No caminho para ninguém sabe onde, Duda choramingava por causa do tapa que tio Valter lhe dera na cabeça, depois do garoto tentar empacotar uma TV para a viagem inesperada. Nunca achei que tio Valter iria bater no garoto um dia.
Para onde íamos e a razão para tudo isso, era um mistério para nós, pelo menos, para Harry e eu era. Depois que nos mudamos para o quarto de brinquedos do meu primo e depois que a casa foi inundada por cartas hoje mais cedo, tio Valter nos enfiou no carro às pressas.
A viagem foi silenciosa, nem tia Petúnia teve coragem de perguntar onde estávamos indo. O senhor Dursley sempre estava dando voltas e mais voltas em vários quarteirões e entrando em ruas aleatórias e sempre que fazia isso, dizia:
- Para despistá-los! - Claramente era pra despistar, seja lá quem esteja tão ansioso para falar comigo e com Harry.
No fim do dia, chegamos em um pequeno hotel antigo que fedia a mofo e era mais empoeirado que a biblioteca da escola. Tio Valter pegou dois quartos, uma para ele e sua esposa e o outro para Harry, Duda e eu.
Meu gêmeo e eu dividimos uma cama, que como tudo nesse lugar, parecia velho e fedia igualmente a todo o resto. As paredes úmidas colaboravam para a sensação de abandono que pairava no lugar. Sem jeito e completamente desconfortáveis, nos deitamos exaustos do dia cansativo.
Soltei um espirro que fez Harry rir da minha cara, me forçando a dar-lhe um tapa antes de espirrar novamente. Me acomodei ao colchão que não estava tão mal assim, mas não pude dormir, não quando minha cabeça não parava de trabalhar em milhares de teorias, milhares de talvez, milhares de "e se".
Enquanto eu olhava para o teto imaginando o conteúdo da carta, ao som dos roncos de Duda, senti Harry se levantar no meio da noite e ir pra janela, se sentando no peitoril da mesma. Eu sabia que Harry estava cansado, ele não está falando, mas está cansado de tanto mistério. Me levantei e fui até meu irmão, que abriu um espaço na janela pra que eu me sentasse também. Ficamos calados, como sempre fazemos em momentos que não sabemos consolar, nem a nós mesmos. Observamos a cidade silenciosa, respirando o ar gelado, o que fez os sintomas da alergia se tornarem mais suportáveis.
- Não quer tentar dormir? - Olhei para meu irmão quando o mesmo perguntou.
- Acha mesmo que eu vou conseguir dormir? Essa alergia tá me matando. - Harry riu soprado quando apontei para meu nariz avermelhado.
- Tá bom então, maninha... - Olhou para a janela mais uma vez, respirando fundo com um sorriso tenso, vendo uma a cidade se movimentar. Respirei fundo, encarando meu irmão pensativa.
- Jay, quando a gente ficar maior, vamos ao cinema? Quero que seja uma das primeiras coisas que a gente faça...
Harry e eu temos o costume de fazer planos para quando as coisas forem diferentes, para quando a gente puder viver normalmente, sem armários, sem os Dursley ou os amigos de Duda, ou sem tio Valter reclamando sempre dos cabelos revoltos de Harry e sem tia Petúnia dizendo que meus cabelos são vibrantes demais para seu gosto. Planos para quando a gente saísse da rua dos Alfeneiros, casa número 4.
- Claro.- Falou.
- Ótimo, é bom que o nosso primeiro filme seja bom, então eu escolho.
E mais uma vez, ficamos em silêncio, observando a rua mais uma vez, apenas aproveitando o momento sem os gritos do nosso tio. O sentimento de frustração e impotência me acometeu e nós só pudemos ficar observando juntos a noite fria.
(...)
Na manhã seguinte, amanheci com os meus olhos inchados da alergia. Comemos coisas velhas e enlatadas no café da manhã, quero dizer, Harry e os Dursleys comeram, não consegui colocar nada daquilo na boca. Quando terminaram, a moça gentil da recepção se aproximou.
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▪︎𝕋𝕙𝕖 ℙ𝕣𝕠𝕡𝕙𝕖𝕔𝕪 𝔾𝕚𝕣𝕝▪︎
FanfictionMary Lilyan Potter, a definição de ambição, coragem, fidelidade, arrogância e ao mesmo tempo, um amor de pessoa. Mary é a garota que sobreviveu junto de seu irmão gêmeo, Harry James Potter ela passa pelos desafios de viver com seus tios Dursley, e u...