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JOSH

Depois do grupo de estudos, entro na sala de estar e encontro meus colegas de república caindo de bêbados. A mesinha de centro está lotada de latas de cerveja, além de uma garrafa de Jack Daniel’s quase vazia que com certeza é do Noah, porque ele é do tipo que acha que “cerveja é para os fracos”. Palavras dele, não minhas.

Noah e Lamar estão jogando uma partida disputada de Ice Pro, os olhos fixos na tela plana enquanto apertam furiosamente os controles.

Ao notar minha presença na porta, Noah se volta por um instante na minha direção, e essa distração por uma fração de segundo lhe cobra o preço.

-Mandou bem, garoto!- comemora Lamar, à medida que seu jogador de defesa acerta um passe contra o goleiro de Noah, fazendo o placar acender.

-Ah, que merda!- Noah pausa o jogo e me lança um olhar furioso. -Porra, JB.! Acabei de levar um drible por sua causa.-Não respondo, porque eu estou distraído, pelo amasso seminu acontecendo no canto da sala.

Bailey se deu bem de novo.

Descalço e sem camisa, está esparramado na poltrona com uma loura só de sutiã preto de renda e shortinho, montada em cima dele e se esfregando contra sua virilha.

Seus olhos cor de mel me fitam por cima do ombro da menina, e Bailey sorri em minha direção.

-Beauchamp! Onde você estava, cara?- pergunta, com a voz arrastada.

E, antes que eu possa responder ao seu questionamento embriagado, volta a beijar a loura.

Por alguma razão, Bailey gosta de dar amassos em todos os lugares, menos no próprio quarto. É sério. É só dar as costas, e ele está se atracando com alguém. No balcão da cozinha, no sofá da sala, na mesa de jantar — o cara já se deu bem em todos os cantos da república que nós quatro dividimos. Ele pega todas e não está nem aí.

Até aí, eu também não tenho do que reclamar. Não sou nenhum monge; Noah e Lamar muito menos. O que posso fazer?

Jogadores de hóquei têm um apetite voraz. Quando não estamos no gelo, em geral estamos com uma gata ou duas. Ou três, se seu nome for Lamar e estiver na festa de Réveillon do ano passado.

-Faz uma hora que estou te mandando mensagem, cara- me avisa Noah.

Ele curva os enormes ombros para a frente e pega a garrafa de uísque da mesa de centro. Noah é um brutamontes da linha de defesa, um dos melhores com quem já joguei, e o melhor amigo que já tive.

-Sério, onde você se meteu?- resmunga Noah.

-Grupo de estudos.- Pego uma Bud Light da mesa e abro a latinha. -Que história é essa de surpresa?

Sei o quão bêbado Noah está pela ortografia das suas mensagens. E, esta noite, ele deve estar muito louco, porque tive que dar uma de Sherlock para decodificar o que queria dizer. Suprz era “surpresa”. E cdvcp eu demorei um pouco mais para entender, mas acho que era “cadê você, porra”. Em se tratando de Noah, quem pode adivinhar?

De seu canto no sofá, ele abre um sorriso tão grande que me espanto de sua mandíbula não se romper. Em seguida, aponta para o teto e diz:
-Vai lá em cima dar uma olhada- Aperto os olhos.

-Por quê? Quem está lá?- Noah prende o riso.

-Se eu contar, não vai ser surpresa.

-Por que estou com a sensação de que você está aprontando alguma coisa?

-Nossa- dispara Lamar. -Você tem sérios problemas de confiança, JB.

-Diz o idiota que colocou um guaxinim vivo no meu quarto no primeiro dia de aula.- Lamar sorri.

𝓞 𝓐𝓬𝓸𝓻𝓭𝓸ᵃᵈᵃᵖ| ʙᴇᴀᴜᴀɴʏOnde histórias criam vida. Descubra agora