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A N G E L I N A     J O L I E

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Quando saio do banheiro, envolta apenas em um roupão macio, vejo Carter sentada na minha cama, o que me assusta. Coloco a mão sobre o peito, fechando os olhos por um instante para me recuperar do susto.

— Você me assustou! — digo com um tom um pouco severo, minha voz ecoando no quarto silencioso.

Ela se levanta rapidamente, também vestida com um roupão, e parece desconcertada ao explicar:

— Desculpe. É que eu não sabia onde ficar... — disse, remexendo as mãos nervosamente. — Eu vou sair.

— Não. — A interrompo, percebendo que talvez tenha sido brusca demais. — Não se preocupe. Você precisa de roupas, certo? — Sem esperar por uma resposta, vou até o closet e começo a vasculhar as prateleiras, procurando algumas peças que possam servir para ela. Volto com um sorriso mais ameno, tentando amenizar a situação. — Aqui estão algumas opções. Escolha o que quiser. Vou pegar algo para mim também.

Ela me olha com gratidão, e isso me faz sentir um leve alívio. Enquanto ela escolhe uma roupa, volto ao closet para selecionar algo para mim. Ainda estou processando os eventos da noite e tentando manter minha reserva habitual. Apesar de tudo, não posso negar que a presença dela aqui em meu apartamento, mesmo em circunstâncias tão inesperadas, trouxe uma pequena mudança na atmosfera.

Quando volto ao quarto, já trocada e pronta para me recompor, vejo a garota vestindo uma das minhas blusas e calças, ajustando os ombros enquanto sorri timidamente.

— Está boa? — pergunto, tentando manter o tom leve, mas ainda com um resquício de seriedade.

— Sim, muito obrigada — responde, olhando para mim com um misto de gratidão e alívio.

Assinto, sentindo um pequeno peso se dissipar. A noite pode ter sido um desastre, mas pelo menos agora há uma sensação de calma, mesmo que temporária.

— Vamos tomar um chá? — sugiro, tentando quebrar o silêncio que começa a se instalar novamente.

Ela sorri, concordando com um aceno de cabeça.

— Adoraria.

Então caminhamos em direção à cozinha. Faço o chá enquanto ela fica parada perto da ilha da cozinha, sem saber muito bem como se comportar. Seus olhos vagam pelo ambiente, como se estivesse tentando se familiarizar com o espaço, mas ela permanece em silêncio. Eu também não sinto vontade de dizer nada, então o silêncio se instala entre nós, quebrado apenas pelo som da água fervendo e o leve tilintar das xícaras.

Até que, ao nos servir, noto o cabelo dela ainda molhado, escorrendo levemente sobre os ombros do roupão.

— Você precisa secar esse cabelo — digo calmamente, entregando a xícara para ela.

— Não se preocupe. Posso deixar secar naturalmente — responde ela, envergonhada, como se estivesse tentando evitar mais incômodo.

Dou um gole no meu chá sem tirar os olhos dela, observando como ela segura a xícara com cuidado, como se estivesse segurando algo frágil. Então, sem pensar muito, puxo-a suavemente pelo braço e a guio para o quarto. Ela não resiste, apenas me segue, ainda um pouco sem direção e tímida.

A sento de frente para a penteadeira no closet, onde o espelho reflete sua expressão um pouco perdida. Mexo-me rapidamente para achar o secador, abrindo gavetas e armários até encontrá-lo. Carter fica quieta, observando meus movimentos com um misto de curiosidade e desconforto.

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