Coisas sobre o universo

Estrelas nunca brilham para mim

Ontem à noite sonhei com universo, com as galáxias, as constelações e o mar de estrelas, no meu sonho estava bem escuro, poderia supor que estava de madrugada, então eu conseguia enxergar direito o céu iluminado com as estrelas. Era lindo.

— 𝘠𝘶𝘯𝘩𝘰.

    Também sonhei com o amanhecer, o céu começando a ficar levemente alaranjado no horizonte, tive a sensação de ser verão no meu sonho. Tudo era refrescante e perfeito do jeito que deveria ser.

   E você estava lá, no meu sonho.

— 𝘠𝘶𝘯𝘩𝘰, 𝘦𝘶 𝘫𝘢́ 𝘥𝘪𝘴𝘴𝘦, 𝘮𝘦 𝘦𝘴𝘱𝘦𝘳𝘢.

  Impecavelmente bonito como sempre, sorrindo como sempre fazia, brincando comigo como sempre fazia. Corríamos em campo cheio de tulipas roxas, nós vestíamos roupas brancas com os pés descalços, correndo pra lá e pra cá. O sol já pairava no meio do céu, indicando meio dia, continuávamos brincando sem parar. Mas quando finalmente nos cansamos, decidirmos nos sentar em pano para piquenique.

— 𝘠𝘶𝘯𝘩𝘰, 𝘱𝘰𝘳 𝘧𝘢𝘷𝘰𝘳, 𝘮𝘦 𝘦𝘴𝘱𝘦𝘳𝘢.

  Dividia o meu olhar entre os seus olhos e a sua boca, os seus olhos tinham um preto intenso mas que mesmo assim ainda refletia o brilho das estrelas que neles possuiam, já a sua boca, os seus lábios eram levemente cheinhos, com uma cor avermelhada que se assimilava com cereja. E você fazia o mesmo comigo. Lembro-me de fechar os olhos e beijar você, era tão... Real, tão intenso, que nem parecia ser um sonho, tive a sensação de realmente sentir você, Yunho.

— 𝘔𝘦 𝘥𝘪𝘻 𝘰 𝘲𝘶𝘦 '𝘵𝘢́ 𝘢𝘤𝘰𝘯𝘵𝘦𝘤𝘦𝘯𝘥𝘰.

  Mas quando eu abri os olhos, você não estava mais lá, era uma escuridão que não conseguia enxergar nada lá, mas eu conseguia sentir uma sensação de vazio. E então num pulo eu acordei, e você, Yunho, obviamente não estava lá, do meu lado na nossa cama, não, na minha cama. Mas sabe eu me sentir extremamente nostálgico com aquele sonho, ainda estava escuro e então olhei para o relógio que tinha em cima da mesa de cabeceira, marcava 4:19 da manhã, ainda era de madrugada mas percebi que iria mais conseguir volta a dormir depois daqueles sonhos, decidir ir pra varanda para vê o céu de madrugada.

— 𝘠𝘶𝘯𝘩𝘰, 𝘰𝘭𝘩𝘢 𝘱𝘳𝘢 𝘮𝘪𝘮.
  
  O céu estava enfeitado com estrelas, parecia com que estava nos meus sonhos. Me pergunto se você estaria tão maravilhado quanto eu, Yunho, se estivesse aqui do meu lado.

— 𝘠𝘶𝘯𝘩𝘰, 𝘴𝘰́ 𝘱𝘰𝘳 𝘧𝘢𝘷𝘰𝘳... 𝘖𝘭𝘩𝘢 𝘱𝘳𝘢 𝘮𝘪𝘮.

  Era uma mesma madrugada de primavera com o céu estrelado igual a essa, que eu tive uma das minhas piores crises de choro. Me lembro de cada palavra sua, vindo da sua voz que um dia já me confortou, que ainda continua martelando tanto no meu coração quanto na minha cabeça.

— 𝘠𝘶𝘯𝘩𝘰, 𝘰𝘭𝘩𝘢 𝘱𝘳𝘢 𝘮𝘪𝘮 𝘦 𝘮𝘦 𝘥𝘪𝘻 𝘰 𝘲𝘶𝘦 𝘦𝘴𝘵𝘢́ 𝘢𝘤𝘰𝘯𝘵𝘦𝘤𝘦𝘯𝘥𝘰.— 𝘈𝘨𝘢𝘳𝘳𝘦𝘪 𝘢 𝘴𝘶𝘢 𝘮𝘢̃𝘰 𝘤𝘰𝘮 𝘵𝘰𝘥𝘢 𝘢 𝘮𝘪𝘯𝘩𝘢  𝘧𝘰𝘳𝘤̧𝘢 𝘲𝘶𝘦 𝘳𝘦𝘴𝘵𝘢𝘷𝘢 𝘯𝘢𝘲𝘶𝘦𝘭𝘦 𝘮𝘰𝘮𝘦𝘯𝘵𝘰, 𝘰 𝘤𝘩𝘰𝘳𝘰 𝘫𝘢́ 𝘦𝘴𝘵𝘢𝘷𝘢 𝘦𝘯𝘵𝘢𝘭𝘢𝘥𝘰 𝘯𝘢 𝘮𝘪𝘯𝘩𝘢 𝘨𝘢𝘳𝘨𝘢𝘯𝘵𝘢.

— 𝘔𝘪𝘯𝘨𝘪, 𝘮𝘦 𝘴𝘰𝘭𝘵𝘢.— 𝘔𝘦 𝘳𝘦𝘴𝘱𝘰𝘯𝘥𝘦𝘶 𝘴𝘦𝘤𝘰.— 𝘔𝘦 𝘥𝘦𝘪𝘹𝘦 𝘪𝘳.— 𝘈𝘨𝘢𝘳𝘳𝘦𝘪 𝘤𝘰𝘮 𝘮𝘢𝘪𝘴 𝘧𝘰𝘳𝘤̧𝘢.— 𝘌𝘶 𝘳𝘦𝘢𝘭𝘮𝘦𝘯𝘵𝘦 𝘱𝘳𝘦𝘤𝘪𝘴𝘰 𝘪𝘳 𝘦𝘮𝘣𝘰𝘳𝘢, 𝘔𝘪𝘯𝘨𝘪.

  Foram as suas últimas palavras antes de você conseguir solta a minha e sair pela a porta de nosso apartamento, eu desabei no chão, eu chorei tanto, que eu só tive forças pra me levantar e ir dormir no sofá da sala mesmo.

   Você nunca me explicou o por quê de ter ido embora, Yunho. Mas eu espero que você esteja bem e feliz, diferente de mim.

   Me lembro de termos feito um pedido para os céus, de ficarmos juntos para sempre.

  Que besteira. Nós éramos realmente tolos.

  As estrelas cadentes nunca voavam ou brilhavam para mim.