Olhos imaculados.

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Olá, cambada! Olha quem voltou! Demorei, mas estou aqui. O capítulo fora escrito na visão de Miranda, confesso que muito raramente escrevo em primeira pessoa, mas optei por esse capítulo ser desta forma. No primeiro momento, teremos um instante dela com as filhas. Eu construí uma Miranda já em processo de evolução, isso é evidente em vários momentos; creio que até um pouco diferente de algumas versões em outras histórias (recebi comentários referente a isso kkk) preferi assim, porque seria mais fácil de lidar durante a escrita da história. 

Por enquanto, isso é tudo!

Queria poupar meus olhos diariamente de coisas sinuosas e burlescas

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Queria poupar meus olhos diariamente de coisas sinuosas e burlescas. Oras, não tinha tempo para tamanhas trivialidades; almejava que meus dilemas fossem mais fáceis de lidar, porém, não usufruía isso de modo algum. Tudo parecia enevoado, como um alvorecer de inverno, ou as tardes de outono. Não importava a estação, sempre sentia a mesma coisa, no final. Lidei com meus compromissos para poder ter alguma folga, contudo, não era tão comum quanto aparentava Miranda Priestly ter uma folga — mesmo que isso significasse ter que me afastar para pôr os próprios pensamentos em ordem. Desejei diariamente que estive submersa em meu próprio marasmo, conseguir esquecer das feições do que eu mesma nomeei de "pecado virginal"; um nome para algo tão puro e lânguido em simultâneo.

Já estava no mês natalino, particularmente, era a minha parte preferida do ano. Não era religiosa, tampouco devota da data, mas era adepta a toda atmosfera que tudo aquilo gerava; até porque não era apenas algo religioso, já fazia parte da humanidade muito antes da cristianização do evento. Mesmo que eu não demonstrasse tanto, dava-me uma sensação de conforto; outro mês que conseguia isso vertiginosamente, era outubro. Tentava espantar os pensamentos de todo modo, para que não atrapalhasse minha leitura, contudo, sentia meus olhos pétreos em outros pormenores. Bufei jogando o livro em cima do sofá; retaliei a atenção de uma de minhas filhas que mantinha seu foco no celular. Caroline me olhou com uma sobrancelha erguida percebendo o ato enfadonho, por minha parte.

— Não gostou do livro, mamãe? — sua voz era baixa, mas sinuosa. Ela aprumou a compostura e ficou me encarando.

— Já li melhores — evidentemente, meu timbre denotava o asco. Levantei e fui para perto de uma das janelas. A culpa não era do livro, pois eu estava o adorando.

— Anne de Green Gables? Não sabia fazer o seu perfil de leitura — a jovial estava com o exemplar na mão, claramente percebendo que eu já lera mais da metade. — Ok, estou realmente surpresa.

— Quando sua irmã estava doente, semanas atrás, acabou em fazendo assistir à adaptação no formato de uma série; despertou meu interesse pelo livro.

— Por que não deixaram para assistir quando eu estava aqui? Você vai assistir comigo novamente, depois. Não aceito uma resposta negativa! — ela estava obstinada. Caro apressou os passos até mim.

— Estou sendo sentenciada? — olhei um pouco para cima. Elas eram incrivelmente altas, mas passavam apenas alguns centímetros de mim. — Não irá adiantar eu negar, não é? — revirei os olhos cruzando os braços.

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