Aboiz

Capítulo 2

Antes que alguém pudesse voltar, entrei no carro e fui para o endereço que estava no SMS. Sem duvidas o local era da área nobre, pois cada vez mais o cenário mudava de prédios em ruínas e bares duvidosos, para grandes casas e prédios novos espelhados.

Parei o carro na frente do endereço, um prédio de três andares, os espelhos me impediam de ver o que tinha dentro do local, mas antes que eu pudesse apertar o botão do estacionamento, a cancela se abriu me fazendo rir, eu estava mesmo entrando em um covil.

Engoli a seco quando pisei no acelerador, chegando em um estacionamento largo, com carros de luxo, motos e algumas caminhonetes. Ninguém estava ali para me receber, tudo estava calmo demais. Sai do carro devagar, ainda olhando a minha volta e novamente, ninguém. Caminhei até o que parecia ser o elevador e assim que apertei o botão as portas de aço se abriram para mim, revelando um elevador também espelhado. Qual o problema dessas pessoas?

Na dúvida do andar, apertei no último. Estava adiantada, talvez devesse avisar Artie. Peguei o celular, abri a caixa de mensagens e quando apertei enviar, não tinha sinal.

A porta se abriu.

Um tiro ecoou até chegar ao elevador me fazendo abaixar meu corpo e fechar os ouvidos. Abri meus olhos com receio de ver mais do que deveria, pois no momento que existe uma testemunha ocular, tudo muda de figura.

Dois homens estavam apareceram em minha frente, um era Artie e o outro eu não pude reconhecer, usava uma máscara balaclava, seus olhos me fulminavam como se não estivesse gostando nada do que estava vendo. Em sua destra uma Glock, ele foi o dono do disparo. Atrás deles, um corpo era arrastado, deixando um rastro de sangue pelo chão.

O homem armado saiu batendo furioso, sussurrando algo no ouvido de Artie e o mesmo esticou a mão para que eu levantasse, mas não precisei de ajuda.

- Está adiantada. – Ele disse me puxando pelo cotovelo para dentro do grande Hall. Era apenas isso, um enorme Hall, tudo em branco, sem paredes ou mobília. Fácil de limpar, perfeito para encontros e uma ótima acústica.

- Isso é algum problema? – Pergunto com sarcasmo.

- Você me parece ser um problema. – Ele diz com um sorriso no rosto, como se estivesse se divertindo com aquilo. Caminhamos até uma parte perto da janela, os homens já tinham sumido com o corpo e dois estavam limpando o chão com algo tão químico que minha cabeça chegou a doer, tinha grandes enxaquecas depois de um acidente de carro que tinha me deixado com uma contusão.

Ouço barulho de salto pelo piso e quando viro meu rosto, uma loira vem em nossa direção. Seu rosto era lindo, o vestido preto parecia ter sido feito apenas em sua homenagem e os lábios vermelhos tinham um sorriso amigável.

- Você deve ser a solução de nossos problemas com os carros. – Ela disse parando a minha frente, esticando a mão na minha direção e eu logo apertei. – Eu sou Viena.

Afirmo com um sorriso simples, tentando ser tão charmosa quanto ela. Não me achava uma mulher feia, mas qualquer uma ao lado dela seria apenas uma mera mulher. Noto que seu nome também é de uma cidade, Viena era de algum lugar da Europa. Então, eles eram irmãos.

- Bom, serei sincera com você. Eu não estou entendendo, o que vocês são? – A loira olhou para Artie, se encostando em uma grande janela, acendendo um cigarro, olhando para o céu.

- Vamos dizer que somos dono da 78% do estado de Michigan, porém estamos com problemas, esse número caiu para 71%. Temos policiais, federais, políticos, toda essa corja em nossa folha de pagamento. Mandamos drogas pro país inteiro, assim como armas e peças de carros. A Interpol está na nossa cola e precisamos de alguém que nos ajude com os carros, nosso último ajudante morreu. Mataram ele na fronteira com o México... – Antes que a mulher pudesse terminar de falar, eu ergo minhas mãos, dando passos para trás, aquilo era exatamente o que eu estava tentando evitar. Mas antes que eu pudesse falar alguma coisa, meu corpo se choca com algo ou melhor, alguém. Olho por cima do ombro, vendo aqueles olhos verde escuro me encarando, ainda usando a máscara de balaclava e consigo sentir o calor da adrenalina que ele emite. Tento me recompor, mas tudo vai por água a baixo quando ele tira a máscara.