Maldições?

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Já me disseram muitas vezes que tudo na nossa vida ocorre por um propósito, nada acontece por nada. Mas eu não sei se acredito nisso ou não, porque por um lado faz sentido, porém por outro não faz.

Não é querendo me vitimizar, mas ja me vitimizando, do que adiantou eu sofrer todos esses anos da minha vida? Se eu viver por mais uns trinta anos espero que tudo de bom aconteça pra mim.

Lentamente abro os olhos com dificuldade me acostumando com a luz do ambiente.

Aos poucos recupero os sentidos abrindo os olhos por completo e olho o local ao redor, provavelmente isso é um quarto de hospital, correção, é um quarto de hospital... PERA é um quarto de hospital!

Olho meus braços e vejo alguns fios conectados, tenho um respirador no rosto e do meu lado esquerdo uma máquina apitando.

Tento me levantar mas paro ao sentir uma pontada na barriga e no mesmo instante escuto a porta ao meu lado abrir.

~"MEU DEUS" - Sinto um corpo colidindo com o meu e gemo de dor ~"Tá bem? Ta sentindo alguma coisa? Ta me escutando? Meus Deus você acordou"

Me abraça novamente sem dar tempo de eu responder.

~"Claudia me solta um pouco" - digo me afrouxando do abraço ~"E sim, eu acho que tô bem"

~"Você se lembra de mim! Que bom" - minha irmã diz soltando um suspiro de alívio.

~"Porque eu não lembraria?" - antes dela me responder escutamos algumas batidinhas na porta e me viro encarando um homem de jaleco branco.

-"Com licença, hmm vejo que essa linda moça acordou, também depois de dois anos" - ele fala e eu arregalo os olhos
-"É brincadeira calminha. Prazer, Doutor Dillion" - diz rindo e estende a mão.

-"Quando eu vou sair daqui?"

~"Eduarda" - Claudia me repreende baixo.

-"Tudo bem, ninguém gosta de ficar num hospital com tubos no corpo e comendo uma sopa ruim. Principalmente esses adolescentes de hoje em dia, que não ficam parados."
- ele fala folheando uma prancheta.

Dillion era um homem alto, negro, cabelo raspado e pouca barba, parece ser novo, chuto uns 27 anos.

-"Vou apenas fazer algumas perguntinhas ok?" - Pergunta e eu afirmo com a cabeça.
-"Visão normal?"

-"Sim"

-"Alguma dor?"

-"Sim, no corpo todo" - faço uma careta de dor e ele ri.

-"Normal, você levou uma bela de uma surra e um tiro, era para estar assim mesmo" - Rio e vejo ele anotar algo na prancheta mas logo volta a falar -"Vou fazer alguns exames com você depois para checar seu estado, mas é bem provável que você não saia daqui tão cedo amigona"

-"Ela está bem?" - Minha irmã pergunta preocupada.

-"Na medida do possível sim, mas vai melhorar. Agora eu vou deixar vocês duas sozinhas pois daqui a pouco terão visitas, tchauzinho gatonas" - O médico sai e fecha a porta.

~"Ele é engraçado" - falo e Claudia concorda rindo e se sentando na poltrona ao lado de minha cama.

~"Que bom que você ta bem" - ela fala começando a alisar meu rosto.
~"Não ia aguentar te perder de jeito nenhum"

~"O que aconteceu? Eu sei que o papai tava irritado e bêbado, sei também que fui espancada e levei um tiro dele, mas depois disso não lembro de muita coisa, a não ser de uns homens entrando na nossa casa"

-"Depois que você me defendeu dele eu aproveitei a brecha e fui pegar meu celular para fazer algo, do jeito que ele estava fiquei com medo de algo pior acontecer, e quase aconteceu. Fiz o que devia ter feito a muito tempo, liguei pra polícia" - ela me puxa para uma abraço e deito minha cabeça em seu peitoral.
~"Eu tinha medo de caso fizesse isso antes, eles descobrissem e nos machucarem, mas ai eu percebi que de qualquer jeito eles estavam machucando a gente, você especificamente. Eu percebi que isso não ia acabar tão cedo então decidi arriscar."

~"Então... o que aconteceu depois?" - encaro ela.

~"Quando o pai te deu o tiro a polícia chegou e atirou nele também, daí levaram a gente pro hospital e estamos aqui"

~"Hmm... ele... ele ta vivo?"

~"Eu não sei" - respondeu alisando meu cabelo ~"Só sei que a mãe acompanhou ele porque vi, eu e você viemos em um carro diferente do deles."

Apenas afirmei com a cabeça e desvio o olhar para a janela.

~"Sabe as visitas que o doutor Dillion disse?" - diz chamando minha atenção ~"São duas mulheres, uma é assistente social e a outra uma policial que tá acompanhando o caso. Elas vão querer falar com a gente, fazer algumas perguntas sobre a família ok?"

-"Uhum"

Ficamos ali conversando mais algumas coisas e pouco tempo depois batem na porta e duas mulheres abrem a porta devagar.

-"Com licença" - Entra uma ruiva e depois uma loira. -"Bom dia garotas"

-"Bom dia" - respondemos em uníssono.

-"Eu já expliquei a ela" - minha irmã fala olhando para a ruiva.

-"Ótimo Claudia" - A mulher diz e olha para mim sorrindo que retribuo timidamente -"Eu sou a assistente social Ellie e essa é minha companheira Sabrina"

Olho para a loira e ela acena com a mão.

-"Podemos começar?" - Ellie pergunta.

Minha olha pra mim e eu concordo com a cabeça.

-"Podemos"
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Agora q o ngc pega fogo rapaziada, se preparem para acontecimentos futuros.

Perdão qualquer erro de escrita e lembrem-se:

Agressão/abuso à menor de idade é crime e DEVE ser denunciado.


100 - Disque Direitos Humanos

181 - Polícia Civil

190 - Polícia Militar

De acordo com a lei, machucar crianças ou adolescentes, causando-lhes lesões, ferimentos, fraturas, mordidas, queimaduras, hemorragias, escoriações, traumatismos, lacerações, arranhões, inchaços, hematomas, mutilações, desnutrição e até a morte. Para esse crime, o Código Penal prevê detenção de dois meses a um ano ou multa. Caso o fato resulte em lesão corporal grave, a pena sobe para reclusão de um a quatro anos. Em caso de morte, a reclusão é de quatro a 12 anos.

É isso, até o prox capítulo.

Eu, você... e sóOnde histórias criam vida. Descubra agora