Quando as máscaras caem

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Narrado em terceira pessoa

O Carnaval de Veneza foi instituído em 1094 pelo doge Vitale Falier. O objetivo da festa era que a população tivesse direito a usufruir de um período de jogos, brincadeiras e diversão pública, antes da quaresma. A idéia não era nova, já que os antigos romanos celebravam i Giorni Saturnali, ou os dias de Saturno, festejando aquele deus. Tais dias eram regados a banquetes sacrifícios ao deus e subversão de papéis onde escravos tomavam o lugar de seus patrões. Em 1296, que o Senado veneziano formalizou o carnaval, decretando o último dia antes da quaresma como dia de festa. Entretanto, as comemorações tinham início bem mais cedo, em dezembro. E surgiram escolas ou confrarias de artesãos para produzirem máscaras e fantasias. Tais artesãos eram conhecidos como os "mascareri".


Veneza, carnaval de 1790

Ponto de vista de Mew

Sou convidado especial da família Contarini, uma das famílias mais nobres de Veneza. Minha família, há gerações tem relações comerciais com os mercadores de Veneza. E minha situação financeira, aliada ao fato de minha aparência física ser considerada exótica pelos nativos, me dá acesso a festas e eventos na alta sociedade. Não há quem não conheça Mew Suppasit Jongcheevevat.

Estou aqui há quase um ano. Neste tempo aprendi a falar italiano e estou prestes a participar de meu primeiro carnaval. Gaetano Contarini, meu anfitrião, está bastante entusiasmado. Apesar de ser um notório galanteador e sedutor, é durante o carnaval que ele se mistura com o povo e seduz tanto donzelas quanto mulheres casadas.

Nas ruas o povo desfila, celebra e, durante as noites, realizam-se vários bailes. E o baile de hoje, da casa Contarini, é dos mais esperados do carnaval. Vários Contarini foram doges de Veneza e o sobrenome inspira respeito e reverência, até mesmo entre os membros da alta sociedade. O doge atual, Ludovico Manin, é assíduo frequentador da casa Contarini.

Apesar de ter minha própria residência em Veneza, o Signore Contarini fez questão de que eu viesse passar alguns dias aqui. Me deu os melhores aposentos para hóspedes e faz questão de que eu seja muito bem tratado. Enquanto um criado me ajuda a colocar o traje feito sob medida para mim, eu observo meu paletó, imaculadamente branco, com botões e bordado em dourado e os punhos em veludo verde. A calça igualmente branca. Meu cabelo foi cuiddosamente penteado e arrumado. Para completar, a máscara branca, cobrindo meu rosto parcialmente.

Eu estou acostumado a usar máscaras desde muito cedo. Não dessas que se usam no carnaval, mas outro tipo. Eu preciso esconder quem eu sou, me adaptar aos costumes de uma terra estrageira, usar de diplomacia mesmo quando o comportamento das pessoas me parece peculiar. Assim que eu desço, meu anfitrião já está sentado no sofá, bebendo vinho.

- Signore Mew, quanta elegância!

Contarini não consegue pronunciar meu sobrenome, então me chama de Mew

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Contarini não consegue pronunciar meu sobrenome, então me chama de Mew. Aliás, todos o fazem. Depois de quase um ano, eu desisti de tentar fazer com que alguém aqui acerte a pronúncia.

Quando as máscaras caem (Oneshot)Onde histórias criam vida. Descubra agora