Esgotamento de um dia difícil

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Eddie encontrava-se chateado, estava saturado da constante insistência de sua mãe com o assunto de seus cortes e começava a se arrepender de tê-la deixado levantar seu moletom. Não, na verdade começava a refletir se realmente valia a pena continuar se mutilando. Na realidade era algo que fazia desde o quatorze anos e já pensou e tentou diversas vezes parar, porém de fato nunca conseguiu. Simplesmente uma sensação de formigamento em sua pele pedia para se machucar, era incontrolável.

Às vezes cessava, ficava um tempo sem se cortar e se esquecia, mas a lamina escondida enrolada a um pano posta dentro de um pequeno cofre ficava sempre a reserva quando sentisse vontade. Lembrava-se de ter se livrado de outras duas, no início, quando acreditava que o ato de se mutilar era simplesmente algo besta e que as feridas chamavam muita atenção, mas com o passar do tempo Eddie sentia como se estivesse viciado em ver o sangue rolar de seu antebraço.

Não sentia prazer na dor, na realidade realmente doía quando se banhava, o que fazia neste exato momento. Quando se cortava não sentia nada, somente uma necessidade arrebatadora de ser ferir e se auto prejudicar seja passando o gilete em si ou batendo em alguma parte de seu corpo.

Deitado na banheira com todas as paredes preenchidas por cerâmica pingando pequenas gotículas de água pelo vapor quente emanando do ambiente, Eddie permanece olhando para o vazio, especificamente em direção ao enorme espelho completamente embaçado com algumas fileiras escorrendo.

Sentia-se entediado, não tinha com quem conversar, nunca teve alguém divertido e de sua idade para falar livremente. Nem mesmo conhecia o sentimento de confidencia com outras pessoas a não ser com seus pais ou familiares, na realidade há muito tempo só vinha conversando com sua própria mãe. Coisa que antes achava divertido e estimulante, mas agora somente fazia Eddie se sentir sufocado e angustiado.

Pensava no pai novamente, poderia ligar para ele, mas duvidava que realmente tivesse total privacidade para trocar sequer algumas frases com o homem. E tão pouco achava que ele atenderia. Ao longo dos anos seu pai deixava de atender muitas vezes o telefone, sempre focado no trabalho e nunca sequer uma vez ligara para Eddie desde o divórcio de seus pais, não entedia o motivo, mas em todos os momentos sempre fora a garoto a dar o primeiro passo para contata-lo.

Refletindo sobre isso se mexendo na água cobrindo seu corpo nu o jovem sente seus olhos arderem, queria mais do que tudo voltar no tempo e aproveitar de verdade o tempo que tivesse com o pai, talvez até tentasse impedir a separação, mesmo doente do modo em que estava naquela época. Seu pai não podia espontaneamente começar a evita-lo assim, eles se davam tão bem antigamente, era tão estranho perder contato com uma pessoa que tanto amava.

Pegando um pouco de sabão lentamente o garoto começa a se ensaboar, limpando todo seu corpo de maneira calma e sem pressa, já estava a um bom tempo no banho, mas queria demorar muito mais, principalmente para não ver o rosto de sua mãe e tão pouco dar de cara com toda a bagunça lá fora. Suas mãos passando por cada canto até chegar em seu braço, onde Eddie delicadamente cutuca seus ferimentos com a ponta das unhas sentindo as finas casquinhas dos cortes cicatrizando.

O machucado mais recente não proposital estava perto, sem o curativo a aparência era de uma escoriação com uma leve cobertura de sangue seco impedindo o sangramento. O início da cicatrização era semelhante aos cortes auto provocados contra si mesmo, e não doía muito, havia somente uma ardência significava, mas não exagerada.

Também tão pouco se importava com fato de ter se machucado, ao longo do dia sequer percebeu. Havia mesmo se estressado de ter sido de fato sua mãe que o provocou inconscientemente ao ser empurrado por ela.

Havia mais apenas alguns outros cortes, também continha pequenos relevos na pele e marcas esbranquiçadas de machucados mais profundos que ocasionou enquanto estava em crise. Gostava de passar a mão por cima, apesar de saber que por trás cada corte havia um motivo, mas ao mesmo tempo odiava ter que ficar escondendo, durante os picos de calor Eddie passava muito sufoco e suava muito vestindo roupas longas. Dava trabalho, mas ainda assim não conseguia largar, o alivio que vinha após ver o vermelho pingar era ótimo, o relaxamento era absolutamente tudo para si.

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⏰ Última atualização: Oct 12, 2021 ⏰

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