Conhecendo

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POV ANITA

Karla me ouviu pacientemente, realmente, conversar me deixou mais calma, já que a Verônica só me estressa. São três anos de relacionamento, e no começo parecíamos estar na mesma sintonia. (Apesar de ela ter me traído no segundo mês e eu ter perdoado).

Hoje parece que eu quero ir para a esquerda e ela para a direita! Eu falo A ela entende G.

Fora a irritante mania da Veronica me inferiorizar na frente das pessoas, em todos os sentidos e agora profissional também já que para ela e a família bilionária eu só sou uma veterinária de uma clínica pequena na cidade.

Eu não sei como chegamos nos três anos de relacionamento, nos últimos dois, tem sido esse inferno. Fora que todas as vezes que pedi para ela estar mais presente, não só em minhas conquistas, mas na minha vida pessoal também.

– Mas, chega de reclamar da minha vida amorosa para você, tu não mereces isso. Você faz o que da vida? – Perguntei interessada em conhecer mais sobre a minha ouvinte.

– Eu estou fazendo faculdade de artes cênicas.

– Muito legal! Nossa nunca falei com uma atriz – Falei fazendo ela rir.

– Bom, você está falando com alguém que irá ser uma atriz, apesar que não é exatamente o foco, artes cênicas eu vejo mais como um caminho para o que eu realmente quero fazer.

- Que seria?

- Dublagem, todo dublador precisa ter o curso de artes cênicas, por isso escolhi o curso.

- Legal, sua voz é muito gostosa. – Fiquei um pouco vermelha, mas quando vi já tinha dito.

- Obrigada.

Gosto de teatro, era uma criança que estava em todas as peças, mas cresci e virei um bicho do mato, é assim que minha mãe diz

– Entendo, mas teatro é ótimo para perder a timidez. Quem sabe mais a frente você não faça um curso!

– É vou pensar. – Sorri.

– Fiquei intrigada com uma coisa, e queria te perguntar.

- Pode falar.

– Quando você me salvou, você disse "bastão" ao invés de bengala. Pessoas leigas no assunto não usam a palavra bastão. Você conhece algum deficiente visual?

– Meu pai era, ele ficou cego depois que sofreu um acidente de trabalho. Minha mãe não segurou a barra e foi embora, eu sou filha única. Na época tinha 10 anos e aí comecei a cuidar do meu pai. Depois de uns 7 anos ele veio a falecer.

– Sinto muito. E sua mãe?

– Nunca mais apareceu... Mas não a recrimino, não concordo com o que ela fez. Mas prefiro não julgar ou guardar rancor.

– Faz bem. Faz muito bem, alma leve é o principal.

– Exato! – Olhei a tela do meu celular, e me assustei. - Já passa de uma da manhã, você deve estar cansada e amanhã é sábado, mas a clínica abre e eu vou trabalhar.

– Pena! O papo estava tão bom. – Karla sorriu.

– Estava mesmo, há tempos que eu não converso assim com alguém. Você tem celular? Poderíamos trocar números, nos falar.

– Ótima ideia! Anota aí. - Trocamos números e me despedi de Karla.

POV KARLA

No dia seguinte, ela me liga perguntando se eu não queria sair um pouco, ir numa churrascaria. Óbvio que eu aceitei!

Na hora nem pensei na namorada dela, se não seria um futuro problema no relacionamento das duas.

A noite, ela passou em casa e chegando na churrascaria, ela engatou praticamente uma entrevista daquelas revistas com ficha técnica, sobre livros, filmes, músicas, comida e bebidas.

- Tá parecendo uma entrevista isso né? Me desculpa. – Disse admitindo.

- Sim, mas, tudo bem! Eu nunca tive alguém tão curiosa sobre mim, acredite, eu gostei.

- Como assim? Você é inteligente, linda, simpática deve ter muita gente, muitos caras que dão em cima de você...Você namora?

Dá a mão para mimOnde histórias criam vida. Descubra agora