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"Você tentou abrir a minha porta 6 vezes seguidas...sabe?"
"Você quer tanto assim me ver?"
"Você é mesmo uma menina muito levada..."
"Você também é muito bonita..."
"Você se faz de boba..."
"Você..."
"Você..."
"Você..."
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Acordei com a visão turva, sentei e limpei meus olhos, esperando minha visão se ajustar e olhando freneticamente ao meu redor. Meu corpo paralisou pelo oque parecia ser uma eternidade até me recompor levemente.
Onde eu estou?
Me Levantei cambaleante e corri tropeçando por entre os lençóis deslizando pelas minhas pernas, sem rumo, por um lugar estranho ao qual nunca tinha visto. A adrenalina tomando conta de mim como um onda que surgiu do nada, e o tempo parecia não existir mais. O medo de não saber onde estava se alastrou pelo meu corpo e mente, e não conseguia mais saber oque fazer a não ser gritar por socorro, mas sentia um nó na garganta que como uma piada de mal gosto deixava o ar passar, mas a voz não.
Passei por entre os cômodos hesitante sobre oque podia encontrar, mas eu estava sozinha ali, e não conseguia pensar em analisar nada, apenas sair dali o mais rápido possível era única coisa que martelava na minha mente.
Achei uma porta na minha busca desesperada, mas não consegui abri-la, freneticamente virando sua maçaneta. Parei abruptamente quando ouvi alguns ruídos próximos, me fazendo grudar e congelar na parede ao lado da minha única saída.
Eu vi a sua sombra passar devagar e se aproximando, enquanto eu abaixava sem saber para onde correr ou oque fazer. Não controlava mais minha respiração, estava ofegante, e me encolhi perto da porta, tampando a minha boca e fechando os olhos.
Você tem que se acalmar, Kim! Fique quieta!
Meu corpo tremia ao ouvir os ruídos e logo identifiquei passos vindo em minha direção, de forma rápida.
Senti meu coração parar quando algo me tocou no ombro e meu olhos se arregalaram para a figura que estava em minha frente.
"Kim! Se acalme! Sou eu!" – Alice disse espantada, quando me tocou e saltei para longe. Eu a encarei e tentei entender oque estava acontecendo.
"Esta tudo bem... você esta bem..." – Ela disse suavemente. – "Você esta em casa."
"...casa?"
"Sim, lembra, essa é sua casa..."
"Onde esta... minha avó?" – levei as mãos a cabeça e respirei fundo.
"Donna está na casa dela agora, ela me ligou a um tempo pra checar como estava, então eu vim te ver. Que susto você me deu!"
Eu fiquei parada tentando lembrar ou entender sobre oque Alice estava falando.
"Viu, essas são suas coisas, não as reconhece? Você se mudou definitivamente ontem... Venha comigo, eu vou preparar um chá pra você se sentir melhor." – Ela disse de maneira calma, me ajudando a ficar de pé.
Eu observei o meu ao meu redor com mais calma quando me sentei na pequena cozinha, e comecei a me recordar brevemente do outro dia.
Alice preparava o chá com paciência ocasionalmente me observando de canto, e os ruídos que antes me apavoravam agora eram reconfortantes.
"Eu sinto muito, você não precisava vir..."
"Não precisa se preocupar com isso, eu conheço a Donna e você fazem anos, como não viria?" – Ela sorriu gentilmente enquanto me interrompeu por perceber o meu constrangimento.
É verdade, Alice era amiga da família a muito tempo, na verdade nossas famílias tinham uma amizade de longa duração. Ela era como uma irmã mais velha que eu não via a algum tempo, apesar da diferença de idade, já que tinha 29 anos. Nos meus 15 anos, lembro que vinha sempre a minha casa com seus pais e conversavam por horas, jogavam cartas e aproveitavam o fim de semana, eles com meus pais e avós, enquanto eu e admirava Alice e tentava perguntar ela todas as duvidas que uma adolescente poderia ter sobre a vida. Desde aquele tempo a admirava por ter lindos cabelos castanhos e olhos escuros, sempre muito arrumada e bem vestida, tentando sempre ajudar aos outros, e de certa forma me espelhei um pouco nela em certos aspectos.
Lembranças assim me acalmar e estranhamente me ajudam a lembrar melhor do presente por isso. Realmente reconhecia agora o apartamento ao qual tinha me mudado, essa foi minha primeira noite dormindo nele.
"Alice... você pode não contar pra minha avó sobre isso?" – perguntei depois de um tempo em silêncio. – "Você sabe, sobre eu ter esquecido do apartamento, tenho certeza que foi só dessa vez, isso já aconteceu antes, só tenho que arrumar uma forma de me lembrar pela manhã."
"Você tem certeza disso? Eu também fico preocupada, eu disse a Donna que te ajudaria e falaria se algo estivesse mal..."
"Por favor, ela já se preocupa demais e eu já sou adulta eu tenho que lidar com isso. Eu vou resolver isso, e nada de ruim vai acontecer mesmo que isso ocorra."
"Mas me diga, ok? Se algo acontecer..."
"Sim, vou anotar seu telefone e com o tempo vou me acostumar ao apartamento, isso é normal." – Tendo dar confiança a ela sorrindo e encarando a situação de forma natural.
Alice assentiu com a cabeça e se sentou comigo para tomar o chá e comer umas fatias de pão. Conversamos por um breve momento e ela disse que precisava ir, então me levantei e lavei a louça, me dando conta de como era silencioso sem outra pessoa ali.
Até ouvir um leve choro vindo debaixo da mesa, me abaixei para olhar e encontrei Bolinha escondido ali, e por um momento eu cheguei a rir um pouco.
"Você também esta estranhando o lugar?" – O afago tentando acalma-lo, levando-o para meu quarto, onde pego um calendário de pendurar na parede, e escrevo uma rotina, com tudo que vou planejar para semana e para não me esquecer.
Depois que termino percebo que existe um pequeno furo na parede do quarto que não tinha reparado antes.
Perfeito!
Só preciso colocar um prego ou algo ali para segurar meu calendário, então procuro nas minhas gavetas por alguma coisa pontuda, e não via outra opção a não ser usar um lápis por enquanto.
Me aproximei do pequeno buraco para testar o lápis, e senti um ar saindo dele, junto com um ruído baixo. Aproximei mais o meu rosto, e senti um cheiro forte, que não soube identificar oque era, mas fedia demais, e o ar entrava e parava e assim continuava por um tempo, eu tentei olhar mas estava muito escuro. Decidi enfiar o lápis no buraco para inspecionar sua profundidade, até que...
Algo segurou meu lápis no lugar, e o puxou com muita força para dentro. Me assustei e andei para trás, confusa sobre oque aconteceu. O lápis foi simplesmente sugado para dentro com facilidade, e o ruído e ar sumiram.
Olhei para dentro de novo e não vi nada, era completamente escuro, então pensei que poderia ser obra de um rato que estivesse nas paredes.
Tenho que avisar a alguém depois...
Peguei uma fita adesiva e grudei o calendário onde o buraco estava, por medo de sair algum bicho de lá, isso era a ultima coisa que eu queria, além do mais, tinha ficado bom na parede.
Satisfeita em esconder os defeitos da minha nova casa, escrevi bilhetes para mim mesma quando eu acordar, colando alguns na porta do meu quarto, isso deve funcionar bem depois de um tempo, só até eu me acostumar que este é meu novo lar.
Sim, o meu lar...
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Peephole
Horror"Eu me mudei para um apartamento pequeno, no começo parecia agradável, e realmente era, o problema era meu vizinho, sempre que eu passava ele abria a porta, ele fazia barulhos estranhos, ele me olhava estranho... Estou com medo. Sinto seu fedor... "