save me from this hell

O Inferno

-Yumeko-
Antes que Haku pudesse falar mais alguma coisa sinto uma mão passar pela minha cabeça.

-Yumeko filha,não pode sair correndo assim você acabou se perdendo de mim-Uma voz masculina e grossa,tão rouca que parece que não bebe água a anos.
Com cabelos pretos com alguns fios brancos por causa da velhice,um homem recém aposentado passa os dedos entre minhas mexas escuras da mesma cor que as suas.
Meu coração acelera ao vê-lo e minhas mãos começam a suar,era ele,meu pai.

-Quem é o garotinho albino?É um novo amigo?

Fico sem saber o que falar,eu não consigo mexer um músculo,começo a tremer e aperto minhas mãos uma na outra,olho para o garoto de olhos azuis tentando conter meu desespero,sem que meu olhar dissesse "por favor me ajude!",as carícias do homem se tornaram mais rudes no meu cabelo e eu sabia claramente o que significava.

-Não...Ele não é ninguém-Digo me virando e pegando a mão do homem-Vamos para casa pai...

Não pude ver o rosto do flautista aquela hora,mas ouvi o começo de uma frase inacabada que soava confusa sendo interrompida ao meu pai se virar e começar a andar comigo de volta para meu lar.
Meu pai não diz uma palavra no caminho mas suas mãos se fecham apertando a minha cada vez mais que andamos,não reclamo da dor,apenas sigo com ele...
Moro com ele e minha vó por parte de mãe,que é a única que me apoia...ela me diz que minha mãe pediu para que ficasse comigo me protegendo do meu pai,mas ela acaba sofrendo também e não consegue fugir por causa da sua idade avançada.
Meu pai é um ex-policial,e ele é uma vergonha para esse cargo,o porquê dele ser tão perigoso...nas horas que ele não prendia ladrões ou combatia crimes era assassino de aluguel e continuava com esse emprego porque cada morte que ele fazia era pago uma grande quantia de dinheiro que gastava em cassinos, bebidas e cigarros,mas também matava por querer ,quem o irritava ou uma pessoa que ele não gostava estavam em sua grande lista de assassinatos...claro que já fizeram acusações ao velho mas o fato dele já ter sido policial torna ainda mais vantajoso,saber reconhecer cada passo dos detetives e como responder interrogatórios da polícia sem ao menos parecer suspeito...ele sabia fazer isso por estar vários anos trabalhando nesse ramo.
E eu...eu sirvo para que desconte sua raiva enquanto está bêbado,assisti a ele jogando roleta russa com pessoas estranhas que aparecem em casa e jogar cartas com quando me pede.
Passei o caminho todo pensando no garoto albino...estava com medo do meu pai tentar matá-lo e seria culpa minha,meu desespero estava me sufocando,me sentia fraca mas ele me forçava a andar no mesmo ritmo que o dele.
Chegamos,aos olhos de uma pessoa qualquer aquilo era apenas uma casa normal,era arrumada e bem decorada...mas para mim se eu fosse descrever a visão do inferno,seria essa.