"O universo é infinito"; foi o que me disseram por toda a minha vida. Tal qual o universo, sempre pensei que dentro de cada um de nós, havia um infinito. Afinal, somos feitos de poeira estrelar, não somos?
Encantava-me a quantidade de infinitos. Cada universo que, de alguma forma, conseguia habitar um pequeno humano. Como a boa astronauta que eu sou, pedia licença e adentrava o universo de cada um que assim me permitisse. Explorava com delicadeza, ia até aos planetas de maiores pressões e temperaturas mais desagradáveis. E sentia-me honrada. Não há maior voto de confiança do que um passe para explorar o universo de alguém.
Bem, acredito que quem me deu o passe sentiu-se compelido a retribuir. De início, hesitei. Sabia que em cada galáxia minha muitos buracos negros havia. Porém, insistiram. Dessa forma, por fim, cedi.
No começo, tudo deu certo. Astronautas percorreram meu universo, e nunca me senti tão bem. Tão amada. Entreguei-me, assim fui muito feliz.
Entretanto... Devia ter sido mais cautelosa. Astronautas despreparados adentraram, assustando-se com meus buracos negros. Infelizmente, minhas estrelas não foram o suficiente para fazê-los ficar. Assim, deixaram-me, e em seu lugar uma mancha de tristeza se espalhou.
Pensei em fechar os portões de meu universo. Mas não... Uma vez abertos, jamais conseguiria fechá-los novamente. O máximo que consigo fazer é ser mais seletiva. Então, tentarei me abrir somente para os melhores astronautas. Sei, todavia, que sempre posso me enganar.
Mas a verdade é: por mais que os despreparados doam, os outros fazem tudo valer a pena.
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Palavras Planetárias do Meu Pequeno Universo
PoesíaApenas alguns textos e poemas que ilustram o que existe em mim...