CAPÍTULO 3

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No dia seguinte, Mônica finalmente conseguiu acordar a tempo, uma conquista que só foi possível graças à visita de Ross e Sabrina, que a acordaram com um toque de familiaridade e carinho. A verdade é que Mônica não tinha muitos amigos. Seu círculo social se resumia a colegas e a esses dois amigos verdadeiros, Ross e Sabrina. Depois de um café da manhã reforçado, onde as risadas e conversas fluíam naturalmente, eles seguiram para a lanchonete. Ao chegarem, perceberam que o local estava surpreendentemente vazio, a calmaria da manhã contrastando com o habitual movimento. Para fazer o tempo passar mais rápido, Mônica, Ross e Sabrina decidiram se entreter jogando um jogo. As regras eram simples, mas as risadas eram garantidas. 

— Ok, pergunta número vinte e três, vamos lá — disse Ross, olhando para os amigos enquanto folheava a revista. — Vocês estão em um encontro tedioso, tipo, o pior homem que vocês já saíram na vida de vocês. A questão é: vocês dispensam a pessoa ou tentam dar mais uma chance a ela? E para piorar, ele ainda quer dividir a conta. Meu Deus, que homem babaca!

— Eu com certeza dispensaria ele, e educadamente, porque eu sou dessas pessoas — afirmou Sabrina, com um sorriso desafiador nos lábios. — E nunca mais olharia para ele. Tipo, eu não sou obrigada a ficar com uma pessoa chata. E outra coisa, se ele me chamou para sair, ele que pague tudo. Eu não vou dividir nada! Quem me chamou foi ele.

— Por que você não daria mais uma chance para ele? — Mônica perguntou, inclinando-se um pouco para frente, com curiosidade. — Tipo, talvez ele não seja tão chato como aparenta. Pode ser que ele esteja nervoso por estar em um primeiro encontro. Ou talvez, quem sabe, esse seja o primeiro encontro da vida dele. Você vai traumatizar o pobre coitado, mas nem tão coitado assim, já que quer dividir a conta.

— Mônica, se o encontro está tão tedioso, para que dar outra chance? — Sabrina questionou, gesticulando com entusiasmo. — Está tão óbvio que ele não é a pessoa certa, porque se ele fosse, o encontro não seria entedioso. Mas, se você não quiser ele, não precisa ser mal-educada. É só falar o que está sentindo e ir embora com educação. Meu Deus, eu brilhei! Eu devia seguir a carreira de psicologia.

— E Sabrina é a grande ganhadora do jogo! — anunciou Ross, levantando os braços em comemoração. — Parabéns, dona Sabrina! Além de ser a campeã desse jogo, a senhora compartilhou com a gente sua grande sabedoria e conselhos que, com certeza, nós nunca vamos usar.

O jogo estava divertido, e a conversa animada entre Mônica, Ross e Sabrina continuava fluindo, enquanto discutiam outras respostas da revista. A energia no ar era leve, até que a porta da lanchonete se abriu repentinamente. Quando se viraram, avistaram Lucas, que entrava no local jogando suas malas no chão de forma despreocupada. Ele olhou diretamente para Mônica, um sorriso no rosto que não prometia nada de bom. Ross imediatamente colocou as mãos na cabeça, como se tentasse bloquear a visão, e Sabrina revirou os olhos, claramente incomodada.

— Eu te disse que voltaria o mais rápido possível — Lucas começou, sua voz carregada de uma confiança que parecia forçada. Ele segurava a metade do colar que ainda pendia em seu pescoço, como se fosse um troféu. — A saudade que eu estava sentindo de você foi muito alta, então falei com meus pais que queria voltar. Mas e aí, deu tempo de sentir minha falta? Porque eu senti muito a sua.

— Meu Deus, Lucas, você não cansa de me surpreender? — Mônica exclamou, mudando repentinamente de tom, surpresa. — É claro que eu estava morrendo de saudades de você. Eu não sabia como ia aguentar ficar mais uns dias sem você. Graças a Deus, você voltou para mim.

— Eu não aguentava mais ficar longe de você, então voltei mais cedo — Lucas disse, com um sorriso no rosto. Ele a abraçou novamente, como se quisesse expressar sua satisfação. — Que saudades do seu cheiro. Que saudades de tocar nos seus cabelos.

Amor em dobroOnde histórias criam vida. Descubra agora