Hogsmead

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Pelo menos duas semanas se passaram sem que Ellie e Hermione voltassem a falar sobre o F.A.L.E., ou que se mencionasse a Harry a sugestão de ele ensinar Defesa Contra as Artes das Trevas. As detenções haviam acabado, e diferente da mão de Harry que exibia a marca da tortura praticada por Umbridge, a mão de Ellie parecia totalmente normal, como se as intermináveis horas sentindo sua mão sendo cortada sucessivamente, nunca tivessem existido. Ellie e Hermione impuseram um limite nos seus momentos de maior intimidade, e as palavras amigas e amizade passaram a ser usadas mais frequentemente em suas interações; mas apesar disto, continuavam próximas e passavam a maior parte do tempo juntas. Devido à frequência com que andavam com Ellie — o que foi possibilitando uma construção sólida de confiança e de relação de amizade —, Harry, Rony e Hermione, passaram a inteirá-la e incluí-la em todos os seus assuntos e segredos.

— Para quieta, Ellie! — disse Hermione pela terceira vez.

Era uma noite de violenta tempestade, no final de setembro, os quatro estavam sentados na biblioteca procurando ingredientes de poções para um dever passado por Snape, mas Ellie estava agitada e tinha dificuldade de se concentrar. Lia o livro, murmurava algumas palavras, se levantava, voltava a se sentar, fazia algumas anotações, murmurava mais alguma coisa, e Hermione lhe chamava atenção enquanto Harry e Rony achavam graça.

— Eu estive me perguntando — disse Hermione, de repente — se você já voltou a pensar na Defesa Contra as Artes das Trevas, Harry.

— Claro que pensei — disse Harry rabugento —, não consigo esquecer, e não daria mesmo, com aquela megera ensinando a gente...

— Estou falando da ideia que Rony e eu tivemos... — Rony lançou a Hermione um olhar assustado e ameaçador. Ela fechou a cara para ele. — Ah, tudo bem então, a ideia que eu tive... de você nos ensinar.

— Claro que ele pensou! Pensou, não pensou? — intrometeu-se Ellie.

Harry não respondeu imediatamente. Hermione percebeu que ele apenas fingia estar examinando uma página de Contravenenos asiáticos, porque não queria dizer o que estava pensando.

— Bom — disse ele lentamente, quando não dava mais para fingir que estava achando Contravenenos asiáticos interessante —, é, eu... pensei um pouco.

— E? — perguntou Hermione pressurosa.

— Não sei — disse o garoto procurando ganhar tempo. E olhou para Rony.

— Achei uma boa ideia desde o começo — interveio Rony, que parecia mais interessado em entrar na conversa agora que tinha certeza de que o amigo não ia recomeçar a gritar.

Harry mexeu-se pouco à vontade na cadeira.

— Vocês prestaram atenção quando eu disse que muita coisa foi sorte?

— Prestamos, Harry — confirmou Hermione gentilmente —, mas não adianta fingir que você não é bom em Defesa Contra as Artes das Trevas, porque é. Você foi a única pessoa no ano passado que conseguiu se livrar completamente da Maldição Imperius...

— Você se livrou da Maldição Imperius? — interrompeu Ellie, mas foi ignorada pelos amigos.

— Você é capaz de produzir um Patrono — continuou Hermione.

— Qual o seu Patrono mesmo? — interrompeu Ellie, mais uma vez.

— Você sabe fazer uma quantidade de coisas que bruxos adultos não conseguem, o Vítor sempre disse...

Ellie se virou tão depressa para Hermione que pareceu dar um mau jeito no pescoço. Esfregando-o, falou:

— Que Vítor?

The Other Side - Hermione (Sáfica/Lésbica)Onde histórias criam vida. Descubra agora