Capítulo Dez

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-Senhorita, vieram buscar o seu computador para análise- Judie anunciou aterrorizada.

-Eu já sabia disso - Cassandra se levantou da cadeira.

-Já sabia? Parece que eles estão fazendo isso com os outros investigados.

-Não se admire se plantarem algo estranho na minha nuvem e disserem que foi minha culpa - Cassandra calçou os pés.

-Acho que não devemos entregar o seu computador a eles, essa investigação está indo longe demais.

-Não se preocupe, eu tenho uma carta na manga, em breve você saberá e então vou precisar da sua ajuda.

-Carta?

-Sim, não se preocupe, não é nada ilegal... O que acha de irmos almoçar juntas? Não tomei café da manhã hoje...

-A senhorita emagreceu desde que começaram as investigações- Judie parecia preocupada- posso fazer algo para ajudar?

-Vamos dizer que não ando comendo em casa, o tempo é muito curto... Chame suas amigas, vamos todas juntas.

-Tudo bem - concordou relutante.

Após almoçar junto com as secretárias, Cassandra recebeu uma ligação do detetive Jackson.

-Diga - ela olhou ao redor, estava do lado de fora da lanchonete.

-Senhorita Duncan...consegui indentificar de onde estava vindo a chamada daquele telefone.

-Ótimo! Me envie as informações por mensagem, por favor...algo a respeito do nosso homem ruivo?

-Ainda não, infelizmente.

-Tudo bem, continue seguindo a pista do telefone e descubra quem conversou com a Cristina aquela noite...eu preciso ir.

Judie e as secretárias saíram da lanchonete.

-Obrigada pelo almoço agradável, eu preciso ir...encontro vocês no escritório- Cassandra acenou para elas e então foi embora.

Ela andou algumas quadras dali, pegou um táxi e foi até o outro lado da cidade, onde se encontraria com Liam em um escritório de administração, um lugar não vinculado a sua empresa, mas que ela conhecia ao dono.

-Vejo que chegou antes de mim- Cassandra entrou na sala e viu Liam de pé perto de janela.

-Isso é mesmo necessário? Me sinto como estivéssemos cometendo um crime ao invés de apenas conversar.

-Senhor Harrison, eu preciso que entenda...eu estou sendo investigada, e provavelmente alguém está me vigiando, então ser sigiloso é o caminho.

-Você está sendo seguida?

-Sim, e antes que me pergunte como sei sobre isso, faz alguns dias que vejo o mesmo carro passando por mim ao longo da semana.

-Eu...nem sei o que dizer- ele parecia preocupado.

-Tudo bem, contanto que resolvamos isso o mais rápido possível- ela segurava uma pasta- eu tenho uma ideia de quem seja o responsável pelos rombos na empresa.

-Quem?

-Daniel Watson.

-Daniel? - semicerrou as sobrancelhas - mas ele ama aquela empresa tanto quanto você.

-Sim, ele ama e por isso que me detesta. Ele quer o meu lugar.

-Cassandra, essa é uma acusação severa, você precisa de provas...

-Exatamente!- concordou ao se aproximar da mesa e tirar alguns papéis da pasta.

-O que é isso?

-Parece que o senhor Watson estava fazendo ligações frequentes a um determinado número...investiguei do que se tratava, e parece que é uma empresa que nos presta serviços...quais, eu não sei. Ele assinou um contrato com ela e eu preciso que você descubra do que se trata, o dinheiro envolvido é alto.

-Tudo bem, eu posso dar uma olhada nisso...- ele pegou os papéis - algo mais?

-Não, por enquanto. Estou analisando outras pistas.

-Você está bem, parece um pouco abatida- ele mudou de assunto de repente enquanto fingia analisar a papelada.

-Não estou bem- respondeu de forma sincera- mas vou ficar assim que tudo isso acabar - ela se sentou na cadeira - é muita coisa pra dar conta...

Liam ficou compenetrado na figura dela, Cassandra parecia cansada e disposta a se abrir...se ele perguntasse e e insistisse.

-Você quer compartilhar algo comigo? Eu sou um bom ouvinte, você sabe - ele deu um meio sorriso amigável e então se sentou.

-Eu sei que você é - ela parecia envergonha- até demais - riu.

Liam ficou a analisar as expressões dela, fazia um tempo que não via Cassandra rir. Um bom tempo, três anos.

-Então, você pode me contar qualquer coisa...é como uma conversa entre um cliente e seu advogado, totalmente sigiloso...bem... não é sobre o Gabriel, é?

-Sobre o Gabriel?- ela fez uma careta- de onde você tirou isso?

-Aquele dia que te encontrei no restaurante, ele estava lá, abatido... vocês terminaram? Quero dizer, isso não é da minha conta, mas vocês se encontraram, não é?

Cassandra não sabia o que dizer, Liam parecia a conhecer tão bem, mesmo depois de tanto tempo.

-Eu não tenho nada com ele- ela virou o rosto, o namoro de Cristina estava a deixando em maus lençóis.

-Não precisa se envergonhar, todo mundo precisa passar por um relacionamento, pelo menos uma vez na vida... Vocês não estavam juntos oficialmente, mas ouvi alguns boatos na empresa - ele fingiu tossir para aliviar o clima

-Desde quando acredita em boatos?

-Você tem razão, eu nunca acreditei.

-Então, aí está a sua resposta. O senhor Gabriel tem uma queda por mim, de fato, e ele não parava de me ligar... Então resolvi conversar com ele e ameaça-lo, que se não me deixasse em paz, teria de processa-lo por ser um stalker - mentiu.

-Isso é horrível! - ele pousou uma de suas mãos sobre a dela.

Cassandra sentiu vontade de se afastar, mas sentir o toque quente e reconfortante de Liam era indescritível.

-Bem, agora você sabe...eu tentava ser amigável, mas ele levou para outro lado.

-Se você quiser, podemos.entrar com uma ação contra ele.

-Não, por favor...eu já o demiti, e espero que nossa conversa tem surtido efeito.

Liam e Cassandra se entreolharam, até que o celular dele tocou.

-É a minha namorada.

"Namorada?", ela ficou desapontada.

-Você na namora...- o viu desligar o telefone.

-Sim, faz um ano. Ela é esteticista- explicou.

-Ah, sim...- Cassandra se levantou envergonhada - desculpe, preciso voltar para o escritório.

Não somos irmãsOnde histórias criam vida. Descubra agora