Quanto vale sua companhia?

Mal acostumado

- Johnny! Johnny-hyung!

Donghyuck corria debaixo da chuva grossa com sua jaqueta de couro vermelha e preta, réplica da que Michael Jackson usa no icônico vídeo clipe de Thriller. Johnny virou-se na direção da voz que o gritava, rindo sorridente ao encarar o mais novo correndo até si para se abrigar em seu guarda-chuva.

- Estou te acostumando mal, garoto. - Falou o americano, abraçando o mais novo de lado enquanto andavam rapidamente para chegar a casa de Donghyuck que era mais próxima do colégio.

- Dessa vez sério, me desculpa, hyung! Eu nunca lembro de trazer meu guarda-chuva. - Todo manhoso, fez sua melhor carinha de filhote de cachorro.

O mais velho não se importava completamente, até mesmo gostava de dividir guarda-chuva com coreano.
Johnny e Donghyuck se conheceram na faculdade quando o mais novo apareceu no clube de fotografia procurando por um "veterano alto bonitão" que tirou fotos dos membros do clube de teatro pra um projeto. Ele insistiu pra que Johnny também tirasse fotos suas porque havia faltado no dia, assim tendo a oportunidade para que se tornassem bons amigos.

- Está entregue. Diz pra sua mãe que o carro tá pronto, ela pode buscar com meu irmão na oficina. - Disse ao parar na frente da casa do mais novo. Antes que Johnny pudesse partir, Donghyuck puxou-o pelo casaco.

- Tá caindo o mundo na rua, entra aqui!

- São só alguns minutos até eu chegar em casa, Hyuck.

- Entra logo! Minha mãe vai dizer que eu sou um mal agradecido se você não entrar. - Johnny riu, em seguida passando pro degrau da porta da casa, fechando o guarda-chuva onde já podia se proteger da água, dando a entender para o menor que iria entrar com ele.

- Haechan-ah, fazendo Johnny te trazer em casa mais uma vez? - Dizia a mãe do mais novo se aproximando ao vê-los entrarem, beliscando o braço do filho em seguida - Desse jeito vou ter de pagar um salário pra ele! Esperem aí, vou buscar toalhas.

O mais novo fez um bico, coçando a nuca por estar envergonhado pelo o que a mãe dissera.

- Ei, Haechanie. - Chamou Johnny, chamando a atenção do outro que estendia sua jaqueta no cabideiro preso a parede - Se você deixar, eu posso te trazer todos os dias.

- Idiota, minha mãe não vai pagar.

- O pagamento você sempre faz durante o caminho, bobão. - Sorriu, entregando a Donghyuck seu melhor sorriso gentil e bonito enquanto o menor tentava decifrar o que ele dizia.

A mãe de Donghyuck voltou com as toalhas, dizendo que prepararia um chá de pêssego bem quentinho para os dois.

Já sentados na cama do Lee enquanto tomavam chá acompanhado de alguns biscoitinhos de leite, conversavam sobre os planos para as férias de final de ano que se aproximavam. A forte chuva do fim de tarde já havia passado, ouviam apenas o barulho do chuvisco raso já de noite.

- Hyung, sobre eu pagar quando você me traz pra casa... Eu não entendo. Eu nunca te dei dinheiro nenhum. - Johnny riu fraquinho com as palavras, deixando sua xícara na mesinha de canto, também fazendo o mesmo com a que estava nas mãos do outro. Bagunçou os cabelos de Donghyuck, antes de se aproximar perigosamente de seu rosto a ponto de encostar os narizes.

- Sua companhia. Sua companhia é meu pagamento.

O coreano pigarreou sem graça, levando a mão timidamente até a mão de Johnny que repousava sob a cama.

- Acho que não me sinto tão culpado agora. - Donghyuck disse fazendo Johnny sorrir antes de depositar um beijo sua bochecha, apertando com delicadeza a mão que repousava sobre a dele.

- Preciso ir pra casa. - Johnny disse baixo, os olhares não se deixavam despedir, perdidos em pensamentos, em como não queriam que aquilo acabasse.

- Vou te acompanhar até a porta.

- Já vai, John? - perguntou a senhora Lee, sentada no sofá onde assistia alguma novela na TV.

- Já vou sim, mas se chover amanhã pode ser que eu volte. - Os dois riram, se despedindo com acenos breves.

- Eu queria que chovesse todos os dias. - Johnny soltou enquanto terminava de amarrar seu tênis no hall de entrada.

- Não precisa esperar chover. - Donghyuck sorriu grande e Johnny devolveu na mesma intensidade.
O mais novo se encheu de coragem naquele momento e deixou um beijo no canto da boca do americano antes de correr novamente pra dentro de casa.

O coração do Seo parecia querer sair do peito de tão forte que batia. Mal podia esperar para ter a companhia de Donghyuck mais uma vez.