Fui em uma lanchonete que tinha perto do ginásio assim que saí de lá e, aparentemente, era um local comum para os estudantes desse colégio, vi algumas pessoas (mais do que eu gostaria) com o uniforme.
Uma das garotas se aproximou de onde eu havia me sentado. Um pouco antes dela vir em minha direção vi que estavam olhando para mim enquanto cochichavam.
garota: foi muito corajosa.
s/n: as fofocas aqui são rápidas né?
garota: um pouco. Ah, alias, me chamo Hinata Tatibana, e você é?
s/n: pode me chamar de s/n.
Hinata: o Takemichi vive se metendo em briga...
s/n: você é amiga dele?
Hinata: a gente meio que... namora.
Ela parece ser uma pessoa legal. Mas também parece ser o oposto do Takemichi. Não que ele não pareça ser uma pessoa legal, o que ele fez pelo amigo dele foi incrível sem dúvida nenhuma. Entretanto a garota na minha frente é delicada, e ela disse que ele sempre se mete em briga. Realmente parece que sempre mesmo, ele tava bem machucado.
Pelo menos dessa vez ele se meteu por uma boa causa. Era obvio que o amigo dele não tinha chance alguma contra aquele cara. Ele também não tinha contra o Kiyomasa, mas foi um ato admirável. Loucura, mas admirável.
s/n: os opostos se atraem...
Hinata: hum?
s/n: não, nada. Pensei alto só.
Hinata: certo... eu preciso ir, tenho curso agora. É um prazer te conhecer, s/n
s/n: idem.
Ela pegou a bolsa e saiu. Fiquei desconfortável com os fofoqueiros que cochichavam e olhavam para mim. Pra segurança de todos, resolvi sair da lanchonete antes que eu acabasse arrumando uma briga aqui também e, convenhamos, não acabaria nada bem.
Não tinha muito o que fazer nessa parte da cidade então decidi voltar para meu apartamento que embora não fosse grande coisa, era no centro. Já tinha passado um bom tempo do final das aulas então provavelmente não teriam estudantes no metrô a essa hora. A paz reinaria novamente e eu estaria segura de mais confusão.
pequena quebra de tempo -------------
Realmente não haviam estudantes no metrô essa hora, menos mal, já bastava os que estavam na lanchonete cochichando e me encarando. Desci na estação do centro e caminhei em direção ao apartamento que eu tinha alugado. Só alguns quarteirões de distância e eu já estava no hall do prédio.
Entrei no elevador e por sorte estava vazio, diferente das outras vezes que entrei enquanto fazia minha mudança, esse prédio parecia ser bem movimentado, principalmente no período noturno. Apertei o botão do meu andar e comecei a mexer no celular enquanto a porta se fechava.
Ouvi um barulho e olhei para frente, um pé estava travando a porta, subi o olhar e dei de cara com aquele cara do rabo de cavalo de trança.
"Kenzinho... fofo"
O apelido não combinava com ele, ele era alto e tinha muita marra de badboy. Percebi que eu estava o encarando e desviei o olhar para meu celular novamente.
Draken: é s/n né?
s/n: boa memória.
Draken: tá meio longe do ginásio, não tá não?
s/n: jura? Nem percebi...
Droga, eu e minha boca grande. Sempre falo as coisas antes de pensar, quando vejo já fiz merda. Mas também, por que que ele tinha que me fazer perguntas óbvias?
Draken: veio ver alguém?
S/n: Sim, vim ver minha cama. Eu moro aqui.
Ele ficou calado por um tempo com a cara fechada. Eu devia pensar antes de falar as coisas, talvez soasse um pouco menos grossa de vez em quando. E eu nem queria parecer rude agora, juro que não tinha a intenção.
Olhei no painel do elevador o numero que ele havia apertado, eram só alguns andares acima do meu, teria achado que ele também mora aqui se não fosse o número que mais vi gente apertando no painel do elevador.
Nem percebi o elevador parando até que a porta se abriu.
Draken: acho que nos veremos mais vezes então.
Dei um sorriso, não sabia o que falar, estava sem graça por ter sido grossa com ele a pouco. Saí do elevador e fui em direção ao meu apartamento. Joguei a bolsa em cima da cama me jogando logo em seguida. O tédio agora me consumiria.
s/n: a menos que...
A única coisa que seria mais forte do que meu tédio nesse momento: minha curiosidade. Tinha a chance de que isso me botasse em encrenca? Tinha. Mas eu ignoraria completamente.
Com o fluxo de pessoas que iam para aquele andar, talvez lá tivesse algum tipo de balada ou barzinho. Também tinha a possibilidade de ser algo que envolvia as gangs locais, claro, e se for esse o caso eu deveria manter distância desse lugar, mas eu estava completamente curiosa e entediada, precisava fazer alguma coisa.
Tomei um banho e troquei de roupa, se fosse uma baladinha eu não podia aparecer com o uniforme do colégio. Esperei que o elevador chegasse no meu andar e entrei, haviam dois homens bem arrumados e com cara de mais velhos. Não precisei apertar o botão, já estava selecionado o andar que eu queria e em menos de cinco minutos as portas do elevador já estavam se abrindo novamente.
O andar todo era um único apartamento. Esperei os dois homens saírem e saí logo após. Tinha uma pequena recepção e um segurança parado ao lado do balcão. Comecei a observar o local e vi algumas mulheres andando de um lado para o outro, entrando em algumas portas que tinham num corredor mais a frente. As roupas delas eram... um tanto chamativas, eu diria. Então me dei conta do que acontecia nesse andar.
"eu moro embaixo de um puteiro"
Chamei o elevador novamente, tentando convencer o segurança que se aproximou quando me notou parada na entrada, de que eu havia errado o andar. Assim que as portas do elevador se abriram desceram mais alguns homens e eu entrei. Notei o olhar deles ao passarem por mim, devem estar achando que eu trabalho aqui também. "Droga". Antes das portas se fecharem vi o Kenzinho saindo de uma das portas. Apertei o botão várias vezes para que a porta fechasse mais rápido, evitando que ele me visse ali.
Voltei para meu apartamento indignada e processando ainda a informação. Não é a toa que foi tão fácil alugar aqui. Por que se importariam com quem são seus inquilinos quando se tem um fucking puteiro funcionando em um dos andares, não é mesmo?
E o Kenzinho? Um completo pervertido. Ele é bonito, tenho certeza que não precisaria pagar para conseguir uma garota e mesmo assim ele tá lá. Mas o que eu esperava de um membro de gang? Ele pelo menos paga, já ouvi histórias nojentas sobre delinquentes que prefiro nem lembrar.
Preparei um miojo pra janta, embora não estivesse com fome realmente precisava me alimentar. Muita informação pra um dia só, amanhã me concentraria nas aulas e começaria a focar no que preciso: me manter longe de encrencas.
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A Garota da Gang
Fanfictions/n fazia parte de uma gang em sua cidade, mas após um acidente em uma luta contra a gang rival teve que se mudar para Tokyo. Novo colégio, novas pessoas, nova vida. Ninguém sabe sobre seu passado e o motivo de ter se mudado e é melhor que seja assi...