A Deusa do Sol

A Deusa do sol cap 1

A DEUSA DO SOL

CAPITULO 1

  O CASTELO FICA ESTREMAMENTE SOMBRIO A NOITE, mas não é isso que vai me impedir de sair, viro o corredor que dá acesso a cozinha, adentro o local com passos macios, evitando acordar Anastácia que dorme no quarto ao lado, automaticamente saco a velha chave de metal do meu bolso para destrancar a porta - investigar o castelo no tempo livre tem suas vantagens - viro a chave, uma, duas, três vezes e pronto, estou livre.
  Corro com os pés descalços pelo gramado bem cortado dos fundos do castelo, as estrelas sobre minha cabeça brilham, tornando a escuridão da noite em uma festa de pontilhados reluzentes, como uma caixa de papelão cheia de buraquinhos, como sempre vou até o lago que fica a poucos metros de onde estou, ergo a saia da minha camisola para que não molhe e mergulho meus pés na água, sentido as pedrinhas do fundo tocarem meus dedos, deito minha cabeça na grama e encaro a lua cheia que paira sobre meus olhos.
  Nunca me ocorreu de dormir em uma das minhas escapadas, mas estou tão cansada que não consigo evitar meus olhos se fecham e só percebo que dormi quando acordo com o sol brilhando e ouço os gritos desesperados de Anastácia tentando me acordar.

- Alteza, o que está fazendo aqui fora!? - Ela pergunta com um tom de voz preocupado, porém bravo. Demoro para interpretar o que estava acontecendo, quando me acordo completamente, tento me levantar, mas acabo caindo de volta. - Você dormiu aqui fora!?

Fasso que sim com a cabeça, e apesar de ser um gesto pequeno, sinto meu corpo todo doer, Anastácia coloca a mão na minha testa, como uma mãe preocupada faz com seu filho pequeno e então dispara incrédula:

-Você está ardendo em febre! - Logo meus olhos pesam de novo

Quando cordo estou deitada na minha cama, com meu pai sentado do outro lado do cômodo, com os cotovelos apoiados nos joelhos e a cabeça entre nas mãos.

- Ela vai ficar bem, é só um resfriado por ter passado a noite com os pés na água e no vento gelado. Mais uns dois dias de repouso e ela ficará melhor. - Um médico, que só vi agora diz, guardando algumas coisas na sua pequena mala.

- Obrigado Dr. Mickel - Meu pai fala se levantando e estendendo a mão para ele.

- D-de nada, m-eu senhor. - O médico diz, estremecendo diante do aperto de mãos do rei.

Após o médico se retirar, meu pai fecha a porta se recostando sobre a mesma e me lançando um olhar cortante, quero sumir.

-O que você pensou em sair durante a noite e sozinha? -Abro a boca para responder, mas ele não me permite começar. - Você sabe que falta apenas 1 semana para o seu aniversário de 18 anos, e 1 meses para a prova de posse do trono, o que as pessoas pensariam da possível futura rainha saindo às escondidas do castelo na calada da noite? - Dessa vez eu não tento responder, pensei que ele estivesse preocupado comigo, com a minha saúde, mas a única coisa que o preocupa é a reputação do reino. - Você precisa treinar para passar na prova. - Ah, a prova, as vezes eu até esqueço, eu vou competir pelo trono com minha prima Margareth. Ninguém a quer no controle, afinal ela é uma megera, se ela vencer assumirá o controle do Reino de Tuziana onde vive, e do Reino de Asharion onde moro, o mesmo vale para mim, caso eu vença.

- Mas os meus poderes nem sequer despertaram ainda. Como vou treinar?

- Você precisa estudar, ver como o poder funciona, precisa estar prepara para quando ele despertar, que será em breve. - No dia do meu aniversário de 18. Já ouvi isso um milhão de vezes. Todos despertam seus poderes aos 18 anos. O poder do nosso reino é a cristalocineze, consiste em criar, prender ou transformar qualquer coisa em cristal.

-Ok, pai. -É tudo que digo, ele me olha novamente com um olhar fulminante, abre a boca como se fosse dizer mais alguma coisa, mas antes, ele é interrompido por um sentinela que adentra o quarto e lhe entrega uma carta e logo em seguida se retira.