Prólogo

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1- Bolinhos e primeiras impressões

Bom, depois de dezoito anos recebendo tudo que quero sem precisar mover um dedo para isso, meu querido pai resolveu que era hora de eu me tornar adulto.

Isso por que segundo ele, "eu já me suguei seu dinheiro por tempo demais" custava avisar com antecedência então?

Eu posso ser irresponsável e viver a vida como qualquer adolescente mimado mas se tem uma coisa que eu sempre soube fazer, essa coisa é tirar notas excelentes apenas ouvindo o que os professores tinham a dizer.

Estudar para provas nunca funcionou comigo, eu só discutia sobre o assunto com quem quer que seja o proletariado que se prestou ao papel de ensinar um monte de riquinhos como encontrar o X.

Isso e fazer parte do time de basquete praticamente me empurraram para dentro da universidade que eu quisesse, e claro, o dinheiro do papai também pode ter influenciado.

Mas nada disso importa já que assim que terminei o ensino médio, meu pai gentilmente me informou que eu não viveria mais às suas custas, fora a mensalidade, obviamente, eu teria que me virar para sobreviver.

Fazem exatos três meses que soube disso e durante esse tempo apenas consegui um emprego - me certifiquei de ser próximo ao campus - e venho juntando dinheiro para quando as aulas começarem e meu progenitor resolver chutar minha bunda.

Hoje foi meu dia de abrir a confeitaria e isso pode parecer simples mas é o pior dia da minha semana, como se o fato de ser segunda feira já não fosse motivo o suficiente.

A começar pelo fato de eu ter que acordar uma hora mais cedo, o que é horrível já que motoristas de aplicativo estão fora de questão na missão "virar um adulto independente".

Tenho que limpar as prateleiras, organizar e mudar a vitrine para uma paleta monocromática, o que diabos isso deveria significar???

Só descobri que era botar tudo da mesma cor quando Liam - meu melhor amigo desde que me entendo por gente - me explicou com uma paciência que eu bem sei que ele não tem.

Depois de passar pano no chão, mudar a vitrine e tirar os doces do freezer, me sentei atrás do balcão com a mente focada na tarefa de organizar o caixa, que por sinal estava uma bagunça completa.

Assim que suspirei por ter terminado a difícil missão de colocar todas as notas nos seus devidos lugares, ouvi o sino da porta denunciar meu primeiro cliente.

Ergui o rosto e me deparei com um cara alto demais para o meu gosto, olhos verdes meio inchados de sono e uma leve vermelhidão pintava seus lábios, se me perguntassem eu diria que isso foi efeito de algum gloss já que eles também brilham um pouquinho.

Mas não me arriscaria nesse palpite já que ele parecia másculo demais para sequer passar manteiga de cacau.

- Bom dia senhor, seja bem vindo ao Red velvet dôcie. - Disse com a voz mais cordial que consegui, vendo grandes buracos afundando na face alheia. - Como posso ajudá-lo?

- Bom dia... - Disse como se esperasse para que eu dissesse meu nome mas logo avistou a plaquinha no meu avental rosa pastel. - Louis, bom dia Louis! Eu meio que sou novo por aqui.

O homem falava lento e sua voz soando grossa e arrastada, eu espero que esse cara consiga terminar ao menos uma frase sem que eu tenha vontade de dormir.

- Bom, nesse caso nada melhor que a especialidade da casa, o que acha de um desses bolinhos aqui? - Disse apontando para um dos Red velvet expostos no balcão, o menino acenou com a cabeça enquanto eu pegava o doce. - É pra viagem?

- N-na verdade... - Ele coçou a nuca e sua touca que usava subiu, libertando um dos cachinhos não tão definidos que cutucava a pele de seu pescoço. - Eu não vim só para isso mas não quero que pense que sou um folgado.

Quase revirei os olhos pro quão embolado aquela frase soou mas acho que a risada baixa que dei foi mais rápida. Esperei pacientemente que ele continuasse antes de colapsar com suas próprias palavras.

- É que eu preciso colocar um aviso no mural. - Disse apontando para o quadro que ficava na parede ao lado das mesas. - Posso?

O objeto existia ali há muito mais tempo do que eu trabalhava lá, dei ombros, afinal que mal teria? Mas antes de permitir lembrei-me de algo que minha chefe alertou depois de um ocorrido.

- Tecnicamente você pode mas eu preciso dar uma olhada primeiro. - Disse colocando uma mão sobre a bancada, esperando o garoto tirar o papel do bolso. - Não é nada pessoal, você sabe, da última vez colocaram um aviso de suruba da república aqui de perto.

Consegui ver o momento exato que suas bochechas avermelharam e sua mão grande voou para seu rosto, tentando me impedir de ver sua risadinha, não deu certo.

- Posso garantir que não é nada disso. - falou estendendo o papel para que eu pegasse.

Assim que desdobrei a folha, comecei a ler o anúncio e tenho certeza que algum ser divino resolveu me agraciar com isso aqui, impossível ser apenas coincidência.

- Sinto muito, não posso colocar isso no quadro. - Disse ao terminar de ler, podendo ver seu semblante murchando em segundos, antes de prosseguir. - O quarto já tem dono. Prazer, novo inquilino.

O garoto parecia confuso, estendi minha mão e ele demorou para se dar conta do que estava rolando, tadinho, não é só a voz que é lenta.

- Okay mas não é assim que funciona.

Oh, ele parece um daqueles adolescentes que saíram do ensino médio já se considerando super maduros e adultos, ele cruzou os braços em frente ao peito e só então percebi o quão grande eram aquelas coisas, puta que pariu, era maior que minha cabeça.

Melhor não irritá-lo.

Bufei em desistência de manter algum humor naquela conversa e abaixei a mão que ainda estava estendida em sua direção.

- Sei que não é simples assim, como vou dividir um apartamento com alguém que sequer me disse seu nome?
- foi minha última tentativa de piada mas parece que o cara não entendeu já que seus olhos se arregalaram e quando começou a falar, tudo que pronunciva eram gaguejos - Hey, bro relaxa, foi só para discontrair.

- Oh, eu não tinha entendido, sinto muito - Eu estava começando a me divertir com o desconhecido à minha frente - Mas meu nome é Harry Styles.

O cara apertou minha mão rapidamente antes de falar de tudo que precisaria antes de eu me mudar realmente, não sabia que tinha tanta burocracia pra algo tão simples.

Ao final, Harry me passou seu número e pediu para que eu o chamasse assim que meu turno chegasse ao fim, e foi o que eu fiz.

-x-

Foi curtinho só para contextualizar vocês, espero que tenham gostado do início.

Beijinho no bumbum.

All for you 《L.S》Onde histórias criam vida. Descubra agora