Segunda: Manhã

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Anne

Eu preciso urgentemente chamar essa garota para o baile!

Hm... ok, talvez isso tenha soado um pouco desesperador demais — afinal não é como se minha vida dependesse disso —, mas resume bem o meu estado atual de espírito.

Simplesmente não dá mais; Sasha tem que ir pro baile comigo.

A gente se conhece há o quê? 11 anos? Sim, é isso mesmo. Há 11 anos que eu conheço essa garota e há 11 anos que eu gosto dela. Claro, obviamente eu não entendia os meus sentimentos por ela logo de cara, mas o tempo foi passando, a gente foi crescendo — ela foi crescendo — e vocês sabem... chega um certo momento da nossa vida em que a gente lembra daquele friozinho na barriga ou daquela ardência no rosto que sentia quando olhava por muito tempo para a amiguinha ou amiguinho e para pra pensar que talvez essas coisas sejam indícios de algo além de simples amizade.

E é exatamente nesse momento que você percebe que está apaixonada pela sua melhor amiga.

E... bem..., é exatamente nessa situação que eu me encontro já faz uns seis anos.

Atualmente, eu tenho 16. Sou alta, magra, descendente de tailandeses, tenho pavor de sapos e me chamo Anne, Anne Boonchuy... e... tipo, quem sabe, né, num futuro talvez um pouco distante — ou nem tanto assim, nunca se sabe —, eu não seja conhecida como Anne Boonchuy-Waybright, hein?

(Deus, por favor, faça isso acontecer!)

Bem, acho que eu extrapolei um pouco as coisas aqui e fugi do assunto.

Foco, Anne, foco.

De qualquer forma, como eu deveria ter dito no início, hoje é o dia que o meu amor platônico pela minha melhor amiga deixa de ser platônico e se torna algo mais real. Eu vou convidar Sasha para ser minha acompanhante nesse evento e vou fazê-la me olhar da mesma forma que eu olho para ela.

E nada — e quando eu digo nada, é absolutamente nada mesmo — irá atrapalhar isso.

Bem... eu espero.

— Anne, para aí!

E, quando ouço essa linda voz chamar por mim, um tanto apressada, eu paro de andar na mesma hora. Sequer preciso olhar pra trás para saber a quem ela pertence — cuja dona consegue ser ainda mais bela.

Mesmo assim eu me viro e olho, porque admirar Sasha Waybright nunca é demais, ainda mais quando essa está correndo na sua direção para te alcançar.

É manhã cedo e, assim como eu, ela está indo para a escola.

O caminho não é muito longe da casa de nenhuma de nós duas, então nós sempre vamos à pé e geralmente nos encontramos perto do prédio da instituição, a uns 200m de distância (eu acho) do local, exatamente onde estou agora.

Estudamos na mesma escola desde que eu me conheço por gente, e foi nela que nós duas aprofundamos mais a nossa amizade.

Vamos para ela juntas, passamos todas as aulas que compartilhamos sala juntas e geralmente quando o último horário acaba nós vamos para minha casa — às vezes a dela — nos divertir ou conversar mais sobre qualquer coisa.

Até os meus pais a adoram, então ela já é praticamente da família. Só falta ter o meu sobrenome, mas isso é apenas um detalhe; um detalhe que resolveremos em breve.

— Anne? Tá com sono?

Me assusto quando sinto Sasha tocar o meu ombro e vejo-a à minha frente. Eu finalmente dou por mim, lembrando totalmente da realidade e percebendo que estava parada o tempo todo olhando para ela enquanto justamente pensava sobre ela.

Lethal Love - SashannarcyOnde histórias criam vida. Descubra agora