♦ Capítulo Cinco ♦

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Ivry


Eu fiquei por pelos menos uma hora procurando os meus amigos na festa, mandei mensagens, mas nenhuma delas foram respondidas, até que decidi ir embora, cheguei no dormitório e Lottie não estava, deduzi que voltou com os meninos e descobri isso agorinha mesmo porque mandei mensagem mais uma vez e ela disse que dormiu por lá.

Eu sei por que eles foram embora, vi Luke saindo de lá praticamente correndo logo que quebrei o beijo com um cara que nem lembro o nome mais e entendo que terminei de partir o coração dele.

Você está com raiva de mim, eu sei.

É só que não sabia mais o que fazer, ver aquele olhar de decepção dele me matou por dentro e parece que resolvi simplesmente acabar com tudo e destruir o coração de Luke. Não vou inventar nenhuma desculpa, sei que errei com ele.

Ryan e Lottie vão ao orfanato onde ele cresceu, então sei que Luke vai ficar em casa e não sei se devo ir até lá pra me desculpar ou se é melhor o dar espaço e o deixar continuar me odiando.

Por causa de tudo isso bebi mais do que aguento na festa e agora minha cabeça parece que vai explodir de tanto que dói, já tive que tomar dois remédios e até agora nada.

Tento me concentrar em um dos livros que peguei do quarto da Charlotte, mas parece impossível.

Ouço a porta do meu quarto se abrindo e minha colega de dormitório entra parecendo chateadíssima.

— Finalmente você chegou — digo largando o livro e tentando conversar sobre algo que possa me distrair. — Me conta tudo! Como assim você dormiu na casa do Ryan e do Luke?

— Antes eu quero conversar com você sobre o Luke.

— Como assim? — me faço de desentendida na esperança de que o assunto chegue ao fim logo.

— Ele ficou bem triste com você.

— Por quê? O que eu fiz?

— Você beijou outro cara na frente dele — fala se sentando ao meu lado.

— O que tem?

— Luke gosta de você.

Essa afirmação saindo da boca de alguém parece ainda mais potente, porque eu sei que Luke não disse nada a Charlotte, ela simplesmente percebeu.

— A gente combinou que não ia ser nada sério.

— Mas acho que ele pensa diferente.

— Eu falei pra ele que não entro em relacionamentos.

— Luke parece ser alguém que gosta de relacionamentos.

Suspiro alto tentando conter as lágrimas de tristeza, arrependimento e um sentimento muito mais forte que não quero nem pensar.

— Conversa com ele, ok?

Saio do quarto querendo poder ficar livre para chorar sem que ninguém veja, enquanto saio do prédio as lágrimas escorrem sem que eu consiga as deter, caminho sem olhar a direção soluçando ao perceber que magoei tanto alguém que se tornou tão importante pra mim.

Eu andei por muito tempo e apesar de estar sentindo dor nos pés não quero parar, parece que assim consigo fugir de toda essa situação e não ter que encarar a dor de Luke, sinto que tenho que terminar tudo, porque senão vou continuar o magoando e não vou conseguir suportar isso.

Por causa do choro minha cabeça está latejando mais ainda e a caminhada não parece estar servindo para clarear a minha mente que parece estar repleta de uma névoa cinzenta.

Sei que vou precisar encarar ele em algum momento, mas espero que eu possa adiar mais um pouco, quem sabe amanhã na casa dele depois da festa, melhor antes, provavelmente vou estar sóbria ou quem sabe eu beba um pouco pra tornar tudo mais fácil.

Não quero pensar no que isso tudo significa, eu não deveria sentir todas essas emoções turbulentas por terminar um relacionamento que nunca começou, nunca foi assim, sempre quando não queria mais nada com alguém simplesmente finalizava aquilo. Por que com Luke tem que ser diferente? Por que com ele me sinto triste em não poder mais beijá-lo?

Chego no Central Park pela décima vez de tanto que andei por essa cidade e consigo ver um cabelo loiro em um perfeito penteado a alguns metros de mim. Luke está sentado sob uma árvore, sua cabeça está apoiada no tronco e seus olhos estão fechados.

Meu coração palpita dentro do peito e não me atrevo a chegar perto dele, não sei se vou conseguir fazer o que preciso amanhã ao ver seu lindo rosto e lembrar a pessoa maravilhosa que ele é, chegar perto daquela boca e não poder a provar mais uma vez, preciso me preparar pra amanhã e não vou conseguir fazer isso tendo ele tão perto de mim.

Retiro o celular do bolso, abro na câmera e tiro uma foto dele exatamente assim, parece um momento importante de ser lembrado, dou meia volta e corro o mais rápido que posso esperando que ele não me veja, mas ao mesmo tempo querendo ser parada por ele e recebida em seus braços.


Luke


Abro os olhos e vejo uma grande quantidade de cabelos ruivos correndo pra longe e sei que Ivry está correndo de mim, talvez não querendo terminar de destroçar o meu coração, que mais parece de vidro nesse momento. Ninguém nunca conseguiu me fazer sentir assim e me pergunto se vou conseguir ter ela ao meu lado sem poder sentir o cheiro do seu cabelo ou a maciez de sua pele.

Pode ser que eu consiga, sou tão bom em fingir que tudo está bem que quem sabe dê certo, posso mostrar a ela que está tudo bem, que não tem problema, só espero conseguir ser menos transparente, um livro fechado, sem mostrar a mulher que estou me apaixonando o que realmente sinto por ela.

Geralmente Ryan é o único que consegue decifrar todas as minhas dores e sentimentos que tento guardar dentro de mim a sete chaves, nem as pessoas que me criaram tem essa habilidade, porque tive que esconder meu descontentamento sobre o que querem para o meu futuro por tanto tempo que me tornei especialista.

Mas com Ivry não vai ser um problema, vou fazer o meu máximo pra que ela não saiba o amor que guardo dentro de mim, um amor que não imaginei que poderia florescer tão rápido, só que ela faz isso com as pessoas e eu jamais vou poder sentir raiva dela por essa dor, o amor está acima de todos os sentimentos negativos, não importa quantas vezes Ivry quebre meu coração ele sempre será dela.



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A Primeira Música - (Resilience Livro II) [DEGUSTAÇÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora