Ao ouvir o estrondo no prédio ao lado de si e de Polnareff, freou a moto de repente, sentindo algo ruim tomando seu peito.
— Você é maluco? Dá 'pra frear a moto mais devagar?! — Jean bradou contra suas costas.
— Polnareff — chamou-o, preocupado, ao ver algo lentamente caindo do céu. — Aquilo é o Hierophant Green?! — exclamou, saindo da moto às pressas junto do outro.
— Por que caralhos têm tiras do stand do Kakyoin caindo do céu?!
E então eles sentiram, experimentaram o sentimento amargo ao ouvirem um som de água caindo incessantemente. E quando olharam para o terraço daquele prédio, tudo fez sentido.
A única coisa que Polnareff pôde fazer foi cair de joelhos, olhando para o estado deplorável de mais um de seus amigos.
Enquanto Jotaro, sentindo a rara ardência em seus olhos, pôde somente juntar forças e gritar aos prantos pelo garoto, enquanto podia ouvir o som da risada maldosa de Dio, que se entretinha com seu estado.
— KAKYOIN!!
Jotaro ajoelhou-se pousou as flores acima da lápide com o nome de "Noriaki Kakyoin", logo fechando os olhos ao mesmo tempo em que juntava as mãos, fazendo uma oração rápida.
— Oi, Kakyoin— começou, respirando fundo. — Eu sei que vim aqui semana passada, mas não consigo tirar essa situação da minha cabeça — Mordeu o lábio inferior ao sentir a ardência que se tornou comum em seus olhos. — Já se passou um mês e muitas coisas acontecem comigo, dia após dia, desde que você se foi em meus braços.
Jotaro ainda sentia sua mãos sujas de sangue, sangue este de alguém por quem sentia algo muito além do que qualquer coisa.
— Me sinto culpado por não ter conseguido lhe salvar — Derramou uma lágrima e secou-a com o uniforme. — E tudo que vem acontecendo faz eu me sentir ainda pior — Fechou os olhos, tirando seu quepe apenas para passar a mão no cabelo e colocar o boné de volta. — Você quer saber tudo o que aconteceu depois que você se foi, Kakyoin? — Olhou para o túmulo, sentindo um vento repentino em seu pescoço, rindo sem vontade. — Vou levar isso como um "sim"...
Depois que você se foi, são raras as vezes em que eu sinto vontade de comer durante o dia. Sequer consigo ingerir algo sem vomitar depois, e isso chegou nos ouvidos de meu avô. Ele saiu dos Estados Unidos apenas para me ajudar com tudo o que estava acontecendo. Não só ele, como Polnareff também saiu da França e passou umas semanas no Japão, me vigiando para garantir se tudo estava bem.
"— Jotaro, você tem que comer — Jean repetiu, enquanto me observava mexendo no arroz do Caril Japonês com o hashi. — Pare de ficar tocando na comida com esses palitinhos e coma pelo menos uma vez.
— Eu não quero — disse novamente. — E eu já disse que esses 'palitinhos' se chamam 'hashi', Polnareff.
— Você não tem que querer. Não faça desfeita da comida. Ande, coma pelo menos um pouco — mandou, apontando para o prato.
Respirei fundo e levei uma pequena quantidade de arroz nos lábios, sentindo um gosto amargo se intensificando em minha garganta.
Me levantei às pressas, com a mão na boca, correndo para o banheiro, e coloquei para fora o que mal sobrara das últimas poucas coisas que comi durante esse tempo".
Depois que você se foi, não consigo ter uma boa noite de sono sem ajuda de calmantes ou remédios para insônia. Há tantas cartelas diferentes que mal consigo conta-las, mas todos sabem para que servem.
Sem os remédios, passo noites e mais noites em claro, me culpando por tudo o que aconteceu com você, com Iggy ou com Avdol.
Não cheguei a tempo de te salvar, não cheguei a tempo para te dizer que eu estava ali e que tudo ficaria bem. Você agonizou sem ninguém ao seu lado e eu não pude fazer nada para impedir isso.
"— Eu vou para a cama — avisei, levantando-me da mesa após não comer nada novamente e chamando os olhares de Joseph e de minha mãe para mim.
— Jotaro, querido, vai tomar seus remédios? — Holly perguntou e eu apenas assenti, cansado demais para conversar sobre aquilo.
— Se eu não tomar, o que vai me fazer adormecer, 'né? — Ri, sem humor, tirando olhares triste dos demais. — Boa noite".
Depois que você se foi, tudo a minha volta pareceu desmoronar sobre mim. Minhas notas no colégio decaíram, meu ânimo para cursar o que eu quero parece ter se esgotado e tudo apenas piora quando ouço alguém falando sobre você.
"— Senhor Kujo, sua prova — o professor me chamou, me tirando dos pensamentos vagos e me entregando a nota. 3,5. Foi o que eu tirei em uma prova que seria tão fácil se você ainda estivesse aqui, comigo. — Se não melhorar seu desempenho, não haverá mais nada que te salve de repetir o ano — ele avisou, dando as costas.
Coloquei minha testa sobre a mesa e chorei. Silenciosamente. Sem alguém para me consolar sobre tudo isso. E me culpando mais uma vez".
Depois que você se foi, comecei a me sentir mentalmente e fisicamente exausto para qualquer coisa, pois tudo em que eu penso começa e acaba em você. E isso está me matando por dentro, Noriaki.
Vai fazer um mês desde a última vez que consegui usar o Star Platinum sem me sentir incapaz de controlá-lo.
Eu não deveria me sentir assim, deveria? Perdemos outras pessoas também, mas por qual motivo é você quem não sai da minha cabeça? Culpa? Remorso? Amor?
Deve estar me achando um idiota agora, não é, Kakyoin? Mas desde que você esteja me vendo de qualquer lugar em que você esteja, já me deixa satisfeito.
Mas foi somente depois que você se foi, que eu percebi o quanto eu te amava. Me arrependo de não ter tido tempo e coragem suficiente para lhe dizer isso, e esse, sim, é o meu maior remorso.
Se eu tivesse lhe amado intensamente como eu queria, você ainda estaria aqui, Kakyoin?
Você teria me amado na mesma intensidade?
— Sim, eu teria.
Jotaro sentiu uma mão tocar-lhe o ombro e a voz doce de alguém que conhecia muito bem soou por seus ouvidos. Ele se virou bruscamente, buscando a origem daquela voz e não achando uma pessoa sequer, a não ser um funcionário, um pouco longe dali.
— Isso é algum tipo de brincadeira?! — bradou, solto, esperando que alguém aparecesse, mas nada aconteceu.
E isso foi o que mais o deixou preocupado. Mal sentiu quando as lágrimas começaram a cair incansavelmente por seu rosto.
— Kakyoin... — chamou, fraco — se foi mesmo você...obrigado.
por tudo.
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.AFTER YOU PASSED AWAY
Fanfiction[ JJBA | JotaKak!Angst | AU | Livre ] "Mas foi somente depois que você se foi, que eu percebi o quanto eu te amava. Me arrependo de não ter tido tempo e coragem suficiente para lhe dizer isso, e esse, sim, é o meu maior remorso. Se eu tivesse lhe am...