Preliminares - Azriel & Lucien

•capítulo único•

Lucien simplesmente odiava o sentimento infundado que o assombrava todas as vezes que pensava em sua parceira, aquele não era ele e aquelas emoções também não o pertenciam, no entanto, odiava mais ainda saber que não importava a forma que ele deixasse as coisas claras, todos daquela corte procurariam algo para discordar e evidenciar um erro.

Se procurasse se afastar e agir de forma indiferente com Elain, ele seria um macho sem honra, depois de tudo que ele havia provocado com Tamlin, não só a ela, mas a todos. E se caso não tivesse mais um pingo de consideração consigo mesmo e voltasse a se aproximar de Elain com intenções verdadeiras, como havia feito no solstício, provavelmente passaria a mesma mensagem de cão sem dono.

E depois daquele solstício Lucien não pode dizer que havia se portado da melhor forma, mas quem poderia julgá-lo?

Poderia não ser o mais atraente aos olhos de Elain por vários motivos, mas se sentiu inferior com a recusa explícita de seu presente. Em um momento de raiva e imaturidade, pensou consigo mesmo se fosse Azriel, ele nunca receberia o mesmo olhar que o ruivo havia recebido. Lucien não era burro, passou muito tempo em mais de uma corte para entender o básico de interesse entre um macho em uma fêmea, se relacionou muito para entender isso também.

Então ele se recusou a voltar a comparecer em "reuniões" ou melhor dizendo: desculpas esfarrapadas que Feyre encontrava para enfiar todos em uma mesa e obrigá-los a conviver pacificamente por duas a quatro horas. Superar sua parceria era um eufemismo, mas ele havia conseguido lidar bem com a rejeição, após muitas noites em claro onde a única coisa que ocupava seu estômago era álcool, e passar seu tempo pulando de cama em cama, o feérico outonal havia lidado bem com tudo.

Já a questão que envolvia Feyre e todos os outros ainda lhe causava dor de cabeça, principalmente a quebradora da maldição. Por sua reação indelicada sobre seus amigos, Vassa e Jurian, e sobre estarem morando juntos, o ruivo poderia sim julgá-la, porque acreditava que faria uma expressão muito pior caso ela tivesse lhe falado que estava com Rhysand. Tinha feito para ser bem exato, sozinho pensando que merda havia ocasionado aquela guerra e tudo antes, mas ainda batia o pé consigo mesmo que tinha pelo menos uma fração do direito de se sentir chateado com a forma que a fêmea se dirigiu aos Exilados.

Mas mesmo que não gostasse, ele era emissário de Rhysand e admitia para si mesmo que gostava da cidade, às vezes.

Convivência para ele sempre foi uma questão de jogo de cintura, ele poderia conseguir algum benefício já que novamente havia sido expulso de outra corte, bastava apenas aceitar alguns dos jantares e conseguir manter uma postura impecável diante de cada par de olhos daquela casa. Mas os dois machos alados lhe davam nos nervos, quando Lucien voltou aos poucos a ir a Velaris e participar de certas coisas, algo no fundo da mente daquelas duas montanhas de músculos cutucou dizendo que seria um bom uso do tempo simplesmente lhe incomodar.

Cassian era o pior, havia o chamado para um treino na casa do vento durante um jantar, então Lucien praticamente teve que aceitar e soube que o general tinha calculado isso quando sorriu olhando o irmão do lado oposto. Lucien desejou queimar "sem querer" uma de suas armas preferidas durante o treino que viria na manhã seguinte, mas seu oponente foi Azriel, e com ele o ruivo não faria um jogo tão baixo.

Mesmo que Azriel fosse insuportável com as olhadas que trocava com Cassian, e a forma que aparecia no corredor sem aviso prévio nenhum, no fundo Lucien não sabia mas Azriel gostava de assustá-lo ao menos um pouquinho.

O que o macho poderia fazer? 538 anos não haviam lhe dado maturidade suficiente, apenas habilidade de mascarar muito bem. E muitos limites também, não fazia como seu irmão, que perdia seu tempo para criar apelidos para o feérico outonal.