Prólogo

33 4 10
                                    

Seoul, 23:37pm

Aquela noite fria antecedeu um dia que parecia comum, onde coisas extremamente normais e rotineiras acontecem, mas para nós dois foi como o mundo caindo em nossas cabeças, ambos teriam que recomeçar.

Me deito na cama, enquanto me preparo para dormir, meu telefone toca em cima de uma cabeceira ao lado da cama, o quarto escuro rapidamente ficou iluminado pela luz do aparelho que vibrava. Ao atender a chamada pude ouvir do outro lado da linha uma voz suave chamar por mim.

- alô?, Heyoon. - disse jungkook.

- Oi Jeon, está tudo bem? O que houve? - perguntei preocupada, dificilmente Jungkook me ligaria às 23:37 da noite, a não ser que fosse uma emergência.

- Eu não consigo dormir. - sua voz falhou ao dizer.

- Quer companhia? -supôs, me aliviou saber que o motivo da ligação não era emergência.

- Eu só queria ouvir sua voz antes que você pudesse adormecer. - por alguns segundos só ouvimos a respiração um do outro. - Podemos nos ver amanhã no café? - não iríamos nos ver naquele dia, fiquei surpresa com o convite.

- Sim, você vem me buscar ou nos encontramos lá? - minha voz soou animada e ele pode notar.

- Podemos nos encontrar lá às 16:00? - propôs Jungkook que não demonstrava o mesmo ânimo que o meu para aquele encontro.

- Às 16:00. - afirmei ainda com empolgação.

- Tudo bem, eu vou tentar dormir agora que ouvi sua voz, até amanhã. - falou do outro lado com uma voz estranhamente fria.

- Até amanhã querido Jeon, boa noite. Ah e fica bem, espero que consiga dormir.

- Boa noite, não esquece que eu te amo, ok? - pude sentir algo estranho em suas palavras, mas ainda não soube identificar o que seria, ou por qual motivo.

- Eu também te amo, Jeon. - e em seguida o som de chamada encerrada se fez presente.

Dia seguinte - A culpa

Durante a madrugada acordei algumas vezes inquieta, talvez tenha sido pela misteriosa e inesperada ligação noturna do Jungkook, ou pela ansiedade do nosso encontro, e por mais que eu custasse a acreditar, algo me dizia que seria o último.

O dia passou como qualquer outro, às 15:23 comecei a me arrumar para ir ao café, local do encontro com o garoto. Eu vestia uma saia justa um pouco cima dos joelhos e uma blusa de tricô com mangas longas e tênis. Às 15:54 chamei um táxi para me levar até o local, olhei por todo o caminho através da janela de vidro embaçada pelo frio, a encantadora cidade de Seoul, enquanto olhava o celular esporadicamente para conferir as horas, meu coração pulsava aceleradamente, parecendo já saber o que estava prestes a acontecer. Ao adentrar no café a algumas mesas da porta, em frente a uma enorme janela, estava Jeon Jungkook, com seu café favorito sobre a mesa e um expressão aflita.

- Oi meu amor. - me pus em pé ao seu lado.

- Oi - sorriu sem graça e puxou a cadeira em sua frente para que eu pudesse sentar e em seguida voltou ao seu assento.

- Algum motivo especial te fez me chamar aqui? - a expressão ainda preocupado dele me assustou, fazendo meu coração acelerar a cada segundo que passava.

- Sim, mas não é um motivo agradável. - curvou sua cabeça para baixo. - Foi aqui que tudo começou, e eu não consegui achar lugar melhor para te falar isso.

- Jungkook, você está me deixando nervosa, me conta logo o que aconteceu. - sussurrei inclinada para frente onde se encontrava ele.

— Eu vivi momentos incríveis com você, colecionamos memórias lindas. - sorriu ao lembrar enquanto senti sua perna inquietante balança por baixo da mesa . - Você me fez entender o amor, e que mesmo ele não sendo perfeito, ao olhos de quem ama ele acaba se tornando. Você foi a garota que mexeu comigo e me fez sentir coisas antes desconhecidas por mim. Mas agora... - respirou fundo e tornou a falar.  - Eu sei que vivemos em momentos diferentes, as fases das nossas vidas não se encaixam mais.

- Jungkook, o que você está querendo dizer? - meu coração aos poucos desacelerou.

- Eu não consigo te dar toda a atenção que gostaria, minha vida de Idol é corrida e instável, a sua é centrada e rotineira, entende? Não estamos na mesma frequência. Eu não posso te ligar quando quero, ou sinto vontade, eu não posso te tocar quando necessito, e isso me consome. - seu olhar agora era triste, mas ainda assim aflito.

- Eu não me importo, Jungkook, alguns momentos podemos não está em sintonia mas ainda assim nos amamos. Podemos superar essa fase juntos. - por mais que eu tentasse, nada faria o virginiano mudar sua decisão.

- Eu tenho pensado nisso todos os dias nas últimas semanas, é difícil para mim também, abrir mão de você não é algo que eu esperava fazer algum dia, eu te amo, e isso não vai mudar, mas eu não consigo continuar. - seus olhos agora reluzindo a luz artificial do ambiente continham lágrimas.

- Tudo bem... - meus batimentos cardíacos que antes chegariam facilmente a 500 por segundo, agora eram menores que 100.

- Você ficará bem? - ele ainda parecia se importar.

- Sim, ficarei. Eu só... - minha voz negou-se a continuar a frase.

- Eu sinto muito. - Jungkook dirigiu-se ao balcão da cafeteria para pagar seu café e em seguida deixou o local, antes que pudesse fechar a porta ele olhou para trás, como se fosse me ver pela última vez e sumiu gradativamente entre os carros no estacionamento.

Eu me perguntava como nossa relação teria chegado a esse ponto, onde eu estava que não percebi ele tomando distância?! Nossa relação decaiu sem que eu pudesse me dar conta das barreiras que começaram a nós deixar em lados apostos um ao outro. Seoul tinha perdido o brilho para mim no momento em que ele deixou o sino da porta tocar, anunciando sua permanente partida de minha vida. Eu não conseguiria olhar Seoul sem enxergá-lo a cada passo.

Ali mesmo no café, em meio a tantos outros rostos, o garçom que anotava o pedido da mesa ao lado que havia presenciado o recém acontecido se mostrou preocupado.

— Com licença, a senhorita está bem? Posso lhe ajudar em algo? - ele tentava ter algum tipo de contato visual comigo.

O meu semblante não negava que meu coração tinha se partido.

— Eu quero um café expresso forte, por favor. - enquanto lágrimas se esvaíram  dos meus olhos direcionados para baixo.

— Sim senhora. - disse o garçom indo em direção a cozinha do café com meu pedido anotado em um papel branco como a neve.

E eu sabia que precisava recomeçar novamente, dessa vez séria mais fácil, ou pelo menos, foi assim que eu pensei que seria.

...

A culpa é da Seoul;; JungkookOnde histórias criam vida. Descubra agora