Acordo

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Yelena

 Quando o primeiro raio de sol atravessou a janela do meu quarto eu já não estava mais lá e sim do lado de fora da cabana. Com a neve começando a cair o frio estava fazendo meus dedos congelarem, mas valia a pena para ver o nascer do sol.

— Yelena! — Ouvi a voz da Natasha atrás de mim. Quando me virei a vi enrolada em uma manta azul xadrez. — O que faz aqui fora? Está muito frio. Pode ficar doente sabia?

— Vendo o sol nascer.

Ela se aproximou tirando o cobertor e colocando envolta de mim.

— Não conseguiu dormir não é? — Natasha olhava na direção onde o sol nascia no horizonte.

— Não... — Respondi também olhando para lá. — Só preciso me acostumar. Estou bem.

— Não sei ate que ponto isso pode ser verdade. — Ela olhou pra mim. — O que aconteceu com você foi algo que não devia acontecer a ninguém. Deveria estar na escola agora, falando sobre garotos ou sei lá. — Ambas demos um riso nasal. — Devíamos falar sobre seus deveres de casa ao invés do calibre de armas.

— Iria me ajudar com equações e fórmulas? — A olhei com uma sobrancelha arqueada.

— Eu sou muito boa nisso viu.

— Sei. — Ambas riamos enquanto ela me dava um leve empurrão.

— Vem, vamos entrar. Tenta dormir mais um pouco está cedo.

Assenti enquanto entrávamos.

Meu sono estava tão leve que um alfinete caindo seria capaz de me acordar. Mas ao invés de um alfinete fui desperta por murmúrios.

Me levantei ainda um pouco sonolenta indo ate a porta, mas antes de abrir ela percebi que as vozes que eu ouvia se tratavam da Natasha e do Rogers.

— Tem certeza disso Nathy?

— Tenho Steve... Não é justo para a Yelena sair de uma prisão para ir para outra. Vivemos fugindo, mudamos de base 3 vezes no último mês. Ela merece mais que isso.

— Eu sei, entendo o que está dizendo e faz todo sentido, mas Nathy...

— Eu preciso que você cuide dela pra mim. Eu vou atrás do Stark, talvez ele consiga um acordo para mim como conseguiu para aquele cara que encolhe e o Clint.

— Tem certeza disso?

— Tenho... Se algo der errado eu dou um jeito de entrar em contato. Cuida dela pra mim...

— Cuido.

Não deixa ela se meter em encrenca.

— Essa parte é mais difícil.

Lentamente voltei para a cama me sentando. Eu não estou muito a par do que aconteceu para que eles se tornassem foragidos, só que tinha a ver com o Stark e uma briga.

A porta se abrindo chamou a minha atenção. Natasha estava lá usando calça moletom cinza, casaco escuro e tênis, roupas discretas, até mesmo seu cabelo estava diferente. Loiro e curto.

— Imagino que você tenha ouvido tudo. — Disse entrando e fechando a porta atrás dela.

— Ouvi. O octogenário está certo. Não sei o que aconteceu direito, mas se entregar é burrice.

Natasha soltou um riso nasal sentando ao meu lado.

— Vou te contar o que aconteceu. Resumidamente. O governo criou um tratado chamado tratado de Sokovia onde todos nós vingadores teríamos que assinar um termo e ser como peões para o governo. Eu concordei no início devido a tudo que aconteceu por culpa nossa, mas mudei de ideia e me tornei foragida por isso. Meus amigos alguns foram libertos e outros continuaram presos para conseguir um acordo. O Clint, meu melhor amigo, pegou prisão domiciliar por exemplo.

Pochemu pravitel'stvo SSHA vsegda dumayet, chto mozhet nadet' na nas osheynik? ( Por que o governo dos Estados Unidos sempre acha que pode colocar uma coleira na gente?)

Pust' dumayut, chto mogut. (Deixa eles pensarem que podem) — Ambas rimos.

— Vai mesmo fazer isso? Por que?

— Quero que você tenha o que eu não tive. — Natasha segurou meu rosto com cuidado. — Que vá para a escola e tenha amigos como uma adolescente normal.

— Eu nunca vou ser uma adolescente normal. Eu não sei nem o que é ser normal. Matar o cara do caixa foi o meu normal.

— Você vai aprender com o tempo. Eu volto logo... Posso... Eu posso te dar um abraço?

Mesmo relutante assenti. Natasha se aproximou cautelosamente me envolvendo com os braços. Eu sentia que meu corpo estava rígido, mas que lentamente pareceu se acostumar com a sensação.

Deitei a cabeça no seu peito a sentindo me apertar mais forte. Natasha tinha um cheiro bom. Não é um cheiro que eu já tenha sentido alguma vez na minha vida, mas mesmo assim me remetia a algo bom.

O calor do seu corpo era estranhamente aconchegante... Então isso é carinho de mãe?

Eu via coisas parecidas em algums filmes, mas achei mesmo que se tratava unicamente de ficção, que não era possível alguém sentir algo do tipo por outro alguém. Que abraços e beijos eram totalmente superestimado, nada de mais...

Provavelmente, pela primeira vez, eu estava errada... Eu a apertei um pouco pela cintura afundando um pouco mais minha cabeça em seu peito. Não era algo que eu tinha controle mais, o meu corpo fazia coisas que eu não era capaz de impedir... Tudo aquilo era tão bom.

— Então... Assim que é? — Minha voz saiu totalmente abafada.

— Que é o que? — Perguntou passando a mão no meu cabelo.

— Um abraço...

Um silêncio ficou entre nós ate que a senti me apertar um pouco mais fungando e beijando o topo da minha cabeça.

— Tenta não se meter em encrencas ate eu voltar tudo bem? — Ela parecia estar chorando pelo tom de voz.

— Posso prometer tentar. — Ambas soltamos um riso nasal.

Antes de partir ela beijou a minha testa e eu pude ver pel janela do meu quarto ela saindo com a moto.

  A Última Viúva NegraOnde histórias criam vida. Descubra agora