Depois de ter um dia que com certeza podia ser definido como turbulento, eu apenas cheguei em casa, tomei um banho, vesti uma das camisetas antigas da banda e fiquei largada no sofá comendo sorvete enquanto zapeava os canais da tv, obviamente não estava vestida para receber visitas, mas aparentemente fantasmas não sabiam disso, Reggie apareceu na minha frente do nada, o que me fez soltar um gritinho e cair do sofá.
-Machucou? - Ele perguntou soando preocupado.
-Nada que gelo não resolva, dá próxima você podia sabe, bater na porta pra não me pegar seminua no sofá. – Me levanto e coro em seguida, percebendo que ele olhava diretamente pras minhas pernas. -Espere aqui, eu volto em alguns minutos. – Digo e saio correndo pro quarto.
Voltei pra sala totalmente vestida e dei de cara com ele olhando alguns dos discos na parede.
-Legais né? - Pergunto enquanto me aproximo dele. – A maioria veio com o estúdio, não quis me livrar deles e usei como decoração. – Continuo enquanto aponto pra um Disco em especial. – Eu consegui algumas cópias quando estava processando o babaca do Bobby. – Falo enquanto ele admira o disco da Sunset Curve.
-O que ele fez quando viu você toda crescida na frente dele?-Reggie perguntou sem tirar os olhos do disco.
-Me pediu em casamento, os meninos estavam comigo no dia e isso rendeu ótimas risadas. -Aponto pro disco da minha antiga banda. – Esse foi o nosso primeiro, conseguimos ele e todos os outros por que eu convenci os garotos a seguirem a teoria da Sunset Curve. - Comento sorrindo.
-Toque em qualquer lugar. – Ele diz enquanto olha pro disco.
Sorrio ao ouvir o comentário dele.
-E aí, o que te trouxe aqui? - Pergunto enquanto me afasto da parede de discos.
-A é, a Julie precisa da sua ajuda pra chegar até um show que o Luke inscreveu a gente sem perguntar se podia. – Ele responde sem sair do lugar.
-Ela podia ter ligado. – Comento enquanto pego os documentos da moto, o celular e o capacete.
-É, mas eu fiquei curioso quando você disse que morava em um estúdio antigo, a Lena que eu conhecia estaria morando em uma cobertura agora. – Ele diz e sorri em seguida.
-A Lena que você conheceu tinha 4 anos e achava que ia se casar com um produtor de rock. – Comento sorrindo. -Muita coisa mudou Reggie, te encontro lá?- Pergunto enquanto abro a porta.
Ele apenas concorda e some em seguida, deus eu ia demorar a me acostumar com aquilo, não demorei muito a chegar na casa da Julie e então vi ela fugindo pela janela, os meninos apareceram ao meu lado enquanto eu esperava por ela.
-Tenho uma dúvida, se ela cair e morrer, ou se o pai dela matar ela, ela volta como vocês?- Pergunto enquanto vejo a garota descer com muita dificuldade.
-Estamos torcendo pra ela não morrer jujubinha. – Luke respondeu enquanto os outros ainda observavam a garota.
-Eu sei L, mas e se? - Pergunto olhando diretamente pra ele.
-A gente não sabe, ela é nova demais pra ter assuntos inacabados certo?- Ele pergunta olhando pros outros.
-Nós tínhamos a idade dela quando morremos e aqui estamos. - Reggie respondeu olhando pro Alex.
-Comentário totalmente desnecessário. – Digo enquanto olho pros três.
-Foi mal coralzinho. -Reggie disse sorrindo.
Luke e Alex me olharam confusos enquanto Reggie continuava sorrindo.
-É só uma tatuagem que tenho na perna, nada demais. – Explico e rezo pro Reggie ficar quieto.
Felizmente a Julie chegou antes que ele pudesse falar qualquer coisa sobre o estado em que me encontrou
-Okay trupe dos fantasminhas, vocês nos esperem lá, Julie vai ser meu gps. – Comento e guio ela até a moto.
Escuto Reggie resmungar algo sobre o fato de só a Julie ir comigo e acabo rindo quando Luke dá um tapa na testa dele e ambos somem, ajudo Julie com o capacete e durante o caminho ela me conta sobre a amiga dela que vai nos encontrar lá, aparentemente outras bandas também iam se apresentar ali e alguns olheiros estariam presentes, o que era bom e ruim ao mesmo tempo, mas eu guardei esse último comentário pra mim.
Quando chegamos lá, um grupo de garotas estava se apresentando, elas usavam perucas coloridas e apenas uma cantava como se fosse o centro das atenções.
-Parece uma parada Gay fora de época. – A amiga da Julie comentou.
-Não ofenda os gays. – Comento e vejo Alex ir até lá dançar com elas. - Isso parece um arco-íris fora de época. - Continuo e acabo rindo com a performance do Alex.
Ele aparece ao nosso lado e nós quatro olhamos pra ele.
-Está se divertindo?- Julie pergunta tentando não sorrir.
-Desculpe.... são os meus pés. - Ele comenta tentando soar confuso.
-Claro que são. – Digo sorrindo.
-Eu vou voltar pra lá. - Ele diz antes de reaparecer no palco.
A amiga da Julie olhava tudo confusa enquanto tentávamos disfarçar o riso já que aparentemente ela não conseguia ver os meninos, logo eles sobem no palco e eu apenas fico ali sozinha, feliz por finalmente vê-los tocando de novo, aqueles três claramente tinham nascido pra brilhar, vejo uma das olheiras da minha antiga gravadora começar a andar na minha direção e simplesmente vou até a Flynn, que eu aprendi ser o nome da amiga da Julie e me escondo atrás do projetor.
-Se importa em dizer o que está fazendo?- Ela pergunta claramente confusa.
-Evitando que as pessoas percam o foco do palco, uma das olheiras trabalha pra minha antiga gravadora, eles vêm tentando renovar comigo desde que a banda acabou. - Respondo e continuo escondida.
-A Julie disse que você é a irmã caçula do Luke, então você seguiu os passos dele¿- Ela pergunta sem olhar pra mim, claramente disfarçando minha presença ali.
-Yep, mas eu sou diferente dele, não trabalho bem com uma banda e depois da última, a carreira solo foi uma escolha melhor. - Respondi e me levantei apenas para aplaudir o final da música.
Vi Nathalie ir falar diretamente com a Julie e respirei aliviada, os garotos estavam ao meu lado e me olhavam confusos.
-Não achei que fosse viver para ver Elena Paterson se escondendo de seus antigos representantes. – Leonard disse depois de brotar do além ao meu lado.
-Puta merda Leo, quer me matar? - Pergunto olhando diretamente pra ele.
-Vai nos dar a honra de te ouvir tocar hoje?- Ele pergunta e em seguida aponta pra Nathalie. - Parece que a garota que interessou a Nath está indo embora....
Não o deixo terminar de falar e vou tentar resgatar a Julie do próprio pai e vejo os olhos do homem brilharem quando ele me vê parada em frente a porta.
-Hey, você deve ser o pai da Julie, sou a Lena, eu prometi pra ela que não deixaria ela ir embora sem me ouvir antes e levando em consideração o cd que ela me mostrou, acredito que o senhor também gostaria de ouvir. – Comento sorrindo.
Julie me olhava com uma cara que claramente dizia “o que diabos você tá fazendo”, mas ela não reclamou quando o pai dela apenas concordou em ficar, eu não estranhei em ver o Leo me entregando uma guitarra assim que eu subi no palco, aquele merdinha era outro que me enchia o saco pra me ter de volta na equipe de assessorados dele, ajustei o microfone e então comecei a cantar uma das primeiras músicas dos meninos, a única que a desgraça do Bobby não tinha conseguido roubar, ver o sorriso dos três aqueceu meu coração e eu simplesmente continuei cantando, ver a cara de chocada das duas adolescentes paradas ao lado deles me fez sorrir enquanto eu cantava.
Quando eu desci do palco fui rodeada pelos três fantasmas e vi a Julie ir embora com o pai, apenas sorri e segui até o estacionamento com os meninos no meu encalço.
-Vocês podem me encontrar no meu apartamento, eu conto tudo lá. - Digo baixinho enquanto coloco o capacete.
Obviamente quando cheguei em casa, Reggie estava deitado no meu sofá enquanto o Luke e o Alex admiravam a parede de discos.
-Gostaram? - Pergunto enquanto largo o capacete e os documentos da moto na mesinha do hall.
-Você passou os últimos vinte e cinco anos bem ocupada maninha. – Luke comenta enquanto admira os discos da minha antiga banda.
-Como conseguiu os direitos de Now or Never coralzinho?- Reggie pergunta ainda no sofá.
-Bom o idiota do Bobby não incluiu ela no repertorio de músicas roubadas, e quando eu cantei e ele apareceu querendo cobrar os direitos, a música já estava registrada como sendo minha e com os nomes de vocês como compositores. – Respondo e dou de ombros. – Ele não pode fazer nada, os pais de vocês recebem uma parcela de lucros pela música, era o mínimo que eu podia fazer. – Comento baixinho enquanto tirava os sapatos.
Quando voltei a olhar pra sala, apenas o meu irmão estava lá.
-Me deixou bem orgulhoso hoje, sabia que você tinha talento, mas caramba. – Ele diz e aponta pros discos na parede.
Sorrio de orelha a orelha com o comentário dele.
-Bom, uma certa pessoa me fez prometer que eu nunca largaria meus sonhos, então eu não larguei. – Dou de ombros e vou até onde ele estava parado.
-Nunca imaginei que a garotinha que batia palmas pra qualquer coisa que eu tocasse, estaria tocando uma das minhas músicas com tanta segurança, o que aconteceu com a sua timidez jujubinha?- Ele pergunta me olhando.
-Enfie ela na garganta de um menino idiota junto com uma salsicha quando eu tinha 14 anos. – Respondo e sorrio em seguida ao ver a cara dele. – Eles me chamavam de a irmã do cara que morreu por uma salsicha na escola, eles se arrependeram disso. – Sorrio de forma fofa quando me lembro daquele lindo dia.
-E eu aqui achando que você era um neném inofensivo. – Ele comenta tentando não rir.
-Ei eu sou um neném perto de você quarentão, só não sou inofensiva. – Dou de ombros e vou até o sofá me jogando nele em seguida.
-E aí por que o Reggie tá te chamando de coralzinho? - Ele perguntou me olhando curioso.
-Então... quando ele veio me avisar sobre a Julie precisar de uma carona, eu já estava de pijama e bem a vontade aqui no sofá e aí ele viu um pouquinho mais do que devia. – Comento enquanto tiro a calça, deixando a tatuagem bem visível. - E aqui está o famigerado coralzinho.
Meu irmão olhou da minha tatuagem pra mim e sumiu logo em seguida, o que me fez rir, continuei deitada no sofá enquanto zapeava os canais da tv procurando algo pra assistir
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follow the beat
FanfictionE se Luke não fosse o único Patterson? E se Emily tivesse dois filhos? Acompanhem a história de Elena Anne Patterson e descubra como seria a vida da garota que podia ver fantasmas