Desesperados e-mails.

0 0 0
                                    

Estava-me a habituar a não ter notícias do desconhecido Miguel durante dias, já não me fazia diferença se ele me respondia ou simplesmente se tinha ido embora de vez. Acho que perdi o interesse. Tenho mais em que pensar e agora vou estar distraída durante 3 dias, pelo menos enquanto trabalho.

"Preciso que me imprimas 3 planos novos, decidiram mudá-los e preciso que os distribuas pelo pessoal." Certo. Já vos falei do meu trabalho? Era bastante fácil fisicamente, mas psicologicamente era cansativo. Estava num escritório, 12h por dia, a tratar de todos os dados relativos a produção e embalagem de produtos de pastelaria.

"Estou a caminho." Dava-me bastante bem com os supervisores e isso facilitava tudo. Podia fazer os intervalos que quisesse durante o tempo que quisesse. Mas por mais que tentasse distrair-me, ele não me saia da cabeça.
O que estava a fazer? Como estava? Será que íamos falar ou simplesmente manter esta relação de cão e gato? Sentia-me frustrada por saber que me estava a meter demasiado em algo que eu não sabia e sinceramente, não tinha a certeza do que queria.

Escrevo um e-mail? Demasiado desesperada? Espero que ele diga algo? Típico esperar que o homem dê o primeiro passo. Isto é complicado.

Vou terminar o meu dia e quando chegar a casa depois de um bom banho e comer alguma coisa, tomo uma decisão.

"Deseja-me sorte." Já me esquecia da minha Daniela. A minha pequena Daniela que hoje iria deixar de ser pequena.

"Vais ficar bem." Só espero que ele torne o momento especial, pelo menos.

"Até amanhã!" Gritei ao sair do escritório. Finalmente. Podia respirar fundo e ir para casa. Sabem, estar o dia todo num escritório à frente de um computador, é bom mas é muito cansativo. Acho que já vos disse isto.

Próxima tarefa, fazer o jantar. Mas primeiro, tomar um banho quente e demorado. Adorava simplesmente estar debaixo do chuveiro com água bem quente e relaxar.

Apressei-me e quando dei por mim já estava a desfrutar do meu banho. Como era bom.
Ouvi o meu telemóvel, era um e-mail. Espero que não seja do trabalho. Acho que terminei tudo e amanhã já lá estou de novo.

Este pequeno inesperado fez com que eu abandonasse o meu momento mais relaxado do dia, e se eu realmente me esqueci de alguma coisa? Posso ser despedida e isso não pode acontecer.

"Quero que descarregues uma aplicação. Snapchat." Só podes estar a brincar. Devo responder o que estou a pensar ou ignorá-lo?

"Quero que vás dar uma volta. Não quero saber o que queres e tão pouco o irei fazer. Não tenho tempo para isto." Toma.

"Isto?" Sim, isto. Não tenho outro nome.

"Sim, o que quer que isto seja. Falamos por e-mail quando tu queres, quando não queres desapareces por uns dias ou semanas, e eu não quero estar à espera de algo que nunca vai acontecer." O que é que eu me estava a referir? Isto, estava a ficar confuso.

"Não desapareço, apenas tenho tido muito trabalho e pouco tempo para conseguir o que quer que seja." Típica desculpa, trabalho.

"Por favor, assim que acordas tomas o pequeno almoço e dás uma vista de olhos no telemóvel ou começas a trabalhar sem comer, de pijama?"

"Desculpa." Bem me parecia. Não respondi mais. Ele sabia que eu tinha razão, mas posso concluir que ele é demasiado orgulhoso para o admitir e isso, vai ser um problema.

"Por favor." Desesperado? Oh. Temos pena.

"Como correu? Estás em casa? Conta-me tudo." Mandei mensagem a Daniela, mas não sabia onde ela estava e por isso, só me restava esperar e aguentar os desesperados emails do desconhecido.

Amor por problemas.Onde histórias criam vida. Descubra agora