°•° Arma Mortal °•°

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    21 de abril 1985

    Olivia observava da janela as árvores indo em direção oposta e lembrava de tudo o que deixava para trás, sem lágrimas, ela não tinha porquê chorar, foi sua escolha e agora tinha que arcar com as consequências. Não veria mais sua irmã crescer, não se declararia para seu amor e não passaria noites em claro fofocando com sua melhor amiga e sua mãe. Mas era tudo pelo bem deles, o que parecia de longe ser imaturo e irracional, mas para Olivia essa era sua verdade. Ela era uma arma mortal e por mais que tentasse consertar, sempre acabava destruindo.

Armas mortais não merecem ser felizes...

  No ônibus, que ela apelidara de "ônibus do tudo ou nada", suas únicas companhias eram a Lua crescente e uma mulher com duas crianças. A mulher aparentava estar exausta então Olivia pediu para segurar um pouco a bebê, ela assentiu.

A criança parecia já conhecer Olivia, ela estava quieta e apesar de sonolenta, sorria. Olivia talvez nunca saberia a sensação de cuidar de um desses por conta própria, nascido de seu próprio ventre, pelo menos não com o cara que ela amava e sua mãe nunca, literalmente nunca veria seu neto porque ela estava morta agora e esse pensamento fez Olivia finalmente chorar.

O amor não é único e pode vir de várias e diferentes maneiras...

A mulher percebe que Olivia está chorando e pergunta se está tudo bem, se ela quer devolver a bebê.

   — Não, eu só me emocionei um pouco. Qual o nome dela? — Pergunta limpando as lágrimas.

  — Luna, assim como a lua...

  — Perfeito... — Ela sorri.

  De repente o ônibus começa a fazer uns barulhos estranhos, um chacoalhar... A mãe em seu instinto toma a bebê e nesse instante o velho ônibus bate em uma árvore. Uma fumaça horrível toma conta. Infelizmente o motorista estava desacordado e o primeiro lugar a ser tomado pelo fogo foi a frente do veículo.

  Pessoas corriam para porta traseira, Olivia segurou a mão da criança maior e guiou a mãe para lá, o fogo se espalhava rapidamente e até mesmo elas que estavam consideravelmente perto do fundo, tiveram dificuldades para chegar, tinham que correr, mas o ônibus balançava, então também tinham que ter cuidado para não cair e a fumaça atrapalhava toda visão.

  As mulheres conseguiram sair em segurança do ônibus e todas as pessoas fugiam para o mais longe possível dali em busca de encontrar um lugar seguro na mata e de não morrerem asfixiadas. E assim elas fizeram, correram...

Quando não se sabe para onde ir, qualquer caminho é uma opção...

  — Consegue ver aquelas luzes? —Olivia pergunta para a mulher depois de andarem bastante. As luzes estavam muito fracas, mas não pareciam estar tão longe daquele lugar cheio de árvores e escuro.

  — Pode ser perigoso.

  — Prefiro me arriscar do que virar comida de urso ou seja lá o que há por aqui. Mas você é a mãe aqui...

  — Eu não devo ser mais do 5 anos mais velha que você garota, mas tudo bem, vamos tentar. Se algo de ruim acontecer conosco eu vou culpar você até meus últimos dias de vida, se é que esse não é um deles.

  — Tá. Em silêncio, cuidado com a bebê.

  Ao se aproximarem, homens de preto surgem em meio às árvores e cobrem seus rostos (inclusive o da bebê) com máscaras pretas.

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⏰ Última atualização: Jan 03 ⏰

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