O Segredo da Família Park

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    A mesa estava posta, mas não tinha ninguém lá. Nana percebeu que não tinha visto nenhum cozinheiro, nenhuma arrumadeira, nenhum empregado além da velha. Sentou-se sem ter certeza se estava atrasada ou adiantada. Uma presença, vinha um homem magro na direção da sala de jantar. Nana se levantou para cumprimentar quem quer que seja, mas ele apenas se sentou na ponta oposta, trazendo consigo uma atmosfera tensa. Os olhos dele... Com certeza usava lente ou era uma impressão por contas das chamas das velas. Eram de um vermelho profundo e a encaravam diretamente. Não que fosse esse olhar maquiavélico, contudo ela se sentiu mariada, como se estivesse em uma caravana numa tempestade de fim de temporada. A segunda característica que notou foram os lábios carnudos convidativos, eles tinham o formato de um biquinho lindo e pareciam extremamente beijáveis.
    Em sequência, a governanta se junta aos dois na mesa.
    — Nana, este é Jimin, o garoto que irá cuidar por essas semanas.
    A jovem quase caiu para trás. Esperava um adolescente até 15 anos no máximo, mas aquele "garotinho" tinha 19 para cima. Ela ficou pensando se ele poderia ter algum tipo de deficiência que o deixasse mais velho, ou o hormônio do crescimento em excesso. Estranho? Bastante! Mas realmente não importava a idade da pessoa que ela cuidaria, desde que a grana fosse a mesma. E ela também não seria tão grosseira para perguntar se o bendito era especial de alguma maneira.
    — Prazer, Jimin!
    A jovem lança um sorriso encantador e o que ele faz? Bota os cotovelos na mesa, junta as mãos e apoia o queixo, continuando a encarada. Ela sentiu uma onda cobrindo-a e levando para o alto mar. Nadar era inútil. A correnteza agarraria os seus pés e puxaria para as profundezas daquele mar vermelho.
    — Rosaline preparou peixe com purê de batata e salada fresquinha para a senhorita. Sugiro que coma tudo para ficar saudável — a velha disse "sardável" com um tipo de sotaque que era incomum na ilha, talvez até fora de uso.
    Somente um prato tinha comida — se é que aquilo era mesmo comestível—, enquanto os dois anfitriões esquisitões estavam ali só de enfeite. Nana estava desconfortável, não só agora, mas desde que chegou. Como queriam que ela comesse com ambos a encarando daquela maneira opressora? Ela não era bem vinda, notou já tarde demais. Pensou em ir embora mais uma vez e se deu conta de que não importava quantas vezes aquele pensamento a atingisse, pois só voltaria de carteira vazia para casa se algo muitíssimo absurdo acontecesse e até o momento, era ainda usual.
    Sem ter trocado nenhuma palavra na refeição, quando ela terminou, sentiu a pressão alta. Era sal com comida e não o contrário. Por um segundo o tal Jimin sorriu de lado, exibindo dentes brancos e pontiagudos. De certo não necessitava frequentar o dentista.
    — Que horas devo acordar você, Jimin? — Ela faz uma pergunta direta, tentando estabelecer uma comunicação com seu mais novo protegido.
    — Meus costumes são noturnos, milady.
    Aquela voz era tão sedutora que Nana temeu seus próprios instintos animalescos, que queriam se jogar nos braços daquele homem e permitir com que ele tomasse conta dela. Espantou o devaneio com um movimento de cabeça, parando o olhar novamente naquele garoto. Que rosto era aquele? Que pele era aquela? Ela não podia acreditar que alguém possuísse imensa beleza, e lá estava um membro da família Park para a provar do contrário.
    — Deve estar exausta. Por que não ti resguardas nos teus aposentos e deixemos essa conversa para a próxima noite?
    O linguajar dele era ainda mais rebuscado que o da velha.
    — Mas é que... Bem... — Ela perdia o raciocínio com aquele timbre angelical, ou diabólico, que ele usava. — Qual o meu propósito? Mil perdões, mas vejo que consegue se virar bem sozinho.
    — Hã-hã, preciso da milady cuidando de mim nas horas claras. Tenho a pele muito branca, como pode notar — dobra uma das mangas pretas e mostra um pulso sem melanina alguma.
    — Ah, minha nossa! É uma daquelas doenças raras que não se pode sair no Sol?
    Ele sorri mais largo dessa vez, fazendo-a seguir esse seu ato repentino.
    — Pode-se dizer que sim.
    — Não está faltando alguma coisinha?
    Ele torce a cabeça sem entender e ela sorri antes da hora.
    — Milady! Gostei do jeito que me chamou. Deve me chamar assim agora todas as vezes!
    Jimin não reage da forma que ela esperava. Sua língua passa vagarosamente em cada dente, saboreando o invisível. A governanta pigarreia e ele se detém. Park flertou? É isso mesmo? Nah... Ele só tirou sarro dela. Nana conhecia o tipinho que gostava de encurralar mulheres, mas ela era crescidinha para cair nessa armadilha.
    — Está na hora de retornarem aos seus quartos. Pela manhã vejo os dois no horário previamente dito. Tenham uma boa noite.
    A governanta se levanta e aguarda até que Nana subisse para retirar o prato e liberar o "garotinho".
    No andar de cima, o sopro do vento que escapava por dentro da fresta da janela dela era "horrorível", já dizia seu irmãozinho. Tratou se trancar tudo e se isolar de vez no castelo assombrado. O apelido era mansão Park, porém ela preferia sua versão.
    Abriu o armário e pegou sua camisola também azul, sua cor predileta, vestiu-se, escovou os dentes e foi deitar. Deu-se conta de que não sabia o que fazer para apagar as velas da abóboda. Desistiu, resolvendo dormir com a luzinha incômoda.
    Acordou de madrugada com uma torcicolo sinistra. Pôs a mão no pescoço e a dor aumentou. Ela trouxe a mão pra frente do rosto, estranhando os tons vermelhos na ponta dos dedos.
    De repente ela deu um salto, descobrindo-se e indo rapidamente até o banheiro escuro. Conseguiu ver no seu reflexo turvo duas marcas no pescoço que antes não estavam lá. Nenhum inseto faria buracos daquele perímetro, nenhuma naja tinha as presas tão separadas. O que Diabos fez aquilo com ela? A resposta estava atrás dela, porém Nana jamais o veria pelo espelho.
    — Teus vasos estão dilatados para serem drenados mais rapidamente, milady. Por isso não pude resistir e resolvi fazer uma visitinha para sugar teu doce sangue.
    As velas se apagaram. A vítima daquele vampiro de mais de 900 anos de idade se arrepia, virando afim de descobrir quem falava no pé do seu ouvido. Ela rodou algumas vezes no próprio eixo, falhando na sua busca, o desespero aumentando, os olhos esbugalhados tentando enxergar um palmo na sua frente.
    — Meus brinquedinhos perderam a validade muito rápido — a voz, definitivamente diabólica, vinha de todos os pontos cardeais do quarto. — Investi pesado em ti, Nana, para que falecesse cedo nas minhas mãos. Te dei um quarto, comida, e providenciarei o que for necessário para que dures, mas deves prometer não tentar escapar.
    — Ji-Jimin? Pare com isso! Não tem graça, ouviu? Acenda uma vela para que eu possa ver!
    — Vá por mim, milady, tu não irás querer ver meu rosto está noite.
    Uma força mística joga Nana no colchão duro. A menina fica sem ar por alguns minutos. Um corpo é posto sobre o dela e garota sente uma paralisia, o medo.
    — Minha sobrinha pediste para que trajasse roupas formais para me conter, contudo teu cheiro vai longe, com ou sem decotes — ele funga, ela estremece.
    Sobrinha? Aquela velha? Do que ele estava falando? Isso seria impossível! A não ser que... Nada de cruzes, nada de drogas, muito sal, nenhuma prata, tudo deixaria o sangue dela puro, preparado para um tipo de criatura que só se pensava que existisse em filmes e obras literárias.
    — Não é real...
    Mas era. Era tão real quanto a vida que ela estava prestes a deixar pra trás.
    — Pensaste coisas impuras quando me viste, não me negue isto — Jimin sussurra e ela aquiesce no escuro. — Terás então o que imaginou nessa cabecinha, todavia de uma forma muito mais dolorosa.
    — O-o que é você? — Ele fecha a boca aberta além do limite para abocanhar a aorta dela e rasgar a pele da região para ouvi-la. — É um psicopata? Um  lunático? Um monstro?
    Ele teve de rir, sua respiração devia bater e voltar na pele dela, porém ele não respirava — vampiros não se incomodavam com cigarros, a jovem teve o pensamento corriqueiro. Aquilo o fez gargalhar em cima dela. Os pensamentos, ele lia os pensamentos.
    — Não, milady, não sou um monstro. Acontece que, inevitavelmente, preciso do seu sangue. — Jimin acaricia o rosto dela, que coloca a mão sobre a gelada dele.
    Elas nunca retribuíram os carinhos dele antes.
    — E o fumo não me incomodas, de fato.
    Os dois estavam diante das criaturas mais fascinantes que já viram. Porém o mais velho com aparência de garotão ainda sentia sua sede, que mais tarde Nana descobriria ser insaciável. Ele se abaixou e a mordeu, afundando os caninos naquele pescoço cheiroso e chupando o redor para diminuir a dor, uma atitude que ele nunca praticara antes com suas vítimas. Não sabia ao certo pra que tanta preocupação, mas não queria a machucar.
    Nana se debateu um pouco, o grito mudo excitando o vampiro. Daí ele a ergueu, pondo uma mão no meio da espinha dorsal dela e trazendo seus seios pequenos para perto. Os braços dela apertavam os dele, suplicando, implorando para que deixasse ao menos o suficiente de sangue para que ela vivesse mais um dia. Pior que ele quase não conseguiu atender o pedido. Parar era o mais difícil depois de marcar sua presa, sendo que a maioria morria com a drenagem, ou então de hemorragia. Park não deixaria nada disso acontecer com Nana. Não que ele se importasse de tudo com a vida dela, apenas queria ela acordada mais um pouco pro seu divertimento antes de a descartar.
    — Me... Me deixe te ver — ela pede de forma tão fofa que ele teve de abrir as cortinas, a lua e as estrelas seriam seus holofotes.
    A pele dele refletiu lá fora e ela se encantou. Estava sem camisa, mostrando a pele branca tomando o tom azulado do céu. Ele tinha gominhos bem definidos e nenhuma mancha de pele, podendo ser confundido com uma das esculturas da própria mansão. Nana foi cuidadosa, encostando no seu peitoral de leve. Ele queria poder se arrepiar, suspirar, só pra mostrar a ela que gostou daquilo. O jeito que ele aprendeu de demonstrar prazer era um tanto agressivo. Era só olhar para a face ensanguentada dele que ela, fixada demais na musculatura magérrima, nem deu muita bola.
    Jimin rasgou a camisola delicada, libertando os seios rosados de Nana. Passou os dedos nos bicos, salivando aquele gosto de ferro quando os viu crescer com o toque. Abocanhou um, massageando o outro, depois trocou os lados, lambuzando o corpinho quente de sangue. A jovem só queria sentir. Ele partiu para a calcinha, cortando-a com a unha afiada que nem navalha e mostrando um paraíso até para os monstros.
    — Não acredito no que está acontecendo... Eu serei feita de prisioneira pelos meus empregadores.
    E riu. Demônios! Como ele gargalhou. A garota parecia incrédula a um ponto que ela nem estava ciente do que acontecia, do que ele pretendia fazer com ela. Jimin arriscou um beijo que, para a surpresa dele, foi retribuído com voluptuosidade.
    — Sou tão irresistível assim para minha milady?
    — Quis beijar seus lábios no momento em que o vi — ela admite, corando em seguida. Como poderia se sentir atraída por alguém tão rapidamente? Só podia ser um poder vindo dele.
    — Pois então me beije até tremer os lábios.
    As mãos frias percorriam o corpo dela, apalpando e apertando certas partes. Foi num desses apertos que ele fraquejou e ela subiu em cima dele, continuando o beijo depravado. Park soube que, agora que achou uma donzela que atendesse seus chamados, teria de maneirar a frequência de vezes que beberia seu líquido vital. Ele a queria viva e pulsante do seu lado por bastante tempo.
    O vampiro a ergue para baixar suas calças e poder degustar da fruta do pecado. O corpo dela, sentindo uma rigidez duvidosa, reage, rebolando incessantemente no colo do sanguessuga. Ela arfa necessitada. Os vampiros causam isso nas vítimas, transformando-as em ninfos. Nana não era exceção. Ela estava sedenta.
    Park se senta, beijando o pescoço e apalpando os peitos da jovem que o estimulava. Em meio àquela química de outro mundo, ele a invadiu sem avisar, alargando Nana e arrancando gemidos altos.
    — Hah... Hah... Ownnn... Isso! Isso, Jimin! Me faça sua! — O vampiro nunca saberia se aquela euforia era mesmo dela ou então o efeito que ele proporcionava.
    Ela sentava nele, sentindo seus centímetros irem e virem. O vampiro não estava interessado em lentidão, logo pegando nas nádegas femininas e puxando para baixo, causando estalos molhados satisfatórios. O ar saia à jato do pulmão dela e ele pensou estar a matando por falta de O2.
    A mordeu mais uma vez no encontro da clavícula com o ombro. O vinho quente pintando as dermes era a própria inocência se esvaindo de dentro do corpo de Nana. Ela jogou o pescoço para trás, tentando decidir se gritava de dor ou deleite.
    — Tu serás minha, toda minha para todo o sempre, Nana — a clamou, metendo e a sentindo escorrer no seu falo. — Darei esse carinho todas as noites durante anos. Seremos eu e a milady trocando sabores em todos os cômodos dessa mansão.
    Sem conseguir dizer, respondeu na própria mente: "pode fazer o que quiser comigo", o que levou o vampiro a loucura. Ele aumentou a rapidez das estocadas, fazendo-a se desmanchar logo no início, e continuou metendo com o gozo dela o melando por inteiro.
    — É muito! Ah! É muita coisa... Eu! Eu! Ah! Jimin!!!
    Nana estava delirante, a cabeça remexida que nem depois que se leva um caldo, raspando a pele na areia áspera. Esse era o efeito dele. Jimin a invadia de inúmeras maneiras, a mente e a sua vergonha, dominando as ações da pobrezinha.
    Quando ele gozou, fez questão de fazer dentro dela, pois queria porque queria saber como o líquido dela se misturava com o dele. Jimin grunhiu com os sons, voltando a beijá-la e clamar sua alma e corpo.
    — Irás fugir de mim? — pergunta rouquinho, distribuindo beijos no cangote dela. — Digas pra mim que permanecerás acorrentada ao seu senhor. Digas!
    — Nunca o deixareis, milorde — disse baixinho, mas não deixando de zombar dele.
    O membro de Park Jimin permanece se movimentando lentamente no interior dela.
    — Esperei muitas décadas para finalmente achar uma mulher fiel. Valeu cada um deles agora que a conheci.
    Ela sorri, inclinando-se para sentir o gosto do seu sangue, quer dizer, dos lábios dele mais uma vez. Queria mais, queria fazer seu pênis crescer novamente enquanto ainda estava dentro de si, mas ele era o único que raciocinava de verdade ali e sabia que a quebraria, junto a cama, se ela o despertasse.
    — Agora durmas e sonhes comigo.
    Ele a hipnotizou, fazendo o corpo dela amolecer e o deitando na cama. Tirou os fios da testa suada da nova "milady" e depositou um pouco de amor ali, se ajeitando do lado de Nana para a observar dormindo nua. Ele a encontrou. Encontrou sua fonte preciosa de alimento e também uma razão para sorrir novamente. Ela não escaparia, nem fugiria dele. O monstro achou sua vítima perfeita.

❝𝐀𝐢𝐧'𝐭 𝐚 𝐌𝐨𝐧𝐬𝐭𝐞𝐫⚤❞Onde histórias criam vida. Descubra agora