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Depois de um dia cansativo de escola chego finalmente a casa. O céu escureceu drasticamente e tenho a certeza que era uma questão de tempo para começar uma enorme chuvada.

Mal abro a porta sinto uma súbita raiva preencher-me o corpo todo.

"Eu disse-te que não queria que trouxesses quem quer que fosses cá a casa." eu rosno mal vejo todo o gangue dos bad Boys sentados na minha sala de estar.

"Tu disseste raparigas mais propriamente" ele defende-se e eu mordo o meu lábio inferior tentando conter a vontade de me atirar para cima dele e lhe arrancar todos aqueles cabelos loiros.

O resto dos rapazes limita-se a observar e eu conseguia sentir a tensão e o medo do ambiente.

"Esta é a primeira e última vez Keane."

"Não. Eu também vivo aqui, por isso, se podes trazer as tuas amigas cá a casa eu também posso, nós combinamos não trazer raparigas não outra coisa qualquer e é assim que vai ficar."

Merda. Ele tem razão.

Fecho os olhos e respiro fundo numa fração de segundos e quando volto a encará-lo, consigo notar que, mesmo por trás do ser ar denominador, eu conseguia detectar um réstia de medo nos seus olhos.

"Muito bem, mas fica assim e não abuses. Longe do meu quarto, não toquem nas minhas coisas e não se atrevam a incomodar-me ou eu juro-vos que vai ter problemas comigo." Eu digo o que fez com que todos os rapazes da sala, incluindo Keane, engolissem um seco.

Não consegui evitar em soltar um sorriso de canto antes de ir para a cozinha.

Oh, o quanto eu adoro em ter este efeito nas pessoas.

Enquanto comia uma maçã na cozinha, observava a rua lá fora. Estava imenso vento e a chuva estava terrível. Pergunto-me o que o meu pai estará a fazer, ou como estará o tempo onde ele está. Nunca tive uma grande conexão com o meu pai. Nem eu nem Jeremy. Ele está sempre a trabalhar... Falta aos nossos aniversário, aos dias importantes em família, como o Natal por exemplo, e sinceramente acho que já não há nenhuma réstia de paixão entre a minha mãe e o meu pai. Jeremy não sabe, mas o pai nem sempre foi assim. Eu lembro-me que quando eu era pequenina, ele me levava ao parque para brincar, levava-me à escola todos os dias com a minha mãe e também me ia buscar, lembro-me também que todos os dias depois da creche comíamos um gelado.
Mas tudo mudou quando eu tinha uns cinco anos. Não sei o que aconteceu exatamente mas a única coisa que sei fora que o meu pai desapareceu por completo. Começou a aparecer cada vez menos em casa e a nossa relação de pai e filha quase que desapareceu.

Quando Jeremy nasceu eu pensei que tudo iria voltar a ser como era d'antes. Que seria uma oportunidade para voltarmos a ser uma família feliz toda unida mas nada aconteceu. Ficou tudo igual.
Jeremy, como cresceu habituado à ideia de que o pai nunca está em casa não sente tantas saudades como eu tenho dele porque nunca teve a oportunidade de conhecer o que o pai já alguma vez foi, mas eu sei que em silêncio Jeremy desejava ter um pai mais presente e que sofre com isto.

A minha mãe também não era excepção. Depois da súbita mudança do meu pai ela mudou completamente ficando totalmente abatida e deprimida. Foi preciso apoio psiquiátrico para voltar ao que era. Ela já está muito melhor sem dúvida, mas tanto como todos nós, ela continua a sofrer.

Entendem agora o meu profundo ódio pelo meu próprio pai?

Suspiro e saio da cozinha, indo direta ao quarto de Jeremy, ignorando as gargalhadas estridentes dos rapazes na sala de estar.

"Então parceiro, que fazes?" Eu pergunto ao entrar no seu quarto.

"Acabei de fazer os trabalhos de casa. E estou cheio de fome, quando é que chega a mãe para fazer o jantar?" Jeremy pergunta jogando-se para cima da cama.

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