Contagens Dolorosas

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Olá, seons!
Estou respostando essa belezinha aqui e gostaria que vocês dessem muito amor à Nossos Caminhos.

Eu queria agradecer à GatinhoMinmin pela capa linda, eu já falei o quanto a Blenda arrasa?! Amo demais o trabalho dela ;)

Lembrando que a fic foi inspirada no 6° livro da série Os Bridgertons, e aborda um tema delicado que é a infertilidade. Qualquer gatilho, por favor, interrompa a leitura imediatamente.

No mais, boa leitura!

Jeon Taehyung Kim estava contando outra vez

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Jeon Taehyung Kim estava contando outra vez.

Contando, sempre contando.

Setenta e sete dias desde o último sangramento.

Treze até o próximo período fértil.

Três ou quatro dias após, até sangrar de novo se não engravidasse.

O que provavelmente não aconteceria.

Fazia seis anos que se casara com Jeongguk, o duque de Osaka, Japão.

Seis anos.

Sofrera durante suas regras dezoito vezes, visto que os cios de ômegas aconteciam de três em três meses.

O ex Kim as contara, é claro; fizera pequenas marcas deprimentes em uma folha de papel que guardava escondida em sua mesa, nos fundos da gaveta do meio, onde Jeongguk não veria. Isso o faria sofrer. Não porque quisesse um filho, o que ele queria, mas sim porque Taehyung queria um tão desesperadamente.

E ele desejava ser appa pelo ômega. Talvez até mais do que por si mesmo e a responsabilidade de gerar um herdeiro do ducado.

Taehyung tentava esconder sua tristeza. Tentava sorrir à mesa do café e fingir que não se importava de ter tido uma mancha vermelho sangue em seus lençóis pela manhã; mas Jeongguk sempre via em seus olhos e parecia abraçá-lo mais forte ao longo do dia ou beijar sua testa com mais frequência.

O ômega tentou se convencer de que deveria pensar em tudo de bom que havia em sua vida.

E foi o que fez.

Ah, e como fez.

Todos os dias. 

Ele era Jeon Taehyung Kim, duque ômega de Osaka, abençoado com duas famílias amorosas — aquela na qual nascera e a que passara a ser sua por meio do casamento.

Tinha um marido com quem a maioria dos ômegas apenas sonhava. Bonito, engraçado, inteligente e perdidamente apaixonado pelo esposo, assim como ele pelo Jeon.

Jeongguk o fazia rir. Tornava seus dias alegres e fazia de suas noites uma aventura. Taehyung adorava conversar com ele, caminhar com ele, ou apenas ficar sentado na mesma sala que ele e trocar olhares enquanto os dois fingiam ler um livro.

Jeon Taehyung Kim era feliz. De verdade.

E se nunca tivesse um bebê, pelo menos tinha esse alfa — esse homem incrível, maravilhoso e milagroso que o compreendia de um jeito que o deixava sem fôlego.

Ele o conhecia.

Conhecia cada pormenor e trejeitos e ainda assim nunca deixava de surpreendê-lo e desafiá-lo.

O ômega o amava. Com todo o seu ser, ele o amava.

E na maior parte do tempo isso era o suficiente. Na maior parte do tempo era mais do que suficiente.

Tarde da noite, entretanto, depois que Jeongguk caía no sono e Taehyung ainda estava acordado, enroscado nele, sentia um vazio que temia que nenhum dos dois jamais pudesse preencher.

Tocava a barriga e lá estava ela, lisa como sempre, zombando dele com a sua recusa em fazer aquilo que ele queria mais do que qualquer outra coisa.

E era então que chorava. Dolorosamente.

[...]

Devia haver um nome para isso, pensava Jeongguk parado junto à janela, observando Taehyung desaparecer na colina em direção ao cemitério da família Jeon.

Devia haver um nome para aquele tipo particular de dor, de tortura, na verdade. Tudo o que ele queria no mundo era fazê-lo feliz.

Ah, com certeza havia outras coisas — paz, saúde, prosperidade para seus colonos, alfas sensatos no cargo de presidente nos próximos cem anos. Mas, no fim das contas, o que ele queria era a felicidade de Taehyung.

Ele o amava. Sempre o amara.

Desde que eram garotos e corriam juntos pelos gramados de Osaka ou de Daegu em uma das inúmeras viagens que faziam para encontrarem um ao outro, até que souberam que estavam prometidos em matrimônio.

E mesmo Taehyung relutando por vê-lo como um amigo, acabou por aceitar o compromisso depois de anos do alfa fora do país.

Por isso se casaram tão tarde — com vinte e três anos do alfa e vinte e seis do ômega —, mesmo que, se dependesse do alfa Jeon, teriam se casado assim que completara a maioridade e assumira o título de duque. Era, ou pelo menos deveria ter sido, a coisa mais simples do mundo.

Ele o amava. Ponto.

Jeongguk teria movido céus e terras se estivesse apenas em seu poder fazê-lo feliz.

No entanto, aquilo que ele queria mais do que tudo, a única coisa que desejava tão desesperadamente — enquanto lutava tão bravamente para esconder sua dor de não alcançá-lo —, ele não parecia conseguir lhe dar.

Um filho.

E o engraçado era que começava a sentir a mesma dor. A princípio, sentia apenas pelo amado. Taehyung queria um filho e, portanto, Jeongguk queria um também. Taehyung queria ser omma e, por conseguinte, Jeongguk queria que ele o fosse.  Queria vê-lo segurando um filho, não porque seria seu herdeiro, mas porque seria filhote do esposo. Queria que ele tivesse o que desejava. E, de maneira egoísta, queria ser o alfa que lhe daria isso.

Recentemente, no entanto, aquilo passara a lhe doer também.

Visitavam um dos muitos irmãos ou irmãs de Taehyung e eram imediatamente cercados pela próxima geração.

Eles puxavam sua perna e gritavam “Tio Jeongguk!”, gargalhando quando ele os jogava para o alto, sempre implorando por mais um minuto, mais um rodopio, mais uma secreta bala de morango.

Contudo, o duque Jeon não compreendia o porquê do seu ômega ser a exceção pois os Kim eram incrivelmente férteis. Todos pareciam produzir a quantidade de filhos que desejavam. Então, talvez mais um, só por via das dúvidas.

Menos Taehyung.

E Jeon Jeongguk se sentia impotente por isso.

Obrigada a quem chegou até aqui.
Beijos e até a próxima att!

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