CAPITULO 2

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Entrei, segui para a sala de consultas e sentei-me na cadeira à frente da desmedida mesa de vidro com um ar de desinteresse.

Psicóloga: Boa tarde Ilana!

Eu: Oi – Retorqui com voz rude.

Psicóloga: Estou a ver que hoje não estás com muito “apetite” – Epilogou, pegando o monte de folhas que tinha à sua frente onde registava tudo o que achava de relevante daquilo que eu dizia. – Como já imaginava que não tivesses com muita eupatia pensei em algo diferente!

Quando ouvi aquilo fiquei a olhar para ela com ar de “mais invenções?”, confesso que não estou com paciência nenhuma para mais uma das suas tentativas falhadas de me tirar uma palavra que seja da boca, porque eu não estou doente, simplesmente estou à espera do meu último dia, pacientemente e parece que querem que isso chegue rápido para me estarem a tentar tirar de dentro todo aquilo que acho de mim e os meus segredos … e não, eu não aceito em morrer vazia sem segredos que só eu sei, portanto pode tirar o cavalinho da chuva que é de pau e apodrece.

Eu: Ou seja? – Falei com um ar de chatice cruzando os braços e encostando-me ao espaldar da cadeira.

Psicóloga: Hoje és tu que vais ler os meus apontamentos sobre a tua evolução e dizer-me o que achas de bem e de mal e o que sentiste ao ler isso! – Disse pousando as folhas a minha frente.

Eu: Olhei os papéis de cima a baixo e olhei de seguida para ela – Para quê? Em que é que isso a vai ajudar?

Psicóloga: Acredita que com este passo tudo vai mudar! Lê se fazes o favor! – Empurrou as folhas para mais perto de mim.

Eu: Só vou ler porque estou com um bocado de curiosidade em saber se escreve bem ou mal de mim. – Peguei nas folhas e comecei a ler para mim! Eram poucos os apontamentos visto que eu raramente falava com ela. Naquele primeiro papel dizia algo do tipo:

- “Revela indecisão no que ade fazer; “

- “Pouca expressividade;”

- “Revoltada com a vida;”

Entre muitas outras coisas que na verdade resumiam a minha vida em poucas palavras! Virei a página e tinha o seguinte escrito:

“As pessoas conseguem ser muito ignorantes e egocêntricas quando falamos sobre elas, mas nunca se julgam ser assim tão ausentes da vida porque na verdade elas tão mesmo ausentes a fazer o trabalho que lhes é dado quando sabem que vão morrer em pouco tempo mas … pensa bem não é todos os dias que encontra-mos alguém com quem falar e a quem contar aquilo que temos medo de contar aos pais ou amigos mais próximos, já pensaste que no tempo que estás a desperdiçar aqui ao falar com este anjo caído do céu para te ajudar, está alguém a fechar o olhos por causa de um cancro igual ao teu e que essa pessoa poderia e talvez quisesse estar no teu lugar? Pensa bem nesta palavras e mentaliza-te cancro não é sinónimo de morte e liberdade de poder contar tudo a uma pessoa como a psicóloga não é um direito que assiste a todos os doentes terminais que se sentem abandonados sem apoio mental! Liberta-te Ilana!

(Anónimo) “

Sim … estas palavras faziam sentido e fiquei a pensar nelas todo o tempo! Entretanto, acabou o meu tempo de antena naquela sala e saí com aquele texto na minha cabeça…O que eu hei-de fazer? Devo interpretar de modo compreensível o texto ou não? Ainda por cima nem sei quem o escreveu … terá sido alguém que conhece assim tão bem? Parecia mas quem? A minha mãe? Ou terá sido o meu pai? Não faço a mínima … isto vai ser muito difícil de compreender de modo direito.

***

Novo dia, são 7:30 a.m., o meu despertador começa a tocar feito doido…detesto ouvir este som, confesso que interromperem-me um sonho belíssimo como o que estava a ter não é nem de longe, nem de perto, o meu forte. Levantei da cama como uma bêbeda, o que é super normal quando acordo, e espreguicei-me ao máximo calcei as minhas pantufas em forma de urso super fofas e desci para a cozinha onde já cheirava a torradas e café, adoro este cheirinho acolhedor.

Eu: Bom dia mamy!

Mãe: Bom dia Lana como vai isso? Já estás de bom humor ou nem por isso?-Perguntou com ar de riso

Eu: Mãe, não comeces eu não estou nem nunca vou estar de bom humor. – Disse sentando na cadeira.

Mãe: Sabes filha… o melhor era arranjares alguém! – Sugeriu enquanto barrava a manteiga na minha torrada.

Eu: Como assim alguém? Eu já tenho muita gente… tenho-te a ti ao pai e à psicóloga.

Pai: Concordo com a tua mãe Lana. – Falou o meu pai entrando na cozinha.

Mãe: Sim filha … um rapaz que te fizesse feliz!

Eu: Mãe, pai , só uma coisa não quero que alguém faça parte da minha vida sendo que vou acabar por morrer já viram o que era um rapaz tão novo ficar “viúvo” tão cedo ao fim de meses ou no máximo dois ou três anos, para não falar de que posso morrer daqui a um ano, já pensou o sofrimento … não quero magoar ninguém, nem quero ninguém triste por minha causa.

Pai: Lana, não sejas assim nem digas essas coisas… - Disse o meu pai com um tom de voz leve passando a mão no meu cabelo castanho-escuro curto.

Eu: OK, sendo assim vou casar-me com um homem de 90 anos que seja muito rico. Assim quando ele morrer ficamos milionários … nada mau! – Gozei

Mãe: Riu-se – Sim filha, seria ótimo, se eu autoriza-se isso!

Eu: Vocês lá sabem … hoje chego mais cedo a casa não tenho aulas à tarde.

Mãe: OK Lana. Depois espero-te em frente ao colégio para não te esforçares.- Pousou o prato das torradas a minha frente juntamente com uma caneca de leite com café quentinho como eu adoro.

Comi, arranjei-me e segui para o colégio!

***

Ouvi alguém saudar-me e assustei-me pois ia super relaxada e a ouvir música.

Eu: Tu? – disse olhando com cara de imbecil.

Niall: Bom Dia – disse de novo.

Eu: Bom dia! Vais agora para as aulas? –falei com ar indiferente só mesmo para situar conversa.

Niall: Sim vou! Agora temos aula na… espera um pouco vou ver…

Eu: Interrompo-o -De Espanhol!

Niall: WÖW estou a ver que és boa aluna! – Disse de modo atónito.

Eu: Por alma de que santo eu haveria de ser boa aluna só por saber um horário que recebemos ontem de cor?

Niall: Por isso mesmo por saberes um horário que ainda ontem recebemos de cor e salteado!

Eu: A isso chama-se boa memória miguito – disse com ar de convencida e entrei na sala.

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⏰ Última atualização: Mar 29, 2015 ⏰

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