Haruno Sakura - Conforto.

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Pedido por tomyrib.

Não era muito comum que o tempo em Konoha fechasse tão abruptamente. O dia, que outrora esbanjava um lindo sol, estava coberto por nuvens cinzentas, frio e tempestuoso.

As gotas que vinham do céu se misturavam as lágrimas que saiam dos olhos de Sakura. Porquê? Porquê justo com ela, que tanto amara aquele garoto? Os questionamentos eram embaraçados em sua pequena cabeça, e a única certeza que ela tinha era de que os ventos de repente pareciam muito gélidos.

Ela se abraçou, repentinamente queria que alguém a esquentasse, quando nem um casaco ou um guarda-chuva ela teve escrúpulos para trazer naquele fatídico e comum dia de aula.

Você sabe que ele não vai vim, certo? Seu mente sussurrava, quase como a personificação do próprio inimigo. Ele está esquentando outra. Esqueça-o, como ele te esqueceu.

A aquela altura não importava quem estava no lugar onde queria estar. Ela só queria ele, o Uchiha que tanto a desprezava, e que agora, mesmo depois de todas as suas declarações, estava ali, passos à sua frente, segurando um guarda-chuva e emprestando seu casaco para outra, mesmo que isso o deixasse com frio.

Quantas noites ela sonhou com aquela cena? Mas que, diferente desta, ela era a protagonista. Ela não era o suficiente? O que faltava nela, que ele achava naquela cujo o nome nem era de seu conhecimento?

A chuva pareceu parar em sua volta, e a Haruno já não sentia as gostas no topo da cabeça. Uma presença pareceu se materializar ao seu lado, e com consigo uma sobrinha que agora a protegia das águas frígidas.

— Você não deveria estar debaixo de chuva, Sakura. — Ela sentiu o coração palpitar abaixo das suas mãos unidas frente ao peito. — E não é como se isso fosse uma cena bonita. Não coloque mais sal na ferida, cerejinha. — Ele andou até ficar em sua vista, tapando o casal que quase a hipnotizava. A menina de cabelos róseos levantou os olhos, observando, quase sem ver o que tinha em sua frente, o rosto preocupado e quase triste de S/n.

— E-eu... — Ela murmurou, sem saber o que dizer. As lágrimas ardiam os seus olhos, e mesmo com a pouca luminosidade do fim de tarde somado as nuvens, ela estreitou as pálpebras, perdida dentro de si mesma.

Ela tentara achar algo que fosse plausível. Uma desculpa, talvez? Para permanecer ali, observando o que tanto a machucava, ela tinha que ter uma explicação, mas nada lhe vinha a cabeça, fora o fato de estar inegavelmente ferida e magoada com a escolha do Uchiha.

Sua mãe sempre lhe dizia que era muito nova para se preocupar com o amor, por isso deixou de desabafar com ela. Há muito ela sofria em um quase silêncio insuportável, não se sentia confortável para abraçar a mãe e dizer o que tanto pesava seu peito, o relacionamento com sua família parecia se deteriorar com o passar dos dias, e em seus apenas doze anos, ela sentia falta de tudo isso.

Apesar de tudo, achou em S/n  um pequeno ponto seguro, que lhe aconchegava quando precisava, entendia suas preocupações sem julga-lhe ou menosprezar o que sentia.

Bom, e lá estava ele, segurando um guarda-chuva sobre sua cabeça para que não de molhasse mais.

— Eu sei que dói. — Ele continuou, a voz mansa era uma característica muito forte nele, e isso a deixou mais acomodada com sua presença. — Mas você vai ficar resfriada. Podemos conversar mais tarde, se você quiser.

Sakura entendia a preocupação, mas se sentia muito triste para obedecer um conselho tão óbvio. Ela entreabriu os lábios úmidos, quase unindo as sobrancelhas no meio da testa. Quando dera conta de si, ela estava projetando-se para frente e agarrando-se ao corpo quente, sem se importar momentaneamente se iria causar algum desconforto no garoto com uma pouca diferença de tamanho. O rosto afundou no tecido de sua camisa na área de seu ombro e a Haruno apertou a veste alheia entre os dedos, até senti-los mais frios e rígidos, esbranquiçados pela força posta sobre si.

O contato da pele gelada da garota causou um arrepio estranho e ele ofegou antes de reconhecer o que acontecia ali. Sua blusa molhou com mais intensidade onde o rosto de Sakura se localizava, e ele entendeu que ela chorava. Abraçou o corpo frio, sem se importar com o excesso de água que novamente arrepiou sua derme. Os dedos também agarraram a blusa da garota, e ela se sentiu mais acomodada. Logo os soluços baixinhos se misturaram ao barulho da chuva caindo do céu, pingando na proteção acima de suas cabeças e, então, chegando ao chão.

Não haviam se passado mais que um minuto que estava ali e ela se afastou, ainda fungando muito e mostrando-se muito fragilizada. Passou o antebraço em frente a boca e abaixo do nariz, engolindo em seco sobre o olhar atento do garoto.

— Eu v-vou sujar a s-sua blusa... — Ela explicou, ainda entre soluços e lágrimas que não paravam de escorrer de suas orbes.

O outro ainda parecia um pouco chocado com a sua ação, tanto quando se aproximou quanto quando se afastou. Levou alguns segundos para ele processar o que ela havia dito, enquanto ainda olhava, confuso, para a figura tentando, em vão, secar as lágrimas com as mãos pequeninas.

Quando enfim entendeu a sucessão de acontecimentos, o garoto pegou firme em seu pulso, puxou-a de encontro a si mesmo e a abraçou, esquecendo-se do guarda-chuva que desfaleceu sobre o chão. O contato foi caloroso, repleto de carinho, compaixão, pena e entendimento. Era como se ele pedisse desculpas por algo que não fez apenas para conforta-lá, ela entendia isso, e se sentia grata pelo consolo.

— Você está errada se pensa que ligo pra isso. — Ele sussurrou enquanto ela ainda recebia a informação do contato inesperado, que agora fora por parte dele.

A Haruno não relutou sobre o carinho, então apenas se aconchegou mais ali e despejou todas as lágrimas que estava tentando segurar. Debaixo daquela chuva fria, envolta num vento gélido, mas aquecida entre os braços de quem a acalmava em seus piores momentos, ela jurou que enterria os sentimentos que nutria por Uchiha Sasuke em um lugar tão fundo que nunca mais conseguiria alcançar, para nunca mais machucar-se com a simples menção de seu nome.

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⏰ Última atualização: Nov 09, 2022 ⏰

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