. escritório gelado, corações articos

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No escritório de Kisaki, sempre fazia frio, não importava a época do ano ou a hora do dia, o ar condicionado sempre estaria ligado, as janelas abertas e ventiladores rodando. 

Hanma nunca entendeu, mas isso era apenas mais uma adição à longa lista de coisas sobre Kisaki Tetta que ele nunca entendeu, mesmo que tivesse dedicado sua vida a isso. E, oh, se não era um sentimento frustrante.

Frustração era um sentimento recorrente agora, que ele desprezava. 

Não deveria ser assim, ele seguia Kisaki porque queria se sentir vivo, queria encontrar cores para seu mundo sépia, queria fazer com seu coração pulsasse com a adrenalina eletrizante de estar um passo atrás de um homem que estava sempre um passo à frente de todos. Kisaki Tetta era o tipo de pessoa que Hanma gostava, ele era quem o faria viver outra vez. 

Ou, assim ele pensou.

Funcionou, por um tempo, antes dos dezoito. 

Aos dezesseis anos, Kisaki estava no topo do mundo. Enquanto isso, Hanma não estava mais um passo atrás e sim um degrau abaixo. Poderia parecer pouco, mas a distância entre eles era como se Kisaki estivesse no topo do monte Fuji enquanto Hanma o olhava debaixo.

Abismal.

Ele às vezes se perguntava em que ponto exatamente Kisaki se tornou veneno em vez de seu tônico energético. Talvez fosse desde o momento em que eles se conheceram, com Kisaki se instalando em seu organismo, um agente nocivo de ação lenta, que o corroeu de dentro para fora, minando o garoto inconsequente que só queria um pouco de adrenalina, devorando o adolescente que ansiava por um motivo para continuar vivendo, formando um adulto enfadonho, deixando nada além de uma casca; um almofadinha carrancudo que usava ternos e fumava charutos cubanos caros. 

Talvez tenha sido quando ele se apaixonou.

O que, honestamente, era ridículo. 

Olhando desse ângulo, no sofá de couro do escritório de Kisaki, no topo do prédio comercial mais alto e mais caro de Tokyo, ouvindo enquanto Kisaki dava ordens a Hanagaki para assassinar a garota pela qual ele supostamente estava apaixonado, Hanma se perguntava porque.

Porque ele se apaixonou por Kisaki? 

Não havia nada de bom nele. Sim, Kisaki era bonito, ele sempre foi desde que eles eram apenas meros delinquentes, mas Hanma conhecia belezas arrebatadoras que se ajeolhariam aos seus pés e o adorariam como um Deus que superariam Kisaki sem nem tentar. Kisaki era inteligente, mas o que diabos isso deveria significar? Cinco andares abaixo, Matsuno era terrivelmente genial também e Hanma nunca o achou nada além de entediante. Kisaki podia ser gentil quando queria, mas em comparação ao brilho natural de Hanagaki, nem mesmo era algo que podia ser mencionado. 

Não era sua beleza, não era sua inteligência, não era seu coração, porque Kisaki nem tinha um. 

Ainda assim, Hanma morreu por aquele homem, entregou os cacos de seu coração e doou sua alma, apenas para que tudo fosse jogado no mar para ser usado como isca de peixe. E ele ainda assim seguiu Kisaki.

Hanma não sentia muita coisa nos dias de hoje, doze anos da mesma rotina de desprezo silencioso haviam a muito o entorpecido, sempre seguindo ordens, fazendo o trabalho sujo, acenando e puxando o gatilho, limpando o sangue e manchando o tapete. Ele não sentia nada em coisas que anos antes o teriam feito vomitar seu almoço, mas que também fariam um sorriso enlouquecido tomar conta de seu rosto.

Ele não sentia nada nas noites em que Kisaki rastejava até sua cama e exigia que Hanma o fizesse esquecer o próprio nome, o usando para descartá-lo em seguida.

▪¤ i dont wanna feel better (i loved someone ) ¤▪Onde histórias criam vida. Descubra agora