𝐅𝐈𝐑𝐒𝐓 𝐏𝐀𝐑𝐓 ─ 𝟬𝟰

116 22 66
                                    

Há muito tempo ouvi dizer que não existe bondade e gentileza sem algum tipo de interesse por trás - isso de fato é real. As pessoas nascem, crescem e vivem em uma sociedade onde todos buscam ser gentis sempre querendo algo em troca e se você não tem nada a oferecer... sinto muito.  Cheguei a um bom consenso comigo mesma onde sei que não devo tentar lidar com os meus problemas dependendo de outras pessoas, principalmente se não tenho nada a oferecer para dar em troca.

A vida parece justa na perspectiva de um filhinho de papai que tem tudo de mão beijada, parece tão harmoniosa e elegante quando não se dá duro para conseguir alcançar sonhos e objetivos que na medida em que o tempo passa, as chances de serem realizados parecem impossíveis. Nós, sem mimos do papai e com um caminhada longa pela frente, estamos todos fodidos e somos a merda na porta da classe alta - sem exceções.

Desde que entrei no caminho do Finn por um acaso, pude notar que aquele garoto por mais que fosse um vagabundo ridículo, ele era um apático, intrometido e abusado. Continuei perplexa com a atitude grosseira dele assim que bateu a porta com força e saiu como se nada tivesse acontecido - aquilo com certeza não foi nada demais pra ele. Olhei para o vaso com o pequeno girassol que deixei de lado, a terra estava espalhada pelo chão. Decidi colocar o vaso perto de uma janelinha da sala onde teria mais acessibilidade à luz do sol.

Olhei para o relógio pendurado no alto da parede da sala, ansiando para que Sophia e Saoirse chegassem logo - Timothée provavelmente iria desviar a rota. Me lancei sobre um dos sofás e como de costume, comecei a roer as unhas impacientemente. Por que diabos me envolvi nisso?, pensei ao retomar meus questionamentos diários.

Cruzei os dedos, torcendo para que meu plano inacabado de vitimização fosse dar certo. Assim que ouvi o som da maçaneta e a porta se abrir, me coloquei de pé rapidamente. Sophia atravessou na minha frente com uma cara típica de quem está furiosa - ela tem bons motivos pra estar irritada comigo. Saoirse se sentou ao meu lado, me olhando com uma feição de quem está bastante preocupada.

— Eu sinto muito... — Lamentei, abaixando a cabeça. — Não queria ter feito aquilo com a Sink.

Sophia veio e também se sentou ao meu lado, onde estava vago. Sua expressão agora era de alívio e pude notar que estava contendo um sorriso. Ela colocou sua mão sobre a minha e me olhou no fundo dos olhos, deixando um leve suspiro escapar.

— Você fez certo S/n. Deveria ter desmontado aquela vaca ridícula!

Arregalei os olhos e comprimi os lábios. A reação da minha irmã mais velha com certeza me surpreendeu.

— Eu estava me preparando para receber um sermão, um castigo... — Encolhi os ombros e fui pega de surpresa mais uma vez ao receber um abraço de Sophia.

Ela tinha um dom, sempre adivinhava quando algo estava errado e eu morria de medo disso. Sophia passou a me encarar, esperando que eu me abrisse para lhe contar o problema real.

— Estou esperando. Desembucha!

Revirei os olhos e me preparei para falar. No fundo eu senti que deveria fazer isso o quanto antes.

— Eu conheci um garoto e ele tem um nome bem familiar — arregalei os olhos e senti um calafrio antes de pronunciar seu nome. — Jaeden Martell.

Vi Sophia ficar de cara feia novamente, porém, essa irritabilidade foi se desfazendo aos poucos.

— Ele foi o seu primeiro namoradinho. — Sophia disse, caindo na gargalhada. — Quando você era uma pirralhinha, Jaeden era nosso vizinho e vocês eram tão próximos...

Senti meu estômago revirar com essa ideia. Jaeden e eu? Namoradinhos?!, pensei em apuros.

— Será que você poderia me explicar essa história direito? Principalmente a parte do "seu primeiro namoradinho?" — Perguntei com uma voz calma que no entanto, deixava visível o meu desconforto.

❛𝐎 𝐊𝐀𝐑𝐌𝐀 𝐃𝐀𝐒 𝐑𝐎𝐒𝐀𝐒❜┊ᵐⁱˡˡⁱᵉ ᵇᵒᵇᵇʸ ᵇʳᵒʷⁿOnde histórias criam vida. Descubra agora