12- QUE BOM QUE ELA GOSTOU (ANDREW)

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- Ei, me perdoa... - disse ela enquanto vinha em minha direção. Eu estava de frente para o mar, com as mãos no bolso, sentindo o vento gelado soprar o meu rosto, revoltado com a situação. Ela não precisava se desculpar, não era obrigada a nada. Eu sabia que tinha um namorado e não é de um dia para o outro que esquecemos as pessoas. Mas para se apaixonar... Bufei. Apesar de me considerar um cara romântico, nunca havia vivenciado uma experiência daquelas, eu me encantei com Carol no primeiro momento em que a vi. Tinha certeza que era especial. Não foi vinte quatro horas depois, nem após 60 minutos, foi no mesmo instante. Eu não queria aparentar um psicopata que não suporta alguém chegando perto do que deseja, no entanto, era assim que eu me sentia. Queria pegar a porra desse Edu e... Acho que devo me controlar, não posso ser um ignorante incompreensível.

- Está tudo bem... - Observava as ondas se quebrarem fortemente.

Respirei fundo quando Carol parou ao meu lado. Ela estava extremamente sem graça, agitada.

- Ele... - Tentava começar um diálogo constrangedor. Analisei os seus trejeitos de relance, ela mirava o chão, trêmula, pois sentia frio. Será que deixaria abraçá-la? - Ele... É... Eu vou para casa encontrar o Edu. - Sua fala foi ganhando força, ao contrário de como me via. Engoli em seco.

- Como assim? - perguntei, indignado.

- Ele veio para cá sem avisar - respondeu, esbaforida. Estava desconfortável. - Viria no Natal, mas se antecipou.

- Isso é estranho. Não acha? - Voltei-me para ela por completo, com a testa franzida.

- Acho que é uma surpresa. Ele costumava fazer esse tipo de coisa. - Ainda não me encarava.

- Talvez não confiasse em você... - Soltei os meus pensamentos de maneira fria. Não esperava o seu rosto se levantar rapidamente, me mostrando um semblante enraivecido.

- Você não o conhece. Não fala dele! - rebateu Carol. Fez-me enxergar o que eu era para ela, só um passatempo que não seria lembrado assim que o churrasco acabasse. Doeu.

- Sinto muito... - falei, cabisbaixo. - Deixa eu te levar.

- Não... Isso não seria certo. Você perto do meu namorado... E além do mais, ele te reconheceria... E ele sabe que... - tagarelava, mas pausou o seu falar por uns instantes. - Não... Não. - Balançava a cabeça em negação.

- Carol, você vai com quem então? O meu primo falou que vocês dormiriam aqui de hoje para amanhã. - Gesticulava, tentando chamar sua atenção inconscientemente, contudo, ela não se cansava de dispersar o seu olhar. - Está bêbada. Não acho seguro andar por aí assim - argumentei, me aproximando. Meu instinto me fazia querer esquentá-la, entretanto, ela se afastou.

- Eu vou pedir um uber. Tenho que voltar na casa e pegar minha mochila.

- Não faz isso. - Não me contive, procurei chegar perto de novo, logo a envolvi em meus braços, começando uma sessão de carícias, a fim de trazer a ela o meu calor. Ela permitiu, se aconchegando. Sua pele se encontrava arrepiada. - Eu vou morrer de preocupação.

- É errado. Há pouco tempo a gente ia... Ai, meu deus... - Notei a culpa que carregava. Errado era o babaca não se comunicar durante 3 semanas e ainda sim ter o seu amor.

- Te deixo perto. Ele não vai me ver, nem eu verei ele. Tudo bem?

Achei que não conseguiria convencê-la, no entanto, já nos encontrávamos na metade do percurso, e o silêncio reinava.

- Meu chapéu... Esqueci o meu chapéu na praia. - Foi como voltamos a nos falar, depois de 36 eternos minutos. Queria dizer, esqueci a camisinha. E aí?

NEM NOS MELHORES SONHOS | Degustação Onde histórias criam vida. Descubra agora