❝Capítulo I❞

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   A ansiedade é uma emoção caracterizada por um estado desagradável de agitação interior, muitas vezes acompanhada de comportamento nervoso, como o de se embalar de trás para a frente. O termo ansiedade é usado para se referir a um es­tado de tensão ou apreensão devido a uma expectativa. Esta manifestação é uma rea­ção natural do corpo

   Mas ❪ Nome ❫ desejava do fundo de seu coração que não fosse normal, apenas para que ela não fosse obrigada a sentir as mãos geladas e o estômago embrulhado antes de fazer coisas importantes. Apesar de disfarçar bem e conseguir se resolver sempre com perfeição, em momentos de pressão ela tendia a ser impulsiva e agir não tão racionalmente.

   Passou esse mesmo nervosismo com a prova de admissão na Universidade de Tokyo, na qual quase fechou. Passou por isso há alguns anos na celebração do ano novo quando comentou que direito poderia não ser sua área favorita. E agora está passando por isso novamente, depois de ter aceitado o convite de uma garota cerca de cinco anos mais nova para entrar em uma banda de ensino médio.

   — Senju, faça algo. Se essa garota passar mal antes de nos apresentarmos as duas saem da banda.— Kazutora disse, verificando pela quinta vez se estava tudo certo com o seu baixo.

   Kazutora era o segundo mais velho ali depois de ❪ Nome ❫, seu cabelo era naturalmente preto na adolescência ele descoloriu diversas mechas e agora ele tem seus resquícios nas pontas. Já tendo considerado fortemente descolorir as mechas da frente. Todas as vezes em que se encontravam ele vestia o uniforme clássico do colégio, para os shows conseguia colocar uma calça mais escura e abrir mais dois botões da camisa. 

   — Vai se ferrar, cabelo mal pintado.— Falar de seu cabelo era um tópico levemente sensível, mas não é como se alguém ali realmente ligasse.—  Me expulsa da banda para você ver, eu mando meu irmão e a gangue de delinquentes dele atrás de você.— a platinada ameaçou, deixando de lado as suas baquetas enquanto se sentava ao lado de ❪ Nome ❫. 

   — Manda, acabo com eles sem esforço.— o meio loiro zombou, por não acreditar nas palavras da amiga. 

   Ele pensava que se Senju realmente tivesse um irmão com uma gangue de delinquentes, a última coisa que ela faria seria dizer isso para todos que conhecia. Pelo menos essa seria a última coisa que uma pessoa com o mínimo de senso faria.

   — Não precisa expulsar e nem mandar irmão atrás de ninguém. Eu estou bem, só preciso esperar que o remédio faça efeito.— a ❪ c/c ❫ disse, passando as mãos pelo cabelo para tentar se acalmar um pouco mais. 

   Fazia um bom tempo desde que ela tomara algum calmante.

   — Ele consegue fazer efeito em dez minutos? Porque esse é o tempo que temos.— Senju lançou um olhar feio para Kazutora e agradeceu quando Draken e Baji voltaram com garrafas de água.

   — Qual foi o do olhar mortal?— o moreno perguntou enquanto sorria, deixando os seus charmosos caninos à mostra.— Ela está bem?— Baji perguntou ao ver o estado de ❪ Nome ❫ e a garota revirou os olhos. 

   Estar mal e Kazutora perceber era uma coisa, ele parecia ter facilidade para entender as pessoas e esse era o ponto crítico de sua chatice. Agora Baji perceber alguma coisa em alguém era novidade, ou eles teriam se aproximado de forma extremamente íntima ou ela realmente estava mal. 

   E ❪ Nome ❫ acreditava ser a segunda opção.

   Senju foi interrompida quando o dono da casa de shows foi chamá-los para que já se organizassem. 

   Cinco minutos para o primeiro show. 

   Não seria o primeiro da banda em si, mas seria a primeira vez com ❪ Nome ❫. E seria a primeira vez que ela iria sentir de verdade os efeitos das mudanças em sua vida pelas suas escolhas. Mas ok, era só um show. Eles tinham ensaiado, ela tinha praticado mais do que deveria e por isso hoje estava com olheiras nos olhos. Não poderia dar errado, certo?

   ❪ Nome ❫ se levantou do sofá determinada a fazer a sua melhor apresentação, Baji e Senju comemoraram o entusiasmo da mesma e a seguiram pelos corredores até o palco. 

   Mesmo com a pequena diferença de idade, Senju e Baji se sentiam bons amigos de ❪ Nome ❫. Talvez por ser estrangeira e um pouco mais sociável ela não se importasse tanto com a proximidade de "pirralhos", como Kazutora demonstrava se importar com pessoas maia novas. Ou talvez ele fosse apenas chato.

   As luzes estavam fortes e viradas para o palco, deixando ❪ Nome ❫ parcialmente cega por tanta claridade, ela sequer conseguia ver a plateia direito. Senju deu um pulo no meio do palco, conseguindo arrancar ainda mais gritos das pessoas ali. 

   Não que ❪ Nome ❫ não os achasse talentosos o suficiente para ter todos esses fãs, mas ela achava mais sensato levar em conta o horário em que estavam e o tempo que essas pessoas já tinham gastado bebendo. Então qualquer coisa seria motivo de grande animação para elas. 

   A garota deu um aceno confiante à plateia e se colocou atrás do teclado esperando que começasse. 

   E começou. 

   A guitarra de Baji começou a liberar o seu som que logo preencheu toda a casa. O baixo de Kazutora surgiu em seguida e logo Draken começou a tocar seu contrabaixo, fazendo com os três instrumentos de corda entrassem em perfeita sintonia.

   Passados os primeiros segundos, ❪ Nome ❫ e Senju trocaram um rápido olhar antes de começarem a tocar os seus instrumentos também. A bateria fazia um som perfeito para que surgissem alguns gritos animados e ❪ Nome ❫ pôde ver pessoas começando a pular, entrando mais na vibe da música. 

   ❪ Nome ❫ sorriu antes fazer as primeiras notas soarem do teclado. 

   Eles estavam em sintonia. 

   As pessoas estavam gostando.

   Mesmo que não tivesse ninguém no vocal, o público ainda estava satisfeito. A ❪ c/c ❫ relaxou, tinha dado tudo certo em sua primeira apresentação. A sua ansiedade antes de fazer as coisas mais uma vez se mostrou desnecessária.

   Sim, as luzes estavam fortes. Sim, havia algumas dezenas de pessoas ali. E sim, ela deveria estar concentrada no seu teclado. Mas como poderia ter resistido à tentação de encarar orbes lilás misteriosas? Especialmente quando parecia que ele a encarava há um bom tempo e ainda comentava com seus amigos sobre ela.

   Os olhares se cruzaram, eles desviou a sua atenção para o chão imediatamente e ela se sentiu ridícula no momento. 

   Não podia sequer lhes mandar um dedo do meio ou algum xingamento, então ele a encarou novamente, e deu um sorriso ladino para a provocar como se dissesse que ela ainda o estava encarando. Era um maldito fofoqueiro cara de pau. A troca de indelicadezas pelo olhar só cessou quando, ao tempo em que uma das luzes parecia ter virado para ❪ Nome ❫ propositadamente, ele foi puxado pelos amigos para irem embora.

   Nisso, ela errou uma nota na música e a ansiedade voltando, acreditando que levaria algum sermão no final por esse erro.

   Então ❪ Nome ❫ voltou toda a sua atenção ao instrumento, repassando mentalmente toda a partitura que havia decorado na semana anterior para não correr o risco de errar novamente, porque essa banda é exatamente tudo o que ela precisava em sua vida. 

   Mesmo que tenha comprometido o relacionamento com seus pais por isso, valeu a pena. Ela estava ali, sentindo a adrenalina correndo pelas suas veias enquanto achava o local estranhamente agradável. Muito melhor do que estar presa em um escritório com terno e gravata, isso era óbvio.

   E experimentar uma vez essa sensação de realização era como uma droga, era viciante, ninguém queria deixar de senti-la novamente. Com ❪ Nome ❫ não era diferente, ela estava mais do que disposta a seguir em frente agora. E quando ❪ Nome ❫ ficava assim, tinha certeza que nada iria a parar. 

   Mas essa não era a única droga viciante do Japão que estaria entrando na vida de ❪ Nome ❫, talvez não hoje, mas ela logo iria perceber que essa parte do país iria a atrair.

Sexy Drug | Wakasa ImaushiOnde histórias criam vida. Descubra agora