Vermelho

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Samara

Não gosto de lugares cheios.

Me deixam ainda mais ansiosa que o normal.

Não gosto de clubes e suas luzes exageradas, pois acabam com o resquício de visão que eu mal tinha.

Gabriele não durou quinze minutos do meu lado e o primeiro par de olhos que cruzou seu traseiro a levou para a pista de dança. Natalia sumiu mais rápido que a fumaça densa que sambava em meu salto, embora ela tivesse saído sem que eu tivesse visto, sabia exatamente o que ela estava fazendo nesse exato segundo.

Ambas me causavam inveja. Uma boa inveja, pois Gabi e Natália conseguiam algo que eu mesma me auto-sabotava para não fazer: Viver o hoje sem querer saber do amanhã e principalmente do...passado, sem se preocupar de dormir com alguém e ter uma arma apontada em minha cabeça ao acordar. Tudo bem, o lance da arma é exagero, mas elas literalmente vivem sem se importar se amanhã irão amanhecer sem conseguir filtrar oxigênio pelos pulmões.

— Uma dose de Whisky, o mais antigo que tiver, por favor. — Ainda que o som fosse alto, a voz masculina era destacável — Ah...e, por favor, sem gelo.

Me virei para olhá-lo e antes não o tivesse feito, talvez ele ja tivesse percebido a cara de criança quando ganha doce estampada em minha face.

O homem era bonito, mas não só isso. Era estupidamente bonito ao ponto de ser desconfortável, isso porque ele apenas olhava para frente de forma importante, com o pescoço duro como se o processo do garçom para servir seu Whisky, fosse o processo mais importante de toda sua vida. O garçom o serve, ele puxa uma de suas mãos do bolso, dedos longos e largos, um anel de ouro engolindo o anelar que o ajudava a levar a extremidade do copo de vidro até a boca cheia. Ele fechou os olhos, bebericou o líquido com vigor, degustando até o final e segundos depois, deu um sorriso impecável, os dentes caninos mas longos que os demais lhe dá um ar de homem perigoso, dentes brancos daqueles que estampam cartões de clínicas odontológicas, a covinha era um charme a mais, entretanto foi só quando ele mirou em mim os olhos esverdeados, foi que eu literalmente desmaiei ao perceber que o cara não só era lindo, como eu estava o encarando por 5 minutos da mesma forma que "Smigol" encarava o "um anel" em o senhor dos anéis.

— Vou fazer de conta que está curiosa com o sabor do Whisky.

— Eu não...hm... — Talvez sem graça não fosse a palavra certa, mas meu cérebro está indeciso entre a beleza do homem e abrir mais a boca para respondê-lo de maneira devida.

— Eu me distraí.

Ele sorri mais uma vez e eu naquele momento eu percebo que nenhum homem no mundo usou tão pouco para me deixar sem graça.

— Toma um drink comigo ? — Ele me pergunta.

— Não bebo álcool. — Ele tentaria algo se eu desse brecha. Todos tentavam e mesmo que seu jeito sensual parecesse natural, eu não queria vê-lo usar seu poder masculino intencionalmente. Se antes mesmo de me direcionar o olhar, ele já roubou minha atenção, o que aconteceria se resolvesse me transformar em um desafio pessoal ? — Olha, não estou procurando...hmm... companhia "amorosa" para hoje a noite.

Ele me ouvia e sua face seguia impassível. Seu dedo envolto do anel parece chamar o garçom que prontamente assente se aproximando.

— Um copo de água filtrada para a moça e um copo de rum puro para mim — O homem se aproximou ainda mais parando a minha frente e só então pude nota-lo mais claramente. Seus cabelos eram de um castanho escuro, sua pele embora sob as luzes escuras, eram de um tom bronzeado, o nariz erguido, pontudo e uniforme. a maçã do rosto é angulosa e cheia, os lábios rosados e macios mostravam um sorriso com o furinho galante em suas bochechas, e mandíbula quadrada lhe dava um toque: Másculo. Seu trapézio alto era escondido pela blusa social escura apertada no corpo que parecia querer se libertar da prisão que era, aquele tecido o comprimindo.

TUDO QUE O MESTRE MANDAROnde histórias criam vida. Descubra agora