Capítulo 3

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Ouço algumas batidas leves na porta.

— Itachi, o almoço está pronto, quando quiser...

Abro a porta e ela se interrompe. Talvez não esperasse que eu viesse tão depressa.

— Eu ia dizer que, quando quiser almoçar... — falou meio tímida. — Espero não estar interrompendo algo importante.

Era difícil encará-la depois do que fiz, mas respirei fundo e ignorei a leve vergonha que sentia. Então, respondi cordialmente:

— Não está. Acabei de falar com uns colegas. Talvez eu consiga uma entrevista em breve, em uma firma de advocacia.

— Isso é ótimo!

— É o primeiro passo — comento animado. — Vamos comer?

Ela aquiesce com um menear de cabeça e seguimos juntos.

— Você fez um banquete aqui — digo surpreso ao ver a mesa repleta de comida.

— Eu gosto de cozinhar. Geralmente faço algo mais simples porque não tem graça fazer só para mim. Mas já que tenho um convidado... — Deu de ombros.

— Sabe que não tem que se dar ao trabalho.

— É algo prazeroso para mim. Seja bonzinho e aprecie a refeição! — falou em tom mandão.

Era fofo quando ela fazia isso.

— Está bem, senhora Uchiha. Serei um garoto obediente.

— É bom mesmo — murmurou ainda naquele tom, comprimindo os lábios para segurar um sorriso.

A comida de Sakura era algo surreal. Sempre achei que a melhor comida do mundo pertencia a minha mãe, mas minha cunhada está me surpreendendo.

Deixo escapar um sonoro "hmm" e vejo ela sorrir, de canto de olho.

— Está tão bom assim?

— Seria redundante dizer que está perfeito.

— Não seja exagerado.

— Não sou. Eu falo sério.

— Fico feliz. É bom ter alguém... Bem, eu gosto de cozinhar para as pessoas.

— Sei como é. É bom ter um pouco de reconhecimento. E nesse caso, você merece minha total e sincera admiração.

— Obrigada — murmurou corando um pouco.

Quando acabamos de comer, ela começou a recolher os pratos, mas segurei sua mão quando ela se aproximou.

— Deixa que eu faço isso.

— Não precisa, Itachi. Eu estou à toa mesmo.

— Você cozinhou, e eu quero retribuir. Por favor.

Ela torceu os lábios num biquinho e então concordou meio relutante.

— Desse jeito não vou ter nada para fazer.

— Ah, você vai sim — falei enquanto me levantava e levava a louça para a pia. — Já pensou sobre o que falamos antes?

— Sobre um emprego?

— Isso mesmo.

— Sasuke não permitiria.

Parei de esfregar o prato em minhas mãos. Olhei para trás devagar. Imagino que eu estava com uma cara bem irritada, pois eu contraí meu rosto ao ouvir aquilo.

— Permitir?

— N-não... — ela gaguejou. — Eu quis dizer... Ele não ia aprovar...

— Ele pensa em sua aprovação quando toma as próprias decisões? Quando chega tarde à noite?

Minha adorável cunhadaOnde histórias criam vida. Descubra agora