II. Uma manhã assustadoramente comum...

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Meu coração batia forte quando ouvi bebês chorarem. Portas eram fechadas com muita força e paços apressados pareciam estar por todos os lados, logo antes de uma luz verde atingir minha visão. Uma voz estridente ecoava raivosa. Pude sentir meu corpo inteiro arrepiar, mesmo sabendo que era mais um pesadelo estúpido.

Acordei em um susto quando os sons de batidas fortes e rápidas ecoaram pelo pequeno armário.

- Levantem-se! - Disse tia Petúnia ríspida e alto. Um resmungado baixo deixou meus lábios antes de uma risada frouxa, quando o som de Harry batendo a cabeça no teto do armário ao se levantar assustado ecoou. O garoto xingou baixinho gemendo com a dor. 

- ACORDEM!- Gritou e bateu na porta mais algumas vezes.

- Já estamos indo!- Respondi a morena, sentindo a irritação crescer em mim, principalmente na minha tia. Harry resmungou na cama de cima.

Respirei fundo coçando os olhos, deixando o susto passar e meu coração voltar às batidas normais. Levei minha mão ao meu ombro, onde ficava minha cicatriz. A região doía como se estivesse queimado, mas não estava, ela estava fina e branquinha como sempre.

Olhei para Harry, que se recuperava da pancada de alguns segundos atrás.

- Pesadelo?- Perguntei ao vê-lo pensativo olhando para cima massageando a testa avermelhada.

- Não... essa noite foi algo bom. Motocicletas voadoras.- Riu fraco, provavelmente se sentindo bobo mas eu sorri junto dele.

- Parece demais, Harry. Agora temos que ir! - Falei com um sorriso no canto da boca, dando uma leve batidinha na cama para apreça-lo a se arrumar, antes que tia Petúnia viesse nos massacrar.

Mas logo depois ouvimos alguns sons de panelas na cozinha e passos pesados vindo na direção do armário.

- Já levantaram?- Perguntou minha tia.

- Quase!- Anunciou meu irmão sentando-se curvado o suficiente para não se bater no teto mais uma vez.

- Ótimo! Quero que cuidem do bacon e não ousem deixar queimar! Quero que saia tudo perfeito para o aniversário de Duda... - Revirei os olhos.

Olhei para Jazz mais uma vez e ele parecia pensar o mesmo que eu: Duda estaria mais chato do que o costume.

- Ah... Tá..- Gemi desgostosa, alto demais.

- O que foi que você disse?- As palavras saíram duras dos lábios da mulher do outro lado da porta.

:- Nada!- falamos Harry e eu em uníssono, ouvindo a mulher se afastar.

Nos levantamos e calçamos as meias o mais rápido que conseguíamos. Prendi os longos fios ruivos em um rabo de cavalo e bufei quando o cabelo começou a se soltar quase que de imediato. Deixei pra lá, enquanto Harry tentava ajeitar o emaranhado de cabelos negros.

Quando ficamos prontos, saímos do armário e nos deparamos com a mesa de jantar, quase totalmente coberta, de tantos que eram os presentes que Duda ganhara. Conti uma careta quando vi uma bicicleta que Duda ganhou. Para que ele queria uma bicicleta? Duda odiava exportes, a não ser que envolvesse bater em alguém. Geralmente em Harry.

Enquanto eu mexia o bacon, para que não queimasse, pensei em quando éramos menores e eu costumava chorar ao ver Duda bater no meu gêmeo. Em uma quarta feira, consegui despistar Duda e sua gangue, para que não batessem nele. Um sorriso puxou a ponta dos meus lábios ao lembrar do soco que eu dei em Pedro, um dos amigos de Duda.

- Penteie o cabelo!- Mandou tio Valter, alto o suficiente para me tirar dos meus pensamentos. O homem porco encarou Harry enquanto entrava na cozinha.

Respirei fundo e desliguei o fogão. Me servi um pouco de bacon e me sentei, seguida de Harry que já saboreava um pedaço de bacon.

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