Vício Bandido [PAUSADA]

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Os dias foram passando e eu ainda não conseguia entender o que tinha acontecido, com muito medo de acusar alguém de uma coisa tão grave e acabar não sendo nada daquilo.

A gente tem que tomar muito cuidado com o que falamos, principalmente em favela, onde tudo querem cobrar, mas eu também estava amedrontada com isso.

Dormia e acordava com o que aconteceu na minha mente, até que eu pensei mais, e coloquei na minha cabeça que tinha sido com maldade sim, porque esse homem nunca se aproximou de mim, só demonstrava não gostar, como que de uma hora pra outra ele começa a me alisar?

Depois que aquilo aconteceu ele voltou a ser igual antes, não olhava no meu olho como fez aquele dia, como se tivesse com medo que eu contasse alguma coisa ou só esperando pra ver se eu ia dar mole! Resolvi contar pra minha mãe, vou acreditar na minha intuição, não falam que mulher sente tudo? Eu senti, não gostei e vou falar.

Nathália: Mãe, eu queria te contar uma coisa.

Rosana: O que foi, Nathália? Não tá vendo que eu tô ocupada não?

Nathália: Só queria que você soubesse.

Rosana: Que eu soubesse o que? - Me encarou, parando o que estava fazendo.- anda garota, fala logo, tu não tava aprontando aí pela rua não né?

Nathália: Não. É que....- Travei.- antes que você fale, não é implicância minha, mas esse Geraldo tá mais estranho que o normal.

Rosana: Como assim, mais estranho que o normal? Que conversa é essa?

Nathália: Mãe, ele tava me alisando.- Falei de uma vez.- ficou querendo ficar com o rosto no meu pescoço, fingindo que tava vendo no celular comigo, mas ele tava querendo me cheirar. E ele fica me olhando estranho, ontem mesmo eu senti.

Rosana: Claro que sentiu, olha o pedaço de pano que você fala que é roupa? Ele é homem, Nathália! Como que não vai olhar? Se tu não quer que ninguém olhe, é bom se cobrir mais, tá vendo? Quando eu falava que iria jogar esses seus shorts no lixo, você achava ruim!

Nathália: Mas o que tem de errado com o meu short? Ele nem é tão curto.- Eu disse olhando.- não tem nada demais.

Rosana: E você tá querendo dizer o que com isso? Que ele tá dando em cima de você? É? - Fiquei quieta.- responde, não veio aqui falar do assunto? Tá querendo dizer que ele tá afim de tu? Fala Nathália.- Gritou, batendo nas coisas.- você tá acusando ele de alguma coisa?

Nathália: Eu não tô acusando ninguém, só quis te contar o que ele fez, que eu não gostei mãe.- Falei chorando.- por que você tá do lado dele?

Rosana: Eu não fico do lado de ninguém, tá me entendendo? Mas porra, presta atenção, essas suas acusações pode custar a vida do cara, se enxerga. Se põe no seu lugar, ele te agradando, foi contra a minha vontade comprar celular que tu nem merecia, e você sacaneando ele pelas costas? Dando a entender que ele tá se aproveitando? Eu falei, Geraldo não tinha que ter te dado nada, não merece, é uma ingrata, sem noção nenhuma!

Nathália: Mas eu não fiz nada, eu não fiz nada...- Gritei me arranhando.

Rosana: Fez sim, você fez. Porque se não fizesse, não tinha acontecido.

Nathália: Você não me defende, você não cuida de mim, por que? Era pra eu ter ido embora, eu não tinha que ter ficado, ninguém aqui gosta de mim.

Rosana: Não tá bom? Porta da rua é serventia da casa! Só pegar suas tralha e ralar, não arrumou um lugar pra trabalhar? Então. Esse trabalho seu que eu nem sei do que é, chega em casa de madrugada e ainda mete uma que tava trabalhando, pra mim, você fica é pela rua usando droga.