Capítulo 1

11 1 0
                                    


Depois daquela tarde que nos rendeu altas risadas e confissões que não tinha feito a ninguém até aquele momento, ganhei quatro novas amigas e desde o dia da manifestação, completando uma semana hoje, não perdemos o contato.

- Senta aí que eu já trago um café pra você. – Diz Débora ao me ver passar pelas portas.

Débora era a dona da confeitaria que me recebeu naquele dia caótico. A morena é linda. Dona de um corpo escultural como uma legítima brasileira, tem cabelos cacheados tingidos de rosa e tem mãos de fada para preparar tortas deliciosas.

- Cruz Credo! Prefiro um suco. – digo rapidamente.

Ela me olha divertida e diz:

-Você está tentando vaga numa empresa de café e nem gosta dele?

-Ninguém precisa saber, não é mesmo?

O som do sino da porta soou e vejo Lara entrando seguida por Jéssica.

- Não Precisa mesmo. Foi muito difícil conseguir entrevista para você novamente.- Lara diz - Se alguém te oferecer café lá,você bebe e fala que é o melhor do Brasil.

Lara, coincidentemente, trabalhava como auxiliar de serviços gerais da Prados Verdes e conseguiu convencer o RH a me entrevistar novamente. Lara era muito batalhadora, temos muito orgulho de nossa bravinha, como a apelidamos. Perdeu a mãe recentemente e precisou largar a faculdade para criar a irmã mais nova de 15 anos. Ambas eram muito semelhantes, altas, cabelos castanhos levemente ondulados e pele bem bronzeada. Jéssica era nossa bebê e uma linda bailarina, muito animada assim como Debbie que não parava um instante.

- Já são 9:30. Vamos, Scar? – Lara me chama – Jéssica, se comporta, depois do almoço quero que vá direto para escola. Vejo todas no apartamento da Clara mais tarde?

- Clara vai me buscar na escola mais tarde. E eu vou ficar aqui até dar meu horário, não se preocupa mana.

- Com certeza. – diz Debbie da janelinha da cozinha. – Boca livre num apartamento que deve ser pura riqueza? Não perco nada.

Rimos e saímos após nos despedir.

Caminhamos até a Visconde de Rio Branco e entramos no Hall daquele prédio que seria meu novo endereço empregatício, se ligou na profecia?

- Scarlett eu fico por aqui. Você só precisa entrar no elevador e ir até o 8° andar. Fala que você veio falar com a Cristina, ela vai te receber. Boa sorte. – ela me abraça e vai para sua ala.

Okay.

Elevador.

8° andar.

Cristina.

Subi os andares apreensiva e tentando controlar meu corpo desastrado para que conseguisse me manter equilibrado no salto agulha que eu vestia tentando passar uma boa impressão. Péssima ideia.

Na pequena recepção do andar disse o nome de Cristina e o meu para as meninas sentadas e logo fui chamada.

- Bom dia, querida. Me chamo Cristina e sou Chefe do Setor de RH. Tudo bem? – diz com carinho. Amei, tudo que eu precisava.

- Bom dia, sou a Scarllet. Por enquanto está tudo bem, mas pode ficar melhor se a senhora me contratar. – digo. Minha boca, Jesus.

- Adorei seu otimismo. Estou procurando pessoas assim na empresa. – YESSS comemoro internamente – me diga, como você pode acrescentar na empresa?

Penso um pouco. Preciso impressionar. Não posso falar besteiras.

- Bom, apesar de recém formada, adquiri muito conhecimento nos estágios que fiz, neles estão inclusos até departamentos públicos como o MP e a secretaria de fazenda. Hoje, a Prados Verdes é a indústria de café que mais cresce no Brasil, creio que estou apta a fazer parte da equipe jurídica que fará parte do seu crescimento. – digo séria.

- Seu currículo é sem sombra de dúvidas impecável. – diz e sorrio – porém a vaga pela qual estava concorrendo semana passada já foi preenchida.

- Ué, mas, como?

- Algumas candidatas chegaram e achamos justo continuar com as entrevistas– com isso, toda confiança que estava em mim se esvai, não conseguia entender porquê ela quis me entrevistar até que ela continuasse : - entretanto, eu tenho uma vaga que acredito que seja perfeita para seu perfil.

Levanto o olhar animada na mesma hora. Estou desempregada há meses, qualquer coisa me faria feliz agora.

- Claro e o quê seria?

- Assistente pessoal do Senhor Rodrigo Prado.

- Assistente pessoal? – pergunto desacreditada, tento disfarçar a voz de decepção mas acredito que falhei.

- Sim, Rodrigo, vive de ponte aérea e precisa de alguém que o ajude por aqui quando não está, além também de alguém que esteja disponível para efetuar viagens e saiba exatamente tudo sobre direito empresarial. Por isso separei essa vaga. Acho que é perfeita para o cargo, se aceitar é claro.

Bom, não é como se eu fosse uma secretária. Certo?

Uma dose de caféOnde histórias criam vida. Descubra agora