Ivy Williams
Desço do ônibus depois de uma hora em pé. Nunca vi um lugar tão lotado, esse negócio de deixar lugar para grávida sentar-se é meio estranho, mas não vou explicar o porquê.
Estou voltando para a casa da minha mãe, em Seattle. Como meus pais são divorciados, na hora de pegar a custódia acabei indo com meu pai para Londres.
Depois de descobrir uns envolvimentos políticos estranhos do meu pai, a justiça passou a guarda para minha mãe, e retornando para casa, depois de duas viagens de avião e três de ônibus, estou de volta.
Fico feliz e animada de reencontrar meus melhores amigos: o Reggie, a Mads e a Leah. Algumas coisas aconteceram antes de eu ir embora e espero que tudo tenha se resolvido.Tive que me mudar com apenas 7 anos, e na escola britânica as meninas não foram muitos receptivas, como posso dizer, sofri bullying por causa do meu corpo. Mas é claro, como esperam um corpo de modelo numa criança?
Agora, já com 16, faltando um mês para meus 17, estou com o corpo dos sonhos. Chamo um pouco de atenção, olhares com segundas intenções que me deixam desconfortável, e daí que vem o meu arrependimento de ter nascido mulher, por termos que passar por essas coisas.Saindo um pouco dos meus pensamentos, vejo minha mãe acenando para mim do lado de um carro vermelho lindo, é realmente a cara dela.
Com minhas malas, corro até ela e dou um abraço apertado, liberando toda a saudade e felicidade por revê-la.
Após nos separarmos, a olho nos olhos, vendo que sentiu minha falta tanto quanto senti a dela. Sou filha única, então imagino que tenha ficado sozinha com minha gata enquanto estivo longe.
Quando saio do transe, e vou me pronunciar, ela me interrompe:
– Filha que saudades – ela praticamente me esmaga me dando outro abraço – por que demorou tanto? A viagem foi tranquila? Teve algum problema com a bagagem ou o ônibus? Você está bem? – me bombardeia com várias perguntas.
– Calma mãe – tento acalmá-la – Deu tudo certo, não teve nenhum problema, exceto o fato de ter ficado tão longe da senhora por todo esse tempo, que saudades que eu estava de você e dessa cidade – digo.
– Também fico mal por termos ficado tanto tempo separadas, mas vamos logo para a casa, tem uma gatinha chamada Lua que quer te ver – diz, abrindo o porta-malas guardando minhas malas.
Enquanto abro a porta do passageiro e entro no carro, me pego lembrando em como foi difícil abandonar um serzinho que me fez tão bem nos momentos mais complicados da minha vida.
Quando meus pais brigavam, e infelizmente era quase o tempo todo, a Lua era minha companheira, sempre com suas gracinhas que me distraiam dos gritos. Apesar da minha mãe e meu pai serem boas pessoas, não combinavam muito quando estavam juntos, o gênio forte dos dois não batia, acho que herdei isso deles.
No caminho até em casa vejo algumas mudanças na cidade.
É claro, depois de quase 10 anos ia ter novas construções né, sua tonta.
Como sempre, meu cérebro me humilhando em silêncio.
Noto casas novas, as ruas asfaltadas como se estivessem novas. Um restaurante lindo na minha direita, pelo jeito é italiano, mas está fechado. Até uma pista foi feita aqui, pelo jeito para andar de patins, skate e essas coisas.Vejo um grupo de garotos de costas para mim, dois loiros, dois com o cabelo meio castanho, não sei dizer, e claro, todos com skates na mão.
É, estou vendo que essa cidade realmente está mudada, antes não se via uma alma viva na rua.
Logo um caminhão passa do lado da janela e já perco o grupinho de vista. Após uns minutos, comigo quase pegando no sono, minha mãe me cutuca e vejo que estamos entrando na garagem.
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PROVOCATIONS - Vinnie Hacker
RomanceIvy Williams volta para sua cidade natal, Seattle, depois de 10 anos morando em Londres. Em sua mente as coisas por lá estavam iguais desde que foi embora. A diferença é que tudo estava muito diferente. Com "tudo" quero dizer que agora Vinnie Hacker...