II. Capítulo um

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E aqui estamos nós de novo, a fatídica hora de ir para casa, o
momento em que minha realidade cai em peso sobre mim, só de
pensar no que enfrentarei em casa me embrulha o estômago.

- Lay! – escutei a voz da Luiza e logo senti um peso em minhas
costas – E aí? Tudo certo pra hoje à noite?

- Hm, não sei não... – respondi com indiferença.

- Não quero saber. – disse dando um pequeno tapa em meu
ombro – Estarei te esperando, até mais tarde!

- Até! – gritei de volta dando uma risada.

Tenho sorte de tê-la como amiga, ela sempre sabe como
melhorar meu humor, e consequentemente me arrancar dessa
realidade tão cruel.

Paro bruscamente em frente da minha casa,
dou um longo suspiro e adentro o local, para minha sorte meu
pai não estava em casa.

Desde que minha mãe se foi as coisas
pioraram em casa, eu e meu pai nuca fomos muito próximos e
depois do que aconteceu nós nos distanciamos ainda mais.
Ficamos tão distantes que hoje um mal aguenta olhar no rosto
um do outro.

Subi direto para o meu quarto e joguei minha mochila em algum
canto do cômodo. Fui deitar-me em minha cama, que inclusive
não é arrumada já faz um tempo, e peguei meu celular. Como de
costume fui direto responder algumas mensagens e depois
coloquei minha playlist para tocar.

Depois de um tempo acabei adormecendo e só acordei com uma
ligação da Luiza me avisando que já era pra me arrumar. Logo após desligar o celular me levantei para escolher uma roupa.

Acabei por escolher uma qualquer, como sempre, uma calça
jeans, uma blusa folgada, uma jaqueta, um gorro e meu querido
all star. Assim que terminei de me arrumar, peguei meu violão e
saí em direção à porta.

Eu amo esses encontrinhos que temos às vezes, sinto que não
seria nada sem meus amigos, na verdade eu os considero mais
como uma família, ninguém solta a mão de ninguém. Termino
meus devaneios assim que vejo a Max acenando pra mim,
retribuo o cumprimento com um sorriso tímido.

- No final das contas eu vim. – falo assim que chego mais perto.

- Finalmente! Achei que estava vindo de ré. – Andrezza diz pra
me provocar.

Mostro meu dedo do meio pra ela e todos explodem em uma
risada.

- Mas é sério, já estava ficando preocupada. O que aconteceu pra
você demorar tanto assim? – pergunta Luiza com um certo tom
de preocupação em sua voz.

- Ah, você sabe... – dei uma pequena pausa – Eu tenho meus
devaneios. – falei dando de ombros.

- Sei... – disse um tanto desconfiada - Mas enfim, você está aqui
agora e isso que importa!

Dei um pequeno sorriso em forma de resposta, a Luiza é tipo a
“mãe” do grupo, é fofo.

- Vamos parando de boilice aí?! – disse Andrezza batendo palmas – Trouxe o violão, gay?

Mostrei meu violão como resposta.

- Ótimo! Pode começar a tocar.

- Humpf, abusada. – falei com um sorriso no rosto e cometei a
tocar “Rosyln”

Assim que comecei a tocar a Najúlia aparece junto da Mayra, nos
cumprimentamos rapidamente e elas logo se acomodaram.

E assim se passou aquela noite, com algumas piadas, provocações,
música e uns lanches.

Essa é minha definição de lar.

Já era tarde da noite quando resolvemos voltar para nossas
casas. Como eu e a Najúlia moramos perto, ela foi comigo.

- E aí, como que ta a situação com a crush? – perguntei num tom
de brincadeira.

- Nossa você é um saco! – dei uma gargalhada – Mas enfim,
estamos indo bem, mas você sabe, eu e minhas paranóias. E as
coisas na sua casa? Como estão?

- A mesma merda de sempre.

Normalmente não falo com tanta natularidade sobre esse
assunto, mas com a Naju é diferente, ela meio que passa por
umas merdas em casa também, então sinto que ela me entende
mais do que qualquer um.

- Putz, quando esses velhos vão entender que não somos
culpadas de nada? – ela me olhou e nós duas explodimos numa
risada – Enfim, quer que eu te acompanhe até em casa?

- Não preciso de uma namorada de mentirinha! – falei rindo e ela riu também – Pode ficar tranquila, vou sozinha mesmo.

-Tá certo então, até mais!

Despedimo-nos e vi-a entrar na rua de sua casa.

Segui meu caminho.

A velha sensação de desconforto começa a aparecer no
momento que ponho meus pés naquela rua maldita. Assim que
viro a esquina vejo uma viatura na porta da minha casa. Já até
sabia do que se tratava.

- Boa noite seu policial, o mesmo de sempre? – pergunto já
sabendo a resposta.

- Sim, entregue são e salvo!

- Muito obrigada. – respondo sem muito entusiasmo – Tenha um
bom fim de turno!

- Obrigado, mocinha. – ele diz entrando na viatura e deixando a
rua.

Olho pro chão e dou um longo suspiro. Lá está ele. Meu pai se
encontra numa situação precária, o que a essa altura já é normal.
O bom é que ele está inconsciente, então não preciso lidar com
sua arrogância hoje. Agradeço internamente por isso e logo o
levo para seu quarto. Amanhã ele que se vire.

Depois de ser obrigada a fazer isso, vou para o meu quarto e
tomo um banho. Li algumas mensagens pela barra de
notificação, mas só irei responder amanhã, pois estou muito
cansada. Coloco meus fones de ouvido e deixo meu corpo
relaxar.

Amanhã é outro dia.

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⏰ Última atualização: Oct 06, 2021 ⏰

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