Day (DBlackinnon no Twitter).


— Eu preciso que você seja a minha ex-mulher.

Trabalhar com Sirius Black era sempre garantia de situações inusitadas.

Se alguém perguntasse a Marlene como tinha chegado naquela situação, trabalhando como secretária no escritório de advocacia daquele pedaço de mau caminho, ela não saberia responder.

O motivo que a mantinha com o emprego certamente não era a vista — apesar de ajudar —, ela tinha dois filhos para criar.

Não era como tinha imaginado a sua vida quando estava no ensino médio.

— Bom dia, Sirius! Como você está? — ela perguntou, debochada, os olhos focados na prancheta em seu antebraço — Eu estou bem, obrigada por perguntar.

— Marlene... — ele disse entredentes.

— Sua cliente está te esperando. Você está atrasado.

Ela indicou a porta de correr de madeira com a cabeça, enquanto ajeitava a gravata torta, e claramente posta às pressas, do homem. Três botões estavam fora de suas casas, e era possível sentir uma fragrância feminina, o que só podia significar que ele tinha passado a noite com uma mulher e perdido o horário, o que não era exatamente uma novidade.

— Precisamos conversar — Sirius disse, praticamente só movendo os lábios.

E que lábios.

— Depois — ela retrucou firme, e então empurrou a porta, pondo o sorriso mais falso no seu rosto — Bom dia, senhorita Umbridge. Quem nós vamos processar hoje?

A cliente mais insuportável que eles tinham, e eles tinham vários desses. Se Marlene escorregasse nas palavras e a chamasse de "senhora" — porque francamente ela tinha a idade para ser chamada assim, e não fazia sentido definir se uma mulher era "senhorita" por ser casada ou não —, a mulher surtava. Aparecia pelo menos uma vez por semana querendo processar alguém, mesmo que fosse um processo completamente sem cabimento, e parecia pensar que Sirius era advogado criminal, civil e familiar, tudo em um só ser humano. Apesar disso tudo, era a única senhora que não parecia querer empurrá-lo para suas sobrinhas mais jovens — algumas jovens até demais.

Carinhosamente, a secretária a apelidou de Karen.

Até nas anotações que fazia das reuniões, ela rabiscava "Karen". Ela nem sequer sabia qual era o primeiro nome da mulher, o que devia ser uma vergonha para uma profissional séria — o que ela não era.

Com certeza já teria sido demitida se não fosse Sirius o seu chefe.

Inventou uma desculpa para deixar os dois a sós, enrolando ao máximo para pegar os copos de café e a xícara de chá açucarado da pantera cor-de-rosa, e acabou se distraindo durante a reunião, mais admirando os desenhos que Ian fez no seu bloco de notas do que realmente prestando atenção no que estavam falando. Ela não tinha ensinado a ele que não podia mexer nas suas coisas e sair desenhando em cima de tudo?

— Certo, então a minha secretária entrará em contato — Sirius frisou a palavra, fazendo-a despertar.

Empurrou a cadeira para trás, ficando de pé assim como os outros dois e, com mais um sorriso treinado, acompanhou a senhora para fora da sala de reuniões.

— Eu preciso que você seja a minha ex-mulher — o advogado disse, no mesmo segundo em que a porta se fechou e ficaram sozinhos.

— Eu pensei que o efeito da ressaca tinha passado com o café, mas pelo visto, o porre foi forte demais — Marlene resmungou para si mesma — Sirius, para alguém ser "ex-mulher", precisa primeiro ter sido "esposa". Casamento, aliança, certidão assinada. Eu não tenho como ser sua ex-mulher se nunca fomos casados.

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