Capítulo Três

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Havia completado dois dias desde a última vez que Cassandra e Cristina tinham se comunicado por telefone. Cristina se mantinha calma e animada com a possibilidade de férias em Paris.

Aquela era uma ensolarada manhã de sexta-feira, os raios de Sol invadiam as paredes de vidro da sala do escritório. Cassandra sentia o corpo mole pela manhã, efeito dos calmantes que tomava antes de dormir.

Ela olhou para a paisagem lá fora, o jardineiro estava podando algumas das árvores, parecia um bom dia para dar um mergulho no lago.

No entanto, ela tinha algumas pendências a serem resolvidas antes de pensar em qualquer divertimento.

Cassandra baixou seus olhos, até se deparar com suas mãos. Sob a mão direita, havia uma enorme cicatriz que ela tinha ganhado durante o acidente. O vidro do carro perfurou sua mão, e como resultado, ela levou 13 pontos.

-Senhorita!- Harry entrou na sala do escritório, parecia um pouco impaciente- precisa ver isso, o noticiário...- ele ligou a tv de tela plana que estava fixada a parede e então colocou no canal 10.

"A empresa de cosméticos Nature Beauty informou esta manhã, que começa um processo de investigação entre seus associados. Inclusive a herdeira do império dos Duncan, Cassandra Marie Duncan, que possui 50% das ações da empresa está na lista. Tudo começou depois que foi descoberto por um dos gestores administrativos, um rombo de 10 milhões de dólares. Os advogados da empresa entraram na justiça e todos os que estiverem dentro do processo de investigação, terão os bens confiscados", anunciou a repórter.

Cassandra semicerrou os olhos na tentativa de raciocinar sobre o que estava acontecendo.

-O que devemos fazer, senhorita?- Harry desligou a televisão.

-Estranho...Cristina não me disse nada a respeito antes...

-10 milhões de dólares não é nada para a senhorita- interveio ele- o que será que de fato está acontecendo?

-Está tudo muito confuso nessa história, não quero fazer julgamentos sem provas...Mas se meu nome está envolvido e existe a possibilidade de Cristina ter feito algo errado. Embora eu acredite que ela não tenha inteligência suficiente para isso, talvez alguém possa ter a enganado...

Cassandra se sentou a mesa e começou a pesquisar em seu computador mais a respeito da notícia.

-Harry, entre em contato com Cristina, ligue para ela e se não conseguir, tente o contato do apartamento. Preciso descobrir o que ela sabe.

-Sim, senhorita- concordou ao se retirar.

Cassandra não estava aterrorizada, já havia lido cuidadosamente cada papel que Cristina trouxe.

-Senhorita Duncan, a senhorita Cristina não atende ao celular- Harry voltou com notícias.

-E o apartamento?

-A empregada disse que faz dois dias que ela não aparece em casa.

-Talvez ela tenha fugido ao pensar que seria presa?- sugeriu Cassandra a si mesma- vou checar quando foi a última vez que ela usou o cartão de crédito.

Ao pesquisar na internet, Cassandra descobriu que Cristina tinha usado o cartão dois dias antes para comprar uma mala.

-Cristina não sobreviveria sem dinheiro...Talvez tenha tirado dinheiro do banco...- rapidamente Cassandra acessou a conta que havia criado para seu reflexo- está zerada!

Cassandra esfregou as próprias têmporas na tentativa frustrante de se acalmar.

-Pensa, pensa, pensa!- repetiu a si mesma- precisamos encontrar ela...Harry, contate o detetive Jackson Petterscon. Precisamos de alguém especializado em encontrar pessoas desaparecidas... Ele me foi recomendando uma vez...

-Certamente a senhorita Cristina não foi trabalhar nos últimos dois dias, o que fará com a empresa, senhorita Duncan?

-Se ela está desaparecida, eu também estou...- raciocinou- isso levantaria suspeitas dentro da empresa e para a midia. Preciso fazer algo a respeito...

-Eu tenho uma sugestão, se me permitir, senhorita.

-Qual?

-Talvez deva voltar e ocupar seu lugar como Cassandra Duncan, diretora da Nature Beauty e única herdeira dos Duncan.

-O que?- ela arregalou os olhos surpresa diante a ideia dele.

-Sim, senhorita...embora a senhorita Cristina fosse uma alternativa, ela não conhece a empresa tão bem quanto a própria dona- ele ponderou.

-Eu não sou dona, mas tenho grande parte das ações - corrigiu.

-A senhorita tem mais ações em alguma outra empresa?

-Algumas, meu pai era um grande investidor...

-Então deve tomar posse do que é seu por direito, não deixe que manchem o sobrenome da sua família.

-O nome da minha família não está manchado, eu não fiz nada de errado e tenho plena convicção disso...- ela se levantou da cadeira.

Cassandra foi até a parede de vidro.

-Mas eu também não quero ser culpada por algo que não fiz- concordou- e mesmo que não queira, você tem razão, eu tenho que voltar...

-Então qual será o primeiro passo?

Cassandra avaliou o próprio reflexo no vidro.

-Minha aparência já não é como antes...tenho mais olheiras, estou mais pálida, meu cabelo está armado e sem corte....Enquanto Cristina está nos trilhos, estou fora deles. Ligue para a melhor cabeleireira da cidade, mande trazer roupas e informe a minha secretária que segunda eu estou de volta, pois tenho gripe forte- ela se voltou para ele- consegue se lembrar de tudo?

-Tudo!- ele deu um meio sorriso.

Não somos irmãsOnde histórias criam vida. Descubra agora