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Elisa

Júlia e eu estávamos juntas há uma semana. Nesse período de tempo, eu já tinha conhecido sua residência que era grande demais para uma pessoa que morava sozinha. Segundo ela, o dinheiro que ela recebia das publis e dos demais trabalhos que envolviam suas habilidades de blogueira era mais do que suficiente para alugar um apartamento com dois quartos e vista privilegiada para uma das áreas arborizadas da cidade.

Ela era uma garota super independente e eu não podia deixar de apreciar isso, afinal, seu sucesso era cobiçado por muitas pessoas.

Mas quem eu queria enganar? Eu já estava ficando de saco cheio de ficar ali ouvindo ela falar "Oi, meninas" para o celular, observando ela mostrar seus recebidos, seus looks, maquiagem e outras coisas mais que envolviam a vida de influencer.

Eu só queria fazer alguma coisa para acabar com o meu tédio e, não observar o trabalho de uma Barbie por trás das câmeras. Pensando nisso, peguei meu celular e entrei no Instagram.

Depois de rolar algumas fotos no meu feed, me vi pesquisando o nome de usuário de Teo e logo visitei o seu perfil. Ele havia postado um vídeo jogando basquete sem camisa há dois dias atrás e eu não pude deixar de notar seus músculos salientes enquanto sua mão arremessava a bola na direção da cesta, tudo em câmera lenta. Quando a bola passou pela cesta, o vídeo voltou à velocidade normal e Teo retornou ao chão.

Por que ele era tão irresistível? Por que ele não saía da minha mente de jeito nenhum mesmo eu ficando com outra pessoa?

Suspirei e saí do seu perfil, desligando a tela do celular. Eu estava parecendo uma stalker maluca. Se eu tinha decidido manter distância de Teo, não adiantava nada eu fuçar suas redes sociais para saber como estava a sua vida. Mas acontece que era tão difícil, principalmente agora que ele estava cada vez mais ausente. Eu só o vira uma vez nessa semana durante o intervalo da faculdade e ele fez questão de passar longe de mim, evitando até nosso grupo de amigos.

— Está tudo bem?

Virei o rosto na direção de Júlia, que estava olhando curiosamente para mim com o celular na mão.

— Ah... Claro. — Me ajeitei na poltrona rosa no seu quarto.

— Você parece chateada com alguma coisa.

— Não é nada. Eu só tô um pouco cansada.

Júlia saiu da frente da sua penteadeira e se aproximou, me dando um selinho com seus lábios macios e cheios de gloss.

— Eu vou visitar o meu irmão agora. Você quer ir comigo?

Visitar o irmão dela? Isso significava que ela ia no apartamento de Teo?

— Mas é claro. — Abri um sorriso. — Quero, sim!

Ela sorriu também e disse:

— Você até ficou animada. — Júlia se afastou ainda com o sorriso no rosto. — Vai ser rápido. Eu só preciso checar se ele está tomando os remédios direitinho.

— Tudo bem — falei, criando várias expectativas sobre Teo. Eu só esperava que ele estivesse lá.

O céu estava escurecendo quando descemos para o estacionamento enquanto o clima abafado pairava no ar.

Aproximadamente 10 minutos depois, Júlia estacionou seu carro ao lado do meio-fio e eu saí do veículo, me deparando com um prédio de uns 8 andares, revestido de azulejos cinza. Passamos pelo porteiro que já devia conhecer Júlia, pois ele apenas a cumprimentou com um aceno de cabeça, e pegamos o elevador até o quarto andar. Assim que as portas duplas da cabine se abriram, uma música preencheu nossos ouvidos enquanto eu seguia Júlia até a porta de número 37.

Não Me EnganeOnde histórias criam vida. Descubra agora