O dia.

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"Nunca dês nada como garantido.

Hoje tens, amanhã não.

Hoje é assim, amanhã é de outra forma.

Um dia pode mudar completamente o que tens e o que és.

Esse dia pode ser hoje.

Aproveita todos os segundos do que ainda resta do teu verdadeiro eu.

Por que hoje, ele vai mudar."

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Era hoje.

Já tínhamos chegado à antiga casa do meu padrinho, e começámos a por as nossas coisas nas divisões correspondentes.

O meu pai estava a ajudar e a minha mãe também, mas não houve uma única palavra a não ser alguns sussurros da minha irmã mais nova, provavelmente porque não conseguia arrumar algo no sítio respetivo ou qualquer coisa do género.

Finalmente, passados uns breves minutos estava tudo devidamente distribuído e a minha mãe decidiu que estava na altura de quebrar aquele silêncio desconfortável e agradeceu a ajuda ao meu pai pedindo o mais gentilmente possivel para ele ir embora.

Olhei em redor. Pareceu me bem o facto de ter duas camas num mesmo quarto, fazia me sentir uma estudante universitária ou algo do género e, toda a casa em si, era um espaço agradável.

Desta vez não chorei. Lembro me da discussão anterior a esta, em que fomos procurar uma casa e estava quase tudo decidido. Não tinha deitado uma única lágrima a não ser dentro da suposta casa onde íamos viver. Senti me fraca. Um turbilhão de pensamentos atingiu a minha cabeça. Era desta, pensei eu.

Talvez seja por isso que desta vez não estivesse assim, já passei tantas vezes por isto que estou sempre cada vez mais preparada para a próxima. E era isso que me assustava. Não iria haver próxima, esta era a última. Já não vai haver aquela altura de fazer as pazes e voltar à rotina normal. Já não vai haver a mãe e o pai sentados no mesmo sofá. Já não vai haver aqueles almoços e jantares em que as conversas eram bastante engraçadas e por vezes resultavam em termos de limpar a parede ou mudar de roupa. Bem, estes almoços e jantares não eram assim há bastante tempo para dizer a verdade, há alguns anos que não via um beijo amoroso entre os dois. Dava para ver que a relação estava desgastada e no meu interior pensava se seria melhor a separação acontecer.

Bem, aconteceu.

A minha mãe, Rosemary, teve razões plausíveis para pedir o divórcio. O meu pai era perto de obcecado por ela. Ela saía para qualquer lugar e ele ligava de 20 em 20 minutos a perguntar se estavam muitos homens a olhar para ela e por vezes parecia que a seguia ou tinha um GPS implantado nela porque sabia sempre onde ela estava. Isto durante uns longos anos. Era assustador, e de certo frustrante para a minha mãe.

O meu pai, Jamie pobre homem, foi apanhado de surpresa. Era dia 1 de Abril, dia dos anos da minha mãe e conhecido como dia das mentiras, e a minha mãe decidiu fazer algo por ela e ligou ao meu pai dizendo que eles precisavam de falar porque ela queria acabar com a relação. Lembro me de no meu quarto ouvir o meu pai a chorar parando para soluçar mas não quis interromper pois pensei que poderia ter sido alguem amigo que faleceu ou algo e se fosse essa a situação penso que ele iria querer um pouco de espaço. Alem disso nunca fui rapariga de afetos ou demonstração dos mesmos. Foi então que ele foi a andar em passos largos até ao quarto dele e ouvi-o a deitar-se na cama. Decidi que devia ir ver o que se passava pois ele estava a chorar ainda mais do que antes. Foi então que perguntei o que se passava e ele explicou me tudo.

Senti me mal. Culpada. Cobarde. Porquê? A minha mãe tinha falado comigo sobre separar-se do meu pai e explicou me o porquê, e eu...eu não preparei o meu pai.Não fui um boa filha. Não fui imparcial. E isso fez com que o meu pai ficasse completamente acabado.

Depois de arrumar as minhas coisas ouvi o Telemóvel da minha mãe a tocar a famosa musica da Pink- So what, única que a minha mae tinha naquele Sony xperia antigo e fui ao quarto dela ver do que se tratava a chamada. Era a sua amiga Elle a perguntar como estávamos e como era a casa. Por entre tanta conversa acabámos por convidar a Elle e as suas filhas para irem buscar McDonald's e jantar lá em casa. Elas aceitaram!

Digo com admiração pois é raro elas quererem sair. São pessoas muito caseiras e gostam do sossego do seu lar.

Preparamos as coisas e passados uns minutos elas já estavam lá.

"Mas...quem é aquele?"-pensei. Elas vinham acompanhadas, com...um rapaz de vinte e tal anos,julgo eu, não muito alto e bonitinho.

- Olá este é o Jamie! Um amigo nosso. - Disseram a Ellen e a minha mãe ao mesmo tempo soltando uma risada depois, parecendo duas adolescentes acabadas de ver o rapaz giro da escola.

Olhei para ele, e fui dar lhe dois beijinhos na cara tal como todas fizemos antes de nos sentarmos à mesa. Eu e a Alex trocávamos olhares de aprovação quanto à aparência do tímido rapaz que entrou naquela casa. A Alex é uma rapariga bonita de 15 anos, alta, magra, de cabelos castanhos com californianas nas pontas. É alta e os seus olhos castanhos fazem lembrar olhos chineses, mas não são. Ela tem me apoiado e falado comigo sobre este assunto da separação. Nunca fui de desabafar mas ela sabe sempre quando tenho algo para dizer e é muito simpática para mim. Talvez mais do que qualquer pessoa que tenha conhecido.

Jantámos e eu fui um pouco para o quarto com a Alex e a sua irmã, Lara, até pouco tempo depois elas irem embora. A Alex perguntou como eu estava e falou mais um pouco comigo.

O tal de Jamie ficou mais um pouco apenas e pareceu me muito simpático. É um pouco tímido mas acabou por falar comigo e com a minha irmã. Ele e a minha mãe eram amigos desde a escola e reencontraram-se há uns tempos um dia no supermercado com a Elle. Acabei por saber que ele era Polícia, chumbou um ano na escola e tem uma irmã a trabalhar em África.

Nessa noite custei a adormecer. Talvez por ter tanta coisa na cabeça, por não saber o que ia acontecer daqui em diante.

Deitada naquela cama, que parecia não me pertencer, adormeci desejando para que tudo corresse da melhor forma. Desejando que todos saíssemos felizes disto.

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Notaaa:

Olaaaaa, entaooo....espero que não esteja muito porcaria apesar de os primeiros capítulos serem um pouco secantes mas tenho de contar tudo para depois a historia fazer sentido mais lá para a frente. :) Provavelmente faltam acentos e hifens na história mas eu logo edito, porque estou a escrever no telemóvel:|

Beijinhos e vou por mais assim que conseguir. Apesar de saber que ninguém está a ler -.-

Adiooos

No Matter What.Onde histórias criam vida. Descubra agora