A Primeira Música - (Resilience Livro II) [DEGUSTAÇÃO]

♦ Prólogo ♦

Ivry

Sair de casa foi uma das coisas mais difíceis que já fiz, senti um aperto no coração ao deixar todos para trás para seguir meu sonho de ser fotógrafa, mas também estou grata por me apoiarem tanto nessa ideia maluca de vir estudar na NYU e deixar os negócios da família para trás.

Minha família tem uma clínica veterinária e apesar de ser apaixonada pelos animais senti necessidade de seguir o meu próprio caminho, construir a minha própria carreira.

É engraçado em como eu lembro de todos os momentos que fui à clínica quando era menor e ficava brincando com os cachorros de outras pessoas, eu ficava horas fazendo carinho nos filhotes que nasciam e não via a hora de fazer parte de tudo aquilo.

Mas então comecei a entender que cuidar de animais vai muito além disso e eu não estava nem um pouco a fim de ter a vida desses bichinhos nas minhas mãos, seria muito doloroso se eu não conseguisse salvar algum deles e ainda deixaria famílias inteiras tristes. Foi então que a fotografia chegou na minha vida e eu finalmente encontrei a minha maior paixão profissional.

Eu sempre morei em Nova York e amo essa cidade demais, não me imagino morando em qualquer outro lugar que não seja aqui, fico pensando que apesar de querer viajar muito, especialmente tirando fotos, não quero viver longe das pessoas que amo e se um dia reencontrar a pessoa com quem quero passar o resto da minha vida ao lado, quero que minha família esteja junto a mim para vivermos mais momentos maravilhosos.

Quero ver a minha irmãzinha crescer e realizar todos os sonhos que têm, ela é a minha heroína, mesmo tendo somente onze anos. Ela me faz sorrir nos momentos mais difíceis e usa os meus saltos acreditando estar andando em uma passarela de verdade, o que me faz sorrir feito uma boba.

Espero encontrar pessoas em meu caminho que me façam crescer, que me acompanhem nessa jornada de descoberta, porque ainda não conheço cem por cento a Ivry Monet.

Luke

Não acredito que estou mais uma vez pensando na possibilidade de desistir da música, faz tanto tempo que estou tentando viver dela que parece que nunca vai dar certo, é tão tentadora a ideia de desistir e cursar Engenharia como os meus tios sempre falam para eu fazer, parece bem mais lucrativo considerando que eles já estão no ramo a tantos anos.

Eu tento colocar na minha cabeça que vai dar certo, já deu pra muita gente, todos os músicos começaram do zero e muitos deles se tornaram extremamente famosos e vivem do que amam fazer, então pode dar certo pra mim também, só preciso continuar fazendo a minha parte.

Suspiro pesadamente, tem dias que são mais difíceis que outros, em uns eu quero vencer o mundo, sinto que tenho força o suficiente pra fazer tudo acontecer, mas em outros, como esse, sinto que a qualquer momento vou me jogar no chão e deixar a vida passar diante dos meus olhos.

Fecho os olhos por breves segundos sentindo a brisa leve da manhã, eu amo essa época do ano, o outono é a minha estação favorita, talvez o inverno seja, porque é a época do Natal e é lindo ver a neve cair em pequenos flocos do céu, porém o outono está entre os favoritos.

Abro os olhos vendo uma bandana vermelha voando em minha direção, a pego procurando com os olhos quem deve ser o dono dela e encontro uma ruiva olhando ao redor com as mãos na cabeça e me convenço de que é dela.

— Acho que isso é seu — digo ao caminhar em sua direção e constatar que sim ela é ainda mais linda de perto.

— Obrigada. — O sorriso dela me faz paralisar por breves segundos. — Tudo bem?

— Sim, tudo bem — falo levemente envergonhado. — Me chamo Luke.

— Ivry.

— Você é ruiva. — Por que exatamente eu falei isso?

— É, eu sei.

— É natural? — Tentar disfarçar não vai adiantar nada, mas mesmo assim eu tento.

— Sim.

— Seu cabelo é lindo — falo suavemente desistindo de parecer um idiota.

— Obrigada, te vejo por aí Luke.

Talvez eu esteja babando ao ver ela andar pra longe com seus longos cabelos ruivos voando com o vento, mas você não pode me culpar, a mulher é maravilhosa.